Hoje, oficialmente, é o meu último dia de trabalho antes de férias.
Oficialmente, e de facto. Ao contrário do sucedido, por exemplo, o ano passado, não tenho que fazer nas férias aquilo que não fiz durante o resto do ano. Estou despachado, está tudo despachado.
E vou mudar de poiso.
As férias são sempre bem vindas. Mas não pelo ócio. Antes pela falta de compromisso.
É por isso que não partilho da ânsia lusa de rumar ao Algarve ou qualquer outra praia, pois vejo aí um continuar da rotina laboral que me recuso a seguir em tempo de férias. Vivi dois anos em Silves e, no Verão, via magotes de gente, que durante o ano vocifera contra os horários do patronato e os engarrafamentos de casa para o trabalho e volta, viverem exactamente da mesma forma.
Escrupulosamente cumpriam o horário de praia e para isso entravam na fila de trânsito que qual tartaruga evoluia até ao areal. Saíam em fila para os restaurantes onde eram mal servidos e esperavam, esperavam. Novamente a fila para a praia e a fila de regresso a casa. À noite, o passeio e/ou a discoteca. Dia após dias, continuavam o stress que traziam do resto do ano. Não sei como conseguiam. Como conseguem.
E aproxima-se nova vaga.
Mesmo assim, vou a banhos.
Entrando em férias, vou reduzir a intervenção neste blog. Porque sou daqueles que acede à internet no trabalho, onde a rede proporciona velocidades escandalosas, e já não tenho paciência para a ligação dial-up lá de casa, lenta e que exige o trabalho de ligar, e esperar, e esperar.
Porém, blogar tornou-se um vício, pelo que terei que vir cá, de vez em quando, nem que seja para pôr uma fotografia, ou juntar uma ficção.
Ensina-nos a experiência que o Verão é mesmo uma silly season. Vai tudo a banhos, os jornais começam com os inquéritos de Verão, as televisões com as reposições e os cinemas com as comédias parvas. Na política haverá sempre tema, nomeadamente com o actual PM “indigitado”. Contudo, decidi não falar dele por uns tempos. Como li no Gato Fedorento, meu Deus, com Pedro Santana Lopes como Primeiro-Ministro os posts escrevem-se sozinhos.
Está calor e o país arde. Tal como no ano passado.
A este ritmo rapidamente acabarão os incêndios florestais de Verão. Acaba-se o combustível.
De férias, vemos os que cá vivem ir ao estrangeiro. Vemos os que no estrangeiro vivem, deslocados, emigrados, voltar. Vemos as terras de interior com as suas festas, iguais todos os anos. As mesmas bandeiras, flores, vendedor de farturas, palco... muda o artista mas a música é a mesma. O povo bate palmas, conversa, revê caras, embebeda espíritos e corpos.
E nós vemos, igualmente, os automóveis desfeitos, retorcidos, dilacerados a tirarem vidas na estrada. Porque sempre alguém tem pressa, é impaciente. Porque sempre alguém que já bebeu demais pensa “estou bem, é só uma viagem pequena”.
No Verão temos o auge da adolescência. