30.1.07

Começou hoje

Começou hoje, oficialmente, a campanha para o referendo sobre o aborto.
Por mais que se fale no tema não vejo grande mobilização para votar. Temo que a participação ainda seja mais reduzida, neste referendo. Garanto que não será vinculativo.
Se o Não ganhar, ficará tudo na mesma. A lei inalterada, os ricos em Espanha ou Inglaterra, os remediados nos vãos de escada. Algumas mulheres serão julgadas, envergonhadas, expostas por todos os jornais e televisões, usadas por todos os partidos de esquerda, com direito a Louçã e Odete em manif à porta do Tribunal, terminando com penas suspensas. Se alguma parteira (nome curioso... deveria ser abortadeira, não?) for apanhada arrisca-se a verdadeira pena de prisão, pois que isto de andar a fazer dinheiro à custa da desgraça dos outros só é permitido a médicos e advogados, mesmo que sejam tão mauzinhos quanto ela.
Se o Sim ganhar, altera-se a lei. Mesmo que o resultado não seja vinculativo, a maioria dita de esquerda passará a alteração legislativa. A Clínica dos Arcos abrirá em força em Lisboa, Porto e sei lá mais onde, acompanhada por outras iniciativas privadas concorrentes. Mas o SNS fará abortos de graça a quem se sujeitar à fila de espera, juntamente com as mães constipadas e as avós com dores aqui e ali, e acolá. A cada aborto não faltará um grupo de conservadores a vociferar e brandir cartazes à moda das américas, chamando assassinos, e usando as mulheres em causa, humilhando-as e condenando-as à exposição que deixaram de ter na sala de audiências. E os jornais e televisões lá estarão para contar.
Depois acabrá por cair no esquecimento, na rotina, no hábito. Abortará quem precisar, assim se poupando dezenas ou centenas de crianças condenadas a viver nas instituições, seja para cuidar delas ou para as punir, tutela estatal e estabelecimento prisional à escolha do freguês. Continuarão a haver crianças para adoptar, e não aumentará a promiscuidade. Os tempos desta já lá vão, que isto de ser promíscuo é coisa que não faz ganhar amigos ou dinheiro. Bom..., se calhar até faz...
Tudo isto para dizer que, sabendo que vou votar Sim, estou sem a mínima paciência para ouvir mais conversa sobre o tema. Ultimamente estas coisas aborrecem-me e irritam-me.
Bahh!

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