22.12.04

Votos

Feliz Natal, um Bom Ano Novo e gozem bem as férias, se tiverem direito a uns dias.
Eu volto para ano.

Espero que 2005 traga melhores dias, que tenha menos oportunidade para escrever irado, que possa comentar muitos filmes e livros, e possa continuar a acolher as vossas visitas.

Desejo que os leitores do "Urso Polar", que concedem minutos preciosos das suas vidas para ler o que vou vertendo ao sabor dos dias, possam encontrar em 2005 aquilo que lhes permita viver satisfeitos, bem dispostos e, porque não, felizes.

Boas Festas.

20.12.04

Prendas de Natal

Diz-nos a tradição, porque assim fomos educados desde o berço, que na noite de Natal se dão e recebem prendas. Quando infantes deliciamo-nos com a anormal dose de brinquedos novos que nos vêm parar às mãos, após uma ceia cheia de goluseimas e seguido de mais um dia de alarvidade gastronómica. As preocupações que temos são... não são. Nada nos preocupa enquanto crianças à beira do Natal. Acreditamos neste senhor



e nada mais interessa.

A dado ponto, os nossos pais decidem que devemos passar a contribuir para o amontoado de embrulhos, e que deverão ser abertas prendas oferecidas em nosso nome. Mas, e ainda que restritas ao núcleo familiar, tais prendas são compradas por eles, pelos pais. Ou então são eles quem nos dá o precioso dinheiro para as comprar. Ainda assim, começa a preocupação. Temos que pensar naquilo que vamos oferecer. E aparecem as primeiras surpresas, quando a prenda que julgamos perfeita não obtém uma reacção de entusiasmo total da parte do ofertado.

Paralelamente aproximam-se aquelas noites de Natal em que já não nos interessa receber brinquedos, livros, música ou goluseimas. Passamos a ver o aspecto monetário da coisa e queremos é que pais, tios, avós, sei lá quem, contribuam para o fundo monetário dos dias que se seguem. Ao entrar na adolescência uma boa noite de Natal cabe num bolso. Desde que o encha de notas.

Quando damos por isso, já as noites de Natal se repetem, e já nós temos as preocupações que outrora víamos aos nossos pais. Precisamos de uma prenda para toda a gente. Se me esqueço da empregada fico mal visto, porque ela trás sempre uma inutilidade qualquer, ou uns bombons do LIDL. Se Fulano ou Sicrano decidem aparecer e não tenho uma prenda para eles é uma desgraça...

Então, o Pai Natal morreu. E a única forma de o resuscitar é aparecendo crianças na família. Filhos, sobrinhos, sei lá... putos. Quando nascem novos putos, as noites de Natal voltam a ter cor e encanto. As prendas dos adultos ficam para segundo plano enquanto tudo olha para o último brinquedo desembrulhado e o brilho nos olhos do fedelho que se lambuza numa onda de brinquedos.

Coligados, insistimos em manter o mito. Lá vem o Pai Natal. E ficamos contentes por enganarmos a criança que estimamos, assim como outrora fomos enganados.

Recordo o dia em que entrei na cozinha (sim, lá em casa as prendas apareciam em cima do fogão, porque era debaixo da caminé, por onde descia o tipo das barbas) e vi uma bicicleta, com rodinhas de lado, empinada no fogão. A minha primeira bicicleta foi um momento de estúpida alegria.
São momentos inesquecíveis e irrepetíveis. Eram, sem dúvida, os melhores Natais. E são Natais assim que queremos dar aos rebentos da família. Por isso nos preocupamos nas compras. Para que tudo corra bem e todos fiquem satisfeitos, a contemplar a excitação dos mais novos. Dos que ainda acreditam no Pai Natal.



PS: Se quiserem uma apreciação científica sobre o gordo de barbas brancas e pijama vermelho, espreitem aqui e descubram aquilo que, por acaso encontrei (eheheheh).


16.12.04

Anos '80 - 80 memórias (21)

Nostalgia dos sabores perdidos

Durante os anos 80 fu ium consumidor, por vezes alarve, de gelados OLÁ. Naquela década apareceram e desapareceram gelados. Dos que ainda existem, pouco há a dizer. Talvez o Calipo seja um ícone, se bem que as únicas razões pelas quais era, por vezes, comprado, eram ser barato e durar imenso tempo a consumir (como seria natural para um pedaço de sumo em gelo).
A OLÁ tem gelados que remontam aos anos 70 e ainda perduram. O Epá, o SuperMaxi, o Perna de Pau, os Corneto de morango e chocolate. Tudo gelados que resistiram ao tempo e já ultrapassaram os 30 anos de vida.
Porém, outros houve que se perderam no tempo. Agradavelmente, a marca tem vindo, nos últimos anos, a recuperar "edições limitadas" dessas memórias. Já o fez para dois desses gelados, dois dos meus favoritos de sempre, que com grande prazer reencontrei. Falo do Corneto de Tangerina, e do Fizz de Limão.
Mas outros houve, igualmente saudosos. Numa altura em que o topo da gama era preenchido pelos Corneto de chocolate, morango e moka, usualmente acompanhados por um quarto sabor, a OLÁ lançou um outro gelado, ainda maior, mais caro. O verdadeiro topo de gama. O Supercorneto.
O primeiro Supercorneto era, para mim, uma verdadeira delícia. O seu sabor era Ginja. Sim, Ginja. Misturava doce e ácido, e era grande. Cedo desapareceu, submerso nos convencionais sabores do chocolate e baunilha, para minha tristeza.
Havia também o Kilimanjaro e o Krisppy.
Era comum comer dois cornetos de seguida. Saía mais barato que um gelado dos bons, na geladaria e era mais alarve. Uma vez, recordo-me, comi quatro cornetos de seguida: um de cada sabor. No final da década ia com amigos correr para o Estádio Nacional no circuito de manutenção e, quando voltava para o comboio, comia um Corneto e um Magnum, iguaria que naquele ano tinha aparecido.
Era um bruto, admito-o. Até porque os gelados nem eram assim tão bons. Eram aqueles que tínhamos disponíveis a toda a hora, e em todo o lado.
Com os meus amigos, por vezes, para compensar o "investimento", cada um comprava no supermercado uma Vienetta ou outro desse tamanho, e levávamos para casa onde, frente à televisão, vendo um filme, as devorávamos num instante.
Porém, este post destina-se à nostalgia dos sabores perdidos. Que a OLÁ continue a recordá-los nas suas "edições limitadas".

13.12.04

Instável

Em Portugal a terra treme. Não dei por nada. Gente que conheço e com quem já falei ao telefone relata-me uma diversidade de sensações.

Em Portugal a terra treme. Os apocalípticos temem o fim do Mundo, os azedos ameaçam com réplicas piores. Os optimistas dizem que o pior já passou. Os outros perguntam o que aconteceu hoje na "Quinta das Celebridades"

Em Portugal a terra treme. Solidário com a instabilidade, política, económica, mental, o chão deu um ar da sua graça. Se calhar limitou-se a suspirar de alívio quando Santana Lopes assumiu a demissão do Governo.

Em Portugal a terra treme. Em vez de 5,4 na escala de Richter, foram 4-1 na escala de Belém. Os benfiquistas aproveitam o tremor de terra para esquecer o tremor de pernas.

Espero nunca ver a terra tremer de forma a que ruínas nasçam a meu lado. Como todos os anos, algures no planeta Terra, acontece quando a terra treme.

Incrível



"The Incredibles"
Fui ver esta pérola do cinema. É, mais uma vez, uma demonstração da qualidade da animação que se consegue com computadores. Os personagens, as situações, os cenários são um hino à animação, à banda desenhada, à aventura e ao humor.
Se a PIXAR já nos habituou a padrões de qualidade superiores, este é mais um filme para confirmar tal reputação.
A começar pela ideia base na qual assenta todo o filme. Certamente já todos lemos histórias com super-heróis, e seus super-poderes. E, quando os usam para combater os "maus", acabam sempre por destruir o cenário. Então, quem suporta os custos de tais combates? Os prédios arruinados, as pontes caídas os bairros que explodem?
Este filme assenta na "reforma" dos super-heróis, condenados a integrar-se na sociedade, renunciando as seus poderes e a intervir, por a população já não aguentar a intervenção dos super-heróis. Assim, frustrados, os personagens principais vivem no presente, até que algo os leva a voltar ao activo. A diferença está em que, entretanto casaram e têm filhos, também eles com alguns dotes, perderam prática, e perderam a forma.
Filme para toda a família, tem referências que, dependendo da idade, serão mais, ou menos, compreendidas, mas que nos deixam um sorriso nos lábios. Recomenda-se, naturalmente, a versão original. Por muito boa que seja, até hoje nenhuma dobragem me convenceu.
E, já agora, apesar do Natal que se aproxima, mantenham-se em forma.


A razão da emoção

Numa altura em que o PR decidiu dar-nos, finalmente, a palavra sobre o governo deste país, em eleições antecipadas, e o Governo, compungido, apareceu perante as câmeras para se mostrar como vítima, demitindo-se, não resisto a algumas considerações futurológicas sobre os próximos meses.
Não há muito lugar par dúvidas, neste país que é Portugal. Aqui, só dois partidos poderão ganhar as eleições: o PS ou o PSD, inclinando-se actualmente a balança para o primeiro. Partidos como o PP, o PCP e o BE não têm essa veleidade. E se à direita, é fácil ver o PP num Governo, como foi o caso dos dois últimos anos, à esquerda não acredito que o PS alguma vez poderá coligar-se com o PCP ou o BE. E porquê? Porque o discurso destes dois partidos com representação parlamentar depende da sua radicalização, a qual não é compatível com uma posição de governo. E exigir mundos e fundos pela sua pequena percentagem é cedência que PS, ganhando as eleições, não poderá fazer.
Temos, então, alguns meses até às eleições. Meses esses que serão desperdiçados.
A decisão da vitória entre PS e PSD não passará pelo voto esclarecido, mas sim pelo voto emocional. Cada Partido tem os seus votantes incondicionais. Depois, entre estes dois, haverá gente que acreditará mais no projecto de um ou de outro. Finalmente, o grosso dos votos dependerá da emoção.
Por isso, duvido que as semanas de pré-campanha e campanha que se seguem venham esclarecer os votantes. Isso não interessa. O que importa é emocionar os eleitores e levá-los a ir lá depositar a cruzinha onde interessa.
O PSD vai apelar à emoção da vítima, do coitadinho, diabolizando o PR e colando-o ao PS, para invocar o risco de conluio socialista institucional. O PS vai apelar ao sentimento de volatilidade e insegurança que Santana Lopes trouxe ao país, personalizando a contenda . O PP ou vai colar-se à vitimização (se aparecer coligado), ou vai desmarcar-se do PSD, acentuando a imagem que foi prejudicado pela ineficácia do outro partido do Governo. O PCP vai divulgar a cassete, o disco já riscado e que frutos certamente não dará. O BE vai gritar bem alto as suas bandeiras mais controversas, atacando tudo e todos.
O povo português não ficará esclarecido. Irá votar emocionalmente. Assim como vota num daqueles programas de televisão. Assim como escolhe a roupa que veste ou a revista que compra. E, enquanto assim for, de nada interessa governar com qualidade, pois esta não granjeia votos. E mais vale uma inverdade, uma meia-verdade ou mesmo mentira com impacto, que seja difundida na TV, na rádio e nos jornais, que uma grande verdade, uma decisão estudada, ponderada e acertada.
E, tal e qual como numa eleição para qualquer associação de estudantes, ou associação académica, o que importa é a "bujarda" e o caciquismo.
Bota aí a cruz e até às próximas eleições.

7.12.04

"Chiu!... Olh'ó corrupto"

Há alguns meses, a comunicação social transmitiu, com um ar algo chocado, que o então Bastonário da Ordem dos Advogados, confrontado com os crimes relacionados com a pedofilia, os colocava num patamar de preocupação inferior àquele que considerava o mais grave dos crimes: a corrupção.
José Miguel Júdice apontava que, não obstante serem graves os crimes de abuso sexual de menores, o lenocínio, ou, obviamente, o homicídio, o verdadeiro risco para a sociedade portuguesa e o próprio Estado de Direito é a corrupção.


Um amigo meu, em conversa sobre o tema, apontou algo que me parece extremamente correcto. Nem são os "mega-casos", de grande corrupção que se vêem em Portugal. Ao contrário da Alemanha, não temos, ou pelo menos não estão desmascarados, casos de corrupção a um "alto nível", casos chocantes pelos valores e indivíduos envolvidos. Temos algo muito pior. Temos a corrupção generalizada, por vezes mesquinha, a todos os níveis da organização social, e aceite pelo cidadão que prefere entrar no jogo a combatê-la.

