23.7.04

Pólvora Seca

Apesar de adorar os discos dos Mão Morta, nunca os vi ao vivo. Até há bem pouco tempo, os seus concertos em Lisboa aconteciam sempre durante a semana de trabalho, e eu estava deslocado sem possibilidade de os ver. Para onde me encontrava não ia o grupo actuar.
Era, pois, com grande ansiedade que esperava pelo concerto agendado para quarta-feira passada, dia 21.
Por estar de férias, e muito despreocupado, não tenho ouvido rádio, leio poucos jornais, não vejo televisão... em resumo, estou desinformado. Só isso pode justificar que na quarta-feira tenha saído de casa à noite, entusiasmado com a perspectiva do concerto dos Mão Morta. E ao chegar ao Fórum Lisboa, meia hora antes do concerto, deparar com a sala fechada, escura, fria, e um total ausência de gente.
Um segurança informou o que uma folha A4 confirmava, perdida entre os cartazes propagandísticos das iniciativas da Câmara Municipal de Lisboa: o concerto foi cancelado. CANCELADO!!! Como todos os daquela iniciativa da CML.
A frustração invadiu-me. Foi com tristeza que abandonei o local. Triste por não ter sido desta que consegui ver os Mão Morta ao vivo. Por me ter sido furtado um concerto para o qual tinha bilhetes havia sete semanas e pelo qual ansiava. Acabei com uns amigos num bar a ouvir jazz esperando que volte a ser agendado um concerto da banda.
Curiosamente, foi nesse mesmo dia 21 que vieram a lume as notícias sobre a calamitosa dívida que PSL deixou na CML. Porventura, isso estará na origem do cancelamento dos concertos que a câmara organizara. Não sei.
Como diz um amigo meu, para a CML não importa fazer, desde que se anuncie. Anuncia-se um concerto, uma obra, um casino, a reconversão de Monsanto ou o destino da Feira Popular, um túnel e já se tem a recompensa desejada: a publicidade. Se depois nada se concretiza isso já não importa.
Palhaços.

Devolvi os bilhetes e reinvesti o dinheiro. Domingo à noite, em Cascais, vou ver o Buddy Guy.

Aproveito ainda para botar umas palavritas sobre a World Press Photo, no CCB. Visito-a todos os anos, e todos os anos sou surpreendido com fotografias de elevada qualidade. O prémio português de fotojornalismo da Visão, este ano, está muito bem composto, com fotografias fantásticas, de beleza, técnica, e oportunidade.
Para quem gosta de fotografia, não se pode perder. Porém, é de chorar que o preço do bilhete já seja de € 3,50. Quase justifica ir passear e vê-la a Portimão (onde este ano já esteve), pois aí a entrada é livre.

O novo governo, aquele que ia ser mais pequeno e eficaz, já está em funções, após algumas trapalhadas, coboiadas, novelas e circo.
Salve-se quem puder.

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