29.9.04

Óptica e Química

Desde pequeno que tenho um fascínio pela fotografia. Não sei a razão, se razão existe. Prefiro pensar na fotografia como uma paixão, uma emoção.
Filmes ou séries de televisão em que os personagens fotografassem tinham outro interesse. Se havia trabalho de laboratório, então o encanto era maior. Veja-se, por exemplo, o Blow Up, que há pouco tempo esteve em reposição, em cópia nova, pela Medeia Filmes.
Daí recordar que sempre quis "fazer" fotografias, revelar os rolos de filme, imprimir fotos e ampliá-las.

Os anos passam. Hoje já posso investir parte dos meus ganhos nesta arte. Por isso, numa altura em que os arautos da modernidade lançam prognósticos de morte e extinção da fotografia clássica, nomeadamente a preto e branco, uma vez que somos invadidos pelo formato digital, cada vez melhor, mais barato, mais versátil, decidi fazer um curso de fotografia.
É isso que actualmente faço, no Instituto Português de Fotografia onde frequento o curso básico que ali é ministrado.
Aulas de técnica fotográfica, de composição e de laboratório preenchem o currículo. As mais emocionantes, porque mais práticas, porque assentam na prática de um processo produtivo, são as de laboratório. Se na primeira, em que fiz fotogramas, fiquei muito entusiasmado, ontem, que revelei o meu primeiro rolo, tive uma gratificante sensação de missão cumprida.
Habituados que estamos a entregar um rolo num laboratório e a receber em troco fotografias e o filme processado, perdemos uma série de momentos fantásticos. Ontem, quando ao fim de três horas, cortei a película e a guardei numa folha de negativos, vendo sobre a luz as imagens que recentemente colhera fiquei inchado. Orgulhoso por ter conseguido aprender a fazer aquele milagre. Satisfeito por ver o produto quase final do disparo no obturador.

Estou ansioso por voltar a mexer nos químicos. Por revelar mais rolos. E pôr imagens em papel.

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