2.6.04

LIVROS NA FEIRA

Todos os anos vou lá. Uma vez apenas, pois não tenho tempo para mais. E, nesse dia, corro os pavilhões todos à procura das novidades.

Este ano, mais do que nos outros, senti, naqueles velhos pavilhões metálicos plantados no Parque Eduardo VII, que o modelo da feira está estafado, esgotado.
Pavilhão atrás de pavilhão vêem-se os mesmos livros de todos os anos, alguns com ar de ter passado por tudo o que é feira de pechinchas, tal o seu estado. Os livros estão no mesmo local de sempre, com a mesma apresentação de sempre e só de olhar para alguns pavilhões a metros de distância consigo perceber que nem vale a pena aproximar-me.
Com isto perde-se a exposição das novidades. com isto afastam-se os potenciais compradores que se restam naquilo que vão à procura.
Ainda assim, gastei uma pequena fortuna para aproveitar descontos fantásticos: os cinco volumes do "Em busca do tempo perdido" com um desconto de cerca de € 40,00; dois volumes de Sebastião Salgado com as suas maravilhosas fotografias a 50% do seu valor; os volumes II e III do Decálogo; e umas pechinchas pequenas de autores mais e menos conhecidos.

O que é certo é que, desde o aparecimento das FNAC o mercado do livro mudou. Sempre os livros estiveram disponíveis nas livrarias para que lhes mexessemos, mas era preciso, primeiro que tudo, encontrá-los. E não podíamos sentar-nos. Era ali, em pé, junto à estante, que tínhamos de ponderar a compra, ou não, de um livro.
Na FNAC podemos sentar-nos e ler um livro completo que ninguém nos obriga a comprá-lo. Faço muito isso, em particular com a BD. E o que acontece é que, depois, muitas vezes, compro o dito livro.
A fórmula de sucesso estendeu-se às outras livrarias, e o passo foi gigantesco e está generalizado.

Precisa a Feira do Livro de uma evolução assim.


P.S. - 1997 foi o ano em que mais livcros comprei na Feira. Por causa das obras no metro a Feira foi feita no Terreiro do Paço e Rua Augusta. Por razões laborais ali passava todos os dias, em direcção ao Cais do Sodré. Por isso, diariamente, verificava quais eram os livros do dia. E aproveitava o desconto de todos os que queria. Pena é que não voltem a pôr a Feira num local de passagem.

MAs, por favor, não a fechem na FIL, como todos os anos alvitram.

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