Vem isto a propósito do caso "apito dourado", como foi baptizado, ou seja, o único caso conhecido que anda a mexer na pia do fenómeno desportivo. Durante anos ouvimos vozes indignadas apontar que o futebol estava corrompido, que havia árbitros e dirigentes envolvidos em relações "perigosas", de favorecimento de certos clubes e prejuízo de outros. Porém, como o circo continuava, havia jogos para discutir e casos para comentar, tal não pareceu afectar o cidadão comum.
Mas devia.
Em primeiro lugar, porque está em causa um fenómeno desportivo, e o desporto deveria contribuir para incutir valores de correcção, e premiar os mais aptos, os que mais trabalharam, os que mais conseguiram.
Depois, está em causa um fenómeno que envolve milhões de euros. Veja-se, por exemplo, quanto dinheiro ganhou o FC Porto o ano passado, entre prémios de jogos, receitas de bilheteira e comércio de artefactos relacionados com o clube e os seus feitos. Calcule-se o que perderam os clubes que desceram para a II Liga.
Pior do que isso, é saber que grande parte das verbas movimentadas pelos clubes de futebol são verbas públicas, incentivos, compensações, ajudas. Veja-se o investimento nos dez "estádios do Euro 2004" e o retorno para a Nação que agora está a ser retirado. Quem ganha com aqueles estádios? Os clubes. Tirando o do Algarve, que estará às moscas. Os municípios? Caramba, não se fale em Câmaras Municipais que aí parece que tudo vale.

Por tudo isto, sinto a mesma perplexidade que Pacheco Pereira ao ver milhares de adeptos de um clube a apoiar o seu Presidente, quando este se encontra envolvido numa investigação relativa à corrupção no futebol. Não que queira pôr em causa a presunção de inocência que assiste a qualquer arguido até condenação em juízo transitada em julgado. Mas creio que há limites.
Eu compreenderia com naturalidade que amigos e familiares viessem dar o seu apoio, porque têm uma relação pessoal com o arguido e certamente acreditarão na sua inocência. Agora, milhares de adeptos? Sinto a perigosidade da fé cega na inocência de alguém que se conhece apenas pela sua vida pública.
Foi algo que já senti em casos como o de Vale e Azevedo, e de Paulo Pedroso. Agora Pinto da Costa. Milhares de pessoas em desagravo...

Outra conclusão que se pode retirar de tal apoio, é a da tal aceitação do fenómeno corruptivo na sociedade portuguesa. As pessoas estão habituadas ao "jeitinho" que o amigo da amiga fez para resolver as coisas mais depressa, para passar à frente, para ver aprovado o que não é aprovável, para ganhar aquele concurso, aquela vaga. A "cunha", as "luvas", a "gratificação".
O honesto, que não entra no jogo, continua a ser lixado, ultrapassado, preterido.
É, efectivamente, este o perigo para a sociedade, para o Estado. A convicção de que a via alternativa, por baixo da mesa, com o desrespeito das regras instituídas é a forma "normal" e adequada de obter aquilo que se pretende. Espezinhando o próximo.

Era eu jovem dava na TV um programa com o Jô Soares em que ele tinha um personagem com uma gaiola na mão onde transortava um "corrupto". E o animal agitava-se sempre que se falava de alguma coisa que envolvesse dinheiro e corrupção. Creio que, se o bicho estivesse em Portugal, não pararia quieto (a frase do título deste post era dita enquanto o Jô tentava acalmar o bicho).

Espero que se combata este fenómeno. E a única forma de cada um fazer alguma coisa por isso, é a de recusar entrar no "jogo" e denunciar aqueles que o jogam.

6.12.04

Anos '80 - 80 Memórias

Fórmula 1 interessante

Foi com pouco mais de dez anos que comecei a interessar-me por um desporto que, à primeira vista, não passa de um carrossel em formato gigante. Falo da Fórmula 1 e dos seus Grandes Prémios. Quem hoje espreitar uma transmissão de um GP certamente acreditará nisso, tal é o bocejo em que se transformaram as corridas, tal o domínio de um piloto e de uma marca sobre os demais.
Nos anos '80 não era assim. A equipa que tivesse a melhor máquina, o melhor conjunto chassis/motor, capaz de dominar as demais, tinha, em regra, dois pilotos de elevado nível a digladiarem-se pelo título. Foi assim com Niki Lauda e Alan Prost; foi assim com Prost e Ayrton Sena; com estes e com Nigel Mansel, Nelson Piquet, Keke Rosberg, Michele Alboreto, Gerhard Berger.
Houve campeonatos com quatro candidatos ao título a três corridas do fim (1985); campeonatos decididos por 0,5 ponto (1984); campeões que apenas ganharam uma corrida na época (1982, salvo erro). As corridas tinham inúmeras ultrapassagens.
Os pilotos tinham máquinas que rodavam em regra com 800 ou 900 cavalos, mas que, com um botão que aumentava a pressão do turbo, chegavam aos 1000 ou 1100 cavalos, acelerando bruscamente para a ultrapassagem. Depois, por vezes, a gasolina não chegava ao fim, porque abusavam do expediente. Eram tempos em que se viam carros aos "esses" a tentar fazer com que os últimos restícios de gasolina chegassem ao motor para alcançar a meta, ali perto. Tempos em que pilotos, como Elio Di Angelis desmaiavam a caminho da meta, a empurrar o seu Lotus. Sim, os fantásticos Lotus com as cores negra e dourada da John Player's Special.
Tempos eram em que, de uma época para a outra, apareciam novidades nos carros que os outros à pressa tentavam copiar. Desde a caixa de velocidades semi-automática, aos controlos electrónicos, ou às asas aerodinâmicas originais, o nariz levantado, o nariz de tubarão... mil e uma novidades que, na pista, provocavam luta, competição.
As corridas do Japão e Austrália eram emitidas em directo, às quatro e às cinco da manhã, e tinham audiência. Voltou a haver um GP em Portugal.

