30.1.07
Começou hoje
Woody, colheita 2006
29.1.07
Adeus
24.1.07
Assalto e intromissão
Sem temer o risco que por vezes parece assustar as distribuidoras portuguesas, este filme recebeu uma tradução do título quase literal, espelhando o que nele se passa.
Quando um arquitecto (e seu sócio) monta o seu atelier em Kings Cross, no coração degradado de Londres, vê as instalações assaltadas e levada a sua colecção de Mac's acabadinhos de comprar (quanto terá a Apple pago pela publicidade?).
Enquanto luta para fazer vingar o seu projecto, luta igualmente em casa com uma mulher que está cada vez mais distante consumida pelos problemas psiquiátricos da sua filha. Ao descobrir um dos assaltantes, depara-se com um miúdo problemático, cuja mãe o encanta deixando-se arrastar para um triângulo do coração. Também este é, assim, assaltado e nele se intromete uma pessoa a mais.
Jude Law navega por todo o processo numa excelente intrepretação, acompanhada ao mesmo nível por Robin Wright-Penn e Julliete Binoche transformando o filme numa boa montra de representação. A história é coerente, com momentos de tensão, paixão e humor, mas não é extraordinária nem surpreendente. A realização de Anthony Minghella é sóbria e eficiente.
Por tudo isto achei o filme de nível médio alto, ou seja, uma daquelas notas 3 que, se tivesse por trás uma história mais brilhante, facilmente atingiria valores mais altos na escala.
Sendo certo que será um filme perfeito para um serão de televisão, merece a oportunidade de ser visto no cinema.
22.1.07
Doem-me os ouvidos
17.1.07
Será que descarrilou?
Um comboio composto por quatro locomotivas e 80 carruagens, algumas das quais de transporte de gás propano líquido, descarrilou e provocou uma explosão, seguida de incêndio, hoje, no Kentucky (Estados Unidos), obrigando à evacuação da área envolvente
15.1.07
Bandeiras
Ficamo-nos, pois, por um filme mediano, com alguns picos de beleza cinematográfica, e outros vales de angustiante aborrecimento no escuro da sala. Nota três.
10.1.07
Desperdícios
Para que é que a RTP comprou os direitos de transmissão do DAKAR?
Queixava-me eu da SIC que dava breves minutos depois do Jornal da Noite para relegar para a madrugada o programa da etapa do dia, e não é que a RTP faz exactamente a mesma coisa? Pensam que eu vou ficar até à uma da manhã para ver as belas imagens do DAKAR? Não consigo perceber a estratégia de mercado, tanto mais que não deverão ser baratos os direitos de transmissão de uma prova destas.
Valha-nos o Eurosport, que no pacote básico da TV Cabo, às nove da noite, emite um programa de 40 minutos que tudo mostra e conta.
Ora levem lá com mais dois filmes
Mel Gibson premiou-nos com este "Apocalypto" (rai'sparta o nome que me faz lembrar o Calipo), que é, sem dúvida, um grande filme.
Sem actores conhecidos, e falado numa língua morta, o filme é simplesmente uma delícia. Pela qualidade da realização, da montagem e da fotografia enche-nos de imagens belas e emocionantes. Pela direcção de actores e coerência do argumento prende-nos na história até ao fim, torcendo pelo sucesso do personagem principal. É, sem dúvida, violento. Mas isso também o é qualquer filme de acção americano, de mafiosos ou bandidos. Não sei qual é a diferença deste sangue, destas feridas desta maldade. Só porque vai contra a imagem idílica que hoje em dia se alimenta da civilização Maia, seguramente.
Este filme encheu-me as medidas. Leva a nota máxima. Mas cuidado... não se recomenda a crianças ou pessoas impressionáveis.
8.1.07
Esquecido
Então não é que me esqueci de falar do "Déja Vu", o último filme de Tony Scott. Com Denzel Washington a fazer, mais uma vez, de polícia (será que ele ainda consegue fazer outro tipo de papel?) mas desta feita num enredo de ficção científica.
Um barco explode por força de um acto terrorista. Na investigação do evento surge um equipamento especial que permite ver em tempo real o que se passou quatro dias antes. Bom, não vamos questionar como se conseguem tais imagens e som, com planos múltiplos e alta definição, nem sequer questionar todos os paradoxos que se podem encontrar no filme quando entramos no reino da interacção com o passado, porque admito que aqui o argumento não é brilhante. Escrever ficção científica é uma arte que levo muito a sério, e por isso sou muito crítico e exigente. Apenas posso concluir que a história poderia ter sido muito mais trabalhada, com arestas muito mais limadas.
Tirando isso, o filme é puro entretenimento, acção, emoção e impacto visual. cumpre plenamente com aquilo que se espera depois de ver a promoção na linha do espectáculo a que o cinema norte-americano nos habituou. Sempre sem sair da mediania, nem para melhor nem para pior. Um marcado três.
4.1.07
Cinema para o ano novo
Começando pelo que primeiro vi, “A Rainha” do consagrado e seguro Stephen Frears, estamos perante uma película que ficciona e “recria” os dias vividos pela realeza britânica e pelo recém eleito Primeiro-Ministro Tony Blair aquando da inesperada morte de Lady Di, no célebre acidente em Paris.
