Lembro-me com clareza que há vinte/vinte e cinco anos atrás as aulas começavam, invariavelmente, em Outubro, ficando por vezes à espera que colocassem os últimos professores. E no final de Junho fazia-se o balanço final. Tínhamos três gloriosos meses de férias. As verdadeiras férias grandes.
Era possível fazê-lo, porque em todas as famílias estava a mãe em casa, ou a avó, ou o avô, ou a vizinha olhava por nós... ou acreditavam que, apesar de termos dez anos podíamos ficar na rua a brincar com os amigos. Porque podíamos. Não havia perigo, e tínhamos muita coisa para fazer na rua.
Naquela altura o computador era algo que só havia no Star Treak ou no Espaço 1999 (onde dava talões como os das compras). A televisão só começava às 5 ou 6 da tarde, e desenhos animados apenas ocupavam uma hora da grelha. Em casa só dava mesmo para ler. E, apesar de muito lermos na altura, queríamos era estar na rua. Correr o pinhal que havia perto de minha casa (hoje está maioritariamente convertido em urbanização, sem árvores decentes), jogar à bola na rua, no meio da estrada por onde raramente aparecia um automóvel, fazer corridas de carrinhos, ou andar de bicicleta, alimentar rivalidades ou amizades. Muito havia para fazer.
Este saudosismo surge por causa de uma estranha associação de ideias.
Na altura, tínhamos estações do ano.
No dia 22 de Setembro já não tínhamos 35º ao sol!!! Nem pensar nisso.
A partir de meados de Setembro começavam as chuvas acompanhadas das trovoadas de fim de dia. Era certinho. O sol esforçava-se para secar aquilo que, ao cair da tarde ficava ensopado. Chovia, a temperatura descia, e as árvores começavam a despir-se.
Claro está que chuva em Agosto era uma miragem e esse mês escaldava, sempre acima dos 3oº.
Que se passa com o tempo? Que treta é esta de estar a trabalhar e só me apetecer ir para a praia? Este ano os dias que tinha escolhido para fazer praia foram cobertos de chuva e temperaturas de 18º a 24º.
Definitivamente aproximam-se tempos difíceis. E se até há bem pouco tempo pensei que eles surgiriam apenas após o meu horizonte de vida, agora começo a ficar menos certo. A fúria dos tufões e furacões, a temperatura a subir, a instabilidade climática já não são um acaso. Repetem-se preocupantemente.
E, meus amigos, duvido que tenhamos engenho e arte para criar um sistema de controlo metereológico como vários escritores de ficção científica engendraram.
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