Hoje a Fórmula 1 caminha num marasmo doentio. Eu, que sou adepto incondicional da Ferrari, fico aborrecido com o domínio da marca e do Schumacher. Não consigo ver uma corrida do princípio ao fim sem estar a fazer outra coisa, como ler o jornal ou passear em constante zapping. Eu, que adorava os GP, e não perdia um. Era capaz de ir tarde ou vir cedo da praia, só para ver mais uma corrida. Para torcer pelo meu piloto, pela minha marca.
Nos anos 80 a Fórmula 1 era um verdadeiro espectáculo.
Hoje, é uma memória.

2.12.04

Há momentos felizes

Na terça-feira a FNAC fazia o dia do cliente, com descontos especiais para quem tem o cartão deles, e ainda concertos, pelo que decidi ir lá no fim do dia. Escolhi a loja de Cascais onde entrei ainda não eram 19h00m.
Na loja o tempo voa. Não perguntem porquê, mas é verdade. Livro para aqui, disco para ali, DVD para cá, mais uma BD para lá... e entretanto eram nove horas da noite e ia começar o concerto com Sérgio Godinho.
Sentei-me e apreciei aquele senhor da música, com roupagens novas em músicas antigas, e uma qualidade proporcional à antiguidade da carreira do trovador. A dada altura, entre músicas, diz Sérgio Godinho, mais ou menos isto: "... e ficamos em casa, a ver televisão, a ouvir as notícias... pelo menos hoje as notícias foram boas".
Grande parte do público exultou, aplaudiu e mostrou uma satisfação que, de imediato, me fez pensar: "Será que o Governo caíu?"
O resto do concerto foi desconcertante. Entre a dúvida e a esperança aguardei pacientemente. Ouvi o fim da exibição. Paguei as minhas compras e acelerei para o automóvel, onde liguei o rádio. TSF. Primeiras palavras que ouvi "... pelo que as eleições deverão ser em Fevereiro".

Gáudio. Satisfação. Mais vale tarde que nunca.
E foi um prazer sabê-lo por Sérgio Godinho.
Mas uma pergunta martela o meu espírito. Sr. Presidente da República, quanto custaram ao país estes últimos quatro meses?

Demorou a perceber, hem?

***

Quanto ao orçamento, que é a discussão do dia, que raio de posição é a do PSD/PP? Só votam o orçamento se Sampaio previamente disser que o promulga?
Meus amigos, se acreditam que o orçamento que têm é a melhor solução para Portugal, votem-no, aprovem-no, e esperem pela posição do PR. Se este vetar o orçamento, sempre dirão que fizeram a vossa parte. Agora, amuar é posição de puto, não de político.

***
Provavelmente o PS ganhará as eleições. Não é uma ideia reconfortante, pois tenho a opinião que Sócrates é um pouco o Santana Lopes do PS. Espero que junte uma equipa decente e competente, senão ficamos a modos que na mesma.
As máquinas partidárias estão satisfeitas. Começa a corrida ao tacho, ao lugar público, à gestão de fundos de campanha.


Eu estou satisfeito.
O Ministro da Justiça já não porá em prática algumas das suas (tristes)ideias. As SCUTS ficarão em banho-maria (atenção, não me oponho às portagens, desde que haja alternativas credíveis), a lei do arrendamento fica à espera de uma alteração eficaz, o código da Estrada fica mais uma vez à espera de ser publicado, esperemos que com ideias mais profícuas que o agravamento das coimas.
Portugal está parado desde que Barroso disse que ia para a Comissão Europeia. Para quem está atrasado, o que são estes seis meses, mais os quatro que se seguem?