A Companhia Nacional de Bailado tem no Teatro Camões o "Programa Stravinsky", com A sagração da Primavera e O Pássaro de Fogo.
Se este último foi vibrante e empolgante, com espectaculares interpretações nomeadamente da vedeta Carlos Acosta, bailarino cubano que no dia em que vi o bailado era o pássaro do título, já a Sagração deixou a desejar. Não que fosse mal dançada. Mas a coreografia e figurinos, rigorosos e clássicos, não permitem esquecer, a toda a hora, as duas coreografias que no passado vi interpretadas pelo saudos Ballet Gulbenkian.
Esse é um vazio que não tem forma de ser preenchido. E ainda estou a espera das anunciadas iniciativas da Fundação para promover o bailado sem ser com uma companhia residente.
Ontem fui ver o "Children of men", Os filhos do Homem, última realização de Alfonso Cuarón, que tem como cabeças de cartaz Julianne Moore, Clive Owen e Michael Caine.
O filme passa-se no Reino-Unido, em 2027, dezoito anos depois de ter nascido o último bébé humano. Por razões desconhecidas a infertilidade apareceu de um momento para o outro e a humanidade vê-se num beco sem saída, envelhecida e sujeita distúrbios e ruptura institucional. À boa maneira da ficção científica catastrófica, o Reino Unido consegue manter-se através de um Estado autoritário, repressivo, militarista e controlador, que recorre à expulsão dos estrangeiros, dos emigrantes ilegais, tratados como verdadeiros párias, à imagem dos terríveis exemplos dos campos de concentração ao longo dos tempos.
Pelo meio surge um raio de luz, de esperança, que envolverá os protagonistas na tentativa de levar para sítio seguro uma mulher, emigrante, que está grávida.
O filme não dá explicações, apenas expõe situações. E toda a acção que se desenrola de peripécia em peripécia, sem contudo cativar. Os personagens progridem de cenário em cenário, de contratempo em contratempo, quase como um jogo de computador de plataformas. Revêem-se lugares-comuns do estilo, e com indiferença escapamos à emoção que deveria ocorrer quando o bebé nasce.
É daqueles filmes que aguarda bem pela oportunidade de ser visto em casa, poupando-se o dinheiro do bilhete. Ou então, como passatempo, sempre é um filme que não chateia.
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