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Começando pelo que primeiro vi, “A Rainha” do consagrado e seguro Stephen Frears, estamos perante uma película que ficciona e “recria” os dias vividos pela realeza britânica e pelo recém eleito Primeiro-Ministro Tony Blair aquando da inesperada morte de Lady Di, no célebre acidente em Paris.
Filmado com rigor e interpretado com segurança o filme cumpre a sua função. Helen Mirren está fantástica na sua personificação da Rainha de Inglaterra, Isabel II, fazendo-nos confundir as imagens verdadeiras que guardamos na mente com a sua própria imagem. Tendo visto a actriz quando foi ao Tonight Show do Jay Leno, mais espantado fico com o trabalho de criação da personagem. São por isso legítimas as aspirações a uma nomeação aos Óscares.
Voltando ao filme, não deixo de revelar a reserva que me ficou após o seu visionamento. Creio que é a própria história que relata que é o seu ponto fraco. Assente em gente real, tenta revelar quão crucial foi o episódio para cimentar as boas relações entre a Coroa e o PM, e como, mesmo morta, Diana continuou a assombrar a monarquia britânica. Pois é. Isto não é grande história, e o filme ressente-se disso.
Na escala de zero a cinco a que nos habituaram todos os críticos ou comentadores cinematográficos, ficaria ali pelo dois, a saltar para o três.
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Neste filme conta-se a história de dois ilusionistas (Christian Bale e Hugh Jackman) que desde cedo, e devido a um infurtúnio em palco, alimentam uma rivalidade sem tréguas que os faz ultrapassar os limites da vida e da razão. Com as seguras presenças de Michael Caine, Scarlett Johanson, Andy Serkis e um especial David Bowie, os dois principais actores dão corpo a indíviduos obcecados que nos prendem à trama. Apesar de alguma dificuldade em acompanhar algumas das curvas do enredo, o mesmo é complexo e cativante. Está bem filmado, como espectáculo que contém em si o espectáculo da magia. Ainda assim, não é um filme por aí além, navegando nas águas da mediania do cinema anglófono. Merece o três seguro, a puxar para o quatro.
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Mais uma vez, a história não chega. As relações que nos levam ao angustiante episódio japonês são forçadas, e a acção marroquina e mexicana está tão eivada de esteriótipos que até irrita. De todos os filmes que vi nesta quadra festiva, foi mesmo o que mais me desiludiu. Merece o dois mesmo, mesmo, mesmo no limite. Não fosse a qualidade das interpretações e lá resvalaria para o um.
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“20,13” é incomparavelmente melhor. A qualidade técnica sobressai e é credível a interpretação dos bons actores perdidos na fronteira de Moçambique, num aquartelamento sob fogo inimigo da Frelimo. A acção decorre num único dia, e à superfície emergem fantasmas que assombram alguns dos personagens forçando a um clima de insegurança e suspeita, constantemente abalado pelos obuses e metralha que durante a noite caem com cada vez mais força.
O ritmo pausado é entrecortado por muito fogo agitado. O calor sente-se. A opressão também. Ainda assim, acho que também aqui faltou um pouco mais de história. A dada altura percebe-se todo o enredo, e ainda falta meia-hora de filme, previsível e sem estaleca para nos animar. O que é pena, pois que todos os meios usados e assim geridos mostraram que em Portugal também se pode fazer um bom filme de guerra e que nós, tendo tido uma experiência de guerra colonial, poderíamos alimentar uma filmografia de grande qualidade. Porque o campo de tiro de Alcochete, onde foi filmado o “20,13”, parece mesmo Moçambique. Leva três, pelo esforço e qualidade revelados, tendo as pernas cortadas pela fraqueza do argumento.
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Finalmente, “OSS 117”, história de espiões à francesa. Mas não para levar a sério. OSS 117 é um espião que nasceu em livro muito antes do 007 de Ian Fleming. Só que apenas agora o conhecemos no cinema. Como descrever este agente?
Veste, anda, movimenta-se, sorri e cativa como o 007 interpretado por Sean Connery. Por isso é um sucesso entre as mulheres. No entanto, a sua inteligência e perspicácia são os do agente Maxwell Smart, da série “Olho-Vivo”, e o seu método de trabalho faz lembrar o Inspector Cluseau. E de cada vez que abre a boca revela-se inculto, preconceituoso, arrogante e ofensivo para todos os que o rodeiam. Aquilo que chama de estilo francês.
Os diálogos são uma delícia pelo “nonsense” que evidenciam, dos quais poderei salientar os longos minutos de lugares-comuns que são trocados quando numa festa na Embaixada Inglesa encontra os potenciais adversários. A acção é tão inverosímil que nos faz rir com gosto perante tamanha idiotice. Não é, contudo, humor escatológico, ou fácil. À boa maneira francesa, exige que o espectador tenha cultura suficiente para ir apanhando as referências e compreender as calinadas.
Foi o filme que guardei para o fim, por achar que era o filem “menor”. Foi o que mais gostei e merece nota quatro. Fraquinho, mas ainda assim um quatro.
Veste, anda, movimenta-se, sorri e cativa como o 007 interpretado por Sean Connery. Por isso é um sucesso entre as mulheres. No entanto, a sua inteligência e perspicácia são os do agente Maxwell Smart, da série “Olho-Vivo”, e o seu método de trabalho faz lembrar o Inspector Cluseau. E de cada vez que abre a boca revela-se inculto, preconceituoso, arrogante e ofensivo para todos os que o rodeiam. Aquilo que chama de estilo francês.
Os diálogos são uma delícia pelo “nonsense” que evidenciam, dos quais poderei salientar os longos minutos de lugares-comuns que são trocados quando numa festa na Embaixada Inglesa encontra os potenciais adversários. A acção é tão inverosímil que nos faz rir com gosto perante tamanha idiotice. Não é, contudo, humor escatológico, ou fácil. À boa maneira francesa, exige que o espectador tenha cultura suficiente para ir apanhando as referências e compreender as calinadas.
Foi o filme que guardei para o fim, por achar que era o filem “menor”. Foi o que mais gostei e merece nota quatro. Fraquinho, mas ainda assim um quatro.
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