Filmado com rigor e interpretado com segurança o filme cumpre a sua função. Helen Mirren está fantástica na sua personificação da Rainha de Inglaterra, Isabel II, fazendo-nos confundir as imagens verdadeiras que guardamos na mente com a sua própria imagem. Tendo visto a actriz quando foi ao Tonight Show do Jay Leno, mais espantado fico com o trabalho de criação da personagem. São por isso legítimas as aspirações a uma nomeação aos Óscares.
Voltando ao filme, não deixo de revelar a reserva que me ficou após o seu visionamento. Creio que é a própria história que relata que é o seu ponto fraco. Assente em gente real, tenta revelar quão crucial foi o episódio para cimentar as boas relações entre a Coroa e o PM, e como, mesmo morta, Diana continuou a assombrar a monarquia britânica. Pois é. Isto não é grande história, e o filme ressente-se disso.
Na escala de zero a cinco a que nos habituaram todos os críticos ou comentadores cinematográficos, ficaria ali pelo dois, a saltar para o três.
Depois fui ver “O terceiro passo”, de Christopher Nolan, que em tempos assinou o surpreendente “Memento”, onde arrasou o conceito de lineariedade temporal em cinema.
Neste filme conta-se a história de dois ilusionistas (Christian Bale e Hugh Jackman) que desde cedo, e devido a um infurtúnio em palco, alimentam uma rivalidade sem tréguas que os faz ultrapassar os limites da vida e da razão. Com as seguras presenças de Michael Caine, Scarlett Johanson, Andy Serkis e um especial David Bowie, os dois principais actores dão corpo a indíviduos obcecados que nos prendem à trama. Apesar de alguma dificuldade em acompanhar algumas das curvas do enredo, o mesmo é complexo e cativante. Está bem filmado, como espectáculo que contém em si o espectáculo da magia. Ainda assim, não é um filme por aí além, navegando nas águas da mediania do cinema anglófono. Merece o três seguro, a puxar para o quatro.
“Babel”, o último filme de Alejandro Iñarritu, é o exemplo acabado que não é qualquer pessoa que consegue escrever ou filmar uma obra que assente em várias histórias, em vários lugares, em vários tempos, mas com relações entre si, influenciando-se entre si. Já tivemos exemplos muito bons deste estilo, como Traffic, Crash ou Magnólia, para citar os que de cor me recordei. “Babel” não se junta a esta classe. As interpretações são muito boas, os actores actuam a um muito bom nível, e os ambientes escolhidos facilitam a realização, pois quer Marrocos quer o Japão são visualmente estimulantes, ao mesmo tempo constrangedores, asfixiantes. Não basta, por isso, filmar com serenidade, alimentando um ritmo lento, brando, para nos inserir na reflexão que claramente se pretende.
Mais uma vez, a história não chega. As relações que nos levam ao angustiante episódio japonês são forçadas, e a acção marroquina e mexicana está tão eivada de esteriótipos que até irrita. De todos os filmes que vi nesta quadra festiva, foi mesmo o que mais me desiludiu. Merece o dois mesmo, mesmo, mesmo no limite. Não fosse a qualidade das interpretações e lá resvalaria para o um.
Em português está em exibição “20,13” o purgatório de Joaquim Leitão, que retoma a guerra colonial depois do inenarrável “Inferno”, que até fizera por esquecer, de tão forçado e despropositado que o achei.
“20,13” é incomparavelmente melhor. A qualidade técnica sobressai e é credível a interpretação dos bons actores perdidos na fronteira de Moçambique, num aquartelamento sob fogo inimigo da Frelimo. A acção decorre num único dia, e à superfície emergem fantasmas que assombram alguns dos personagens forçando a um clima de insegurança e suspeita, constantemente abalado pelos obuses e metralha que durante a noite caem com cada vez mais força.
O ritmo pausado é entrecortado por muito fogo agitado. O calor sente-se. A opressão também. Ainda assim, acho que também aqui faltou um pouco mais de história. A dada altura percebe-se todo o enredo, e ainda falta meia-hora de filme, previsível e sem estaleca para nos animar. O que é pena, pois que todos os meios usados e assim geridos mostraram que em Portugal também se pode fazer um bom filme de guerra e que nós, tendo tido uma experiência de guerra colonial, poderíamos alimentar uma filmografia de grande qualidade. Porque o campo de tiro de Alcochete, onde foi filmado o “20,13”, parece mesmo Moçambique. Leva três, pelo esforço e qualidade revelados, tendo as pernas cortadas pela fraqueza do argumento.
Veste, anda, movimenta-se, sorri e cativa como o 007 interpretado por Sean Connery. Por isso é um sucesso entre as mulheres. No entanto, a sua inteligência e perspicácia são os do agente Maxwell Smart, da série “Olho-Vivo”, e o seu método de trabalho faz lembrar o Inspector Cluseau. E de cada vez que abre a boca revela-se inculto, preconceituoso, arrogante e ofensivo para todos os que o rodeiam. Aquilo que chama de estilo francês.
Os diálogos são uma delícia pelo “nonsense” que evidenciam, dos quais poderei salientar os longos minutos de lugares-comuns que são trocados quando numa festa na Embaixada Inglesa encontra os potenciais adversários. A acção é tão inverosímil que nos faz rir com gosto perante tamanha idiotice. Não é, contudo, humor escatológico, ou fácil. À boa maneira francesa, exige que o espectador tenha cultura suficiente para ir apanhando as referências e compreender as calinadas.
Foi o filme que guardei para o fim, por achar que era o filem “menor”. Foi o que mais gostei e merece nota quatro. Fraquinho, mas ainda assim um quatro.