9.10.06

Alvo em movimento



É com alguma perturbação que oiço as notícias de gente alvejada pela GNR. Não por terem sido alvejados. Não. Mas pela vitimização dessas pessoas que, ao que tudo indica, desrespeitaram a autoridade policial não parando os carros que conduziam quando tal lhes foi ordenado e, uma vez começada a perseguição policial a prolongaram, assumindo comportamentos de risco para os agentes perseguidores e para todos os utentes da via pública.
A polícia tem armas!
Toda a gente sabe que a polícia tem armas!
E porquê?
Porque a polícia tem autoridade. Tem autoridade, por exemplo, para mandar parar. E se nada devemos, nada tememos. Logo, paramos.
O que se vê em comum nestes casos é o desrespeito pela autoridade policial e a vitimização por ter a polícia usado dos seus meios para exercer a sua autoridade e impedir o perigo para a sociedade.
Gente distraída não corre o risco de ser alvejada. Porque se não se aperceber da ordem de paragem também não enceta uma fuga. E mais adiante acaba por parar. Quem foge, habilita-se a ter uma reacção porporcional por parte da entidade policial que, SIM, TEM ARMAS e pode vir a dispará-las. Obviamente que alvos em movimento são mais difíceis de atingir e a lei das probabilidades vai no sentido de que os projécteis que atingem pessoas escolhem os locais mais sensíveis para se alojarem.
É, por isso, totalmente tonta a ideia que se pretende passar de que os agentes policiais são assassinos descontrolados ou incapazes com armas na mão.

Senhor Inspector-Geral da Administração Interna... não fique admirado se, apesar de todos os seus esforços, o número de incidentes com armas de fogo aumentar na actividade policial. Quem está de olhos abertos percebe que a quebra da autoridade se traduz num maior número de actos de desrespeito e agressão que vão exigir reacções que poderão envolver tiros. É a lei da proporcionalidade. E se a autoridade vem minada desde o berço, pois os pais não podem ou não querem exercê-la sobre os filhos, os professores são agredidos nas salas de aula, e os polícias desrespeitados na rua, os juízes na praça pública, o cidadão comum em toda a parte (seja o transporte público, o cinema, a loja, o restaurante ou a fila do supermercado) algo vai mal na nossa sociedade.

Não sou particularmente securitário, defensor de um Estado policial. Mas não tenho tolerância para esta vitimização do bandido, do violador da lei e da culpabilização de quem tem que agir no terreno em defesa de todos nós.

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