Bicicletas chopper e BMX
Nos anos oitententa não havia bicicletas de montanha. Uma máquina com 18 ou 21 mudanças era algo de fantástico e inacessível.
Havia bicletas tipo "pasteleira", como a que tive durante anos; havia as clássicas de corrida; havia as chopper, aquelas cuja roda de trás era maior que a da frente, tinham um guiador alto, comprido, e um banco também ele comprido; e apareceram as BMX.
O conceito das BMX era estranho. Eram máquinas para fazer "cross", mas nem mudanças tinham. Na terra, era só pedalar e ainda disfarçava. Mas o desgraçado que tivesse uma fartava-se de dar ao pedal para acompanhar os outros na estrada.
Nunca tive uma BMX, felizmente, mas houve uma altura que era a minha bicicleta de sonho. Até que um amigo me emprestou uma e eu vi que aquilo exigia que se pedalasse muito para andar pouco. Passei a valorizar mais a minha pasteleira, com roda 26 e três mudanças de cubo, pesada, mas que embalava muito e disfarçava a minha falta de ritmo para acompanhar os mais "pedaleiros".
Aliás, todas as bicicletas "boas" tinham estas três mudanças de cubo e fartavam-se de andar. Melhores, só as de corrida, que se vendiam com duas pedaleiras, ou seja, 10 (!) mudanças.
Andava eu no 9º ano, pelos anos de 1985, quando na escola aconteceu a 1ª corrida de BMX. Nessa altura, numa praceta próxima, tinha aparecido um "half pipe" para umas aventuras de skate (aqueles pequenos, com prancha plástica) e um colega que viera da Bélgica começou a utilizá-lo com a sua BMX.
Foi a loucura, perceber que uma bicileta não tinha que andar com as rodas no chão. Foi o princípio das modalidades que hoje vemos por todo o lado. Foi o fim das chopper, o declínio das pasteleiras. Quando apareceram as bicicletas de montanha, com 18 e 21 mudanças, rapidamente dominaram o mercado. Só as de corrida se mantiveram intocáveis, e cada vez melhores.
As BMX assumiram o nicho de mercado das acrobacias. Sem mudanças, era difícil outra utilização.
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