31.5.04

PEDINTES - e a desresponsabilização do Estado

Ontem, Domingo, fiquei por casa e fui incomodado no meu repouso por gente que tocou à minha campaínha para pedir. Desde a esmola, pura e simples, ao "peditório", ou à "contribuiçãzinha".

Não bastava aqueles que entram nos restaurantes e se abeiram dos comensais, os que nos transportes públicos passam, os que na rua olham os passantes, agora há que aturar os que violam o meu descanso dominical?

Posso parecer insensível. Mas não creio que seja. Reconheço as dificuldades de algumas das pessoas que pedem. Algumas, porque muitas são fraudes, indigentes ou "chico-espertos". MAs o que penso é o seguinte.

Todos os meses, uma substancial fatia do meu ordenado, do produto do meu trabalho, é retida pelo Estado Português. Durante alguns anos, o Estado PortuguÊs teve preocupações socias, de combate à pobreza, à fome, de defesa da educação, da saúde e da habitação.
Hoje, parece que tais objectivos estão prejudicados, relegados para segundo e terceiro plano.

Então, porque raio continuam a cobrar-me mensalmente a mesma fatia do ordenado? No dia em que o Estado Português assumir que não se interessa pelas necessidades sociais dos seus, tipo os EUA hoje em dia,mas deixar de me cobrar a fatia correspondente de impostos, eu assumo a necessidade de intervir.

Até lá, sou suficientemente "duro" para dizer que deleguei no Estado Português, e seu Governo, quando votei para o não eleger, a responsabilidade de auxiliar quem precisa.
Agora, se o Governo prefere construir estádios de futebol, pagar ordenados milionários a amigos que nomeiam ao arrepio da legislação, e esbanjar dinheiro em pseudo-reformas de inutilidade comprovada... peçam-lhe responsabilidades e votem melhor.
Se conseguirem.

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