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Talvez na América seja assim. Talvez. Na Europa, a realidade está mais distante dessa visão. À parte os topos dos topos, que naturalmente serão podres de ricos e se deslocarão mais ao nível do tráfico de influências e gestão de empresas que manipulam o meio económico-financeiro, existe uma larga e pobre realidade (pobre em dinheiro, inteligência, valores, auto-estima) que dá corpo à estrutura mafiosa. É nela que pega Gomorra.
Este filme de Matteo Garrone exibe a crueldade e inslaubridade de um negócio: o da droga. Apesar de incluídos na designação de Máfia, ali não há lugar a brilhos e luzes: tudo é negro. A vida pouco vale, e toda a gente vive o comércio da droga, seja por dele fazer parte, por dele receber, ou por o ter à sua porta. E, quando as hordas se dividem e envolvem numa luta fraticida, tudo vale.
São cinco as histórias que se cruzam, interpretadas ao sabor de um sotaque cerrado e quase incompreensível.
Numa delas dois jovens vivem o sonho dos bandidos cinematográficos americanos. Tão desaprorpiadas são as suas condutas que desde o início adivinhamos o fim que os espera. Noutra, um miúdo deseja entrar no mundo do comércio da droga, iniciar-se na máfia para ser integrado naquilo que sempre se desenrolou à sua volta. Temos ainda o distribuidor de dinheiro, já com alguma idade, e que vê com preocupação a violência à sua volta. É-nos igualmente apresentado o mestre costureiro que alimenta a indústria da fabricação de vestidos de alta-costura e que, pelo pouco que ganha e muito que trabalha, se sente tentado com a oferta chinesa que avança para o mercado como temível concorrência. E, finalmente, resta a história de como os resíduos tóxicos podem dar muito dinheiro, tudo valendo para os fazer desaparecer.
O filme é duro, violento, mas muito realista. Merece nota quatro, sem margem para dúvidas.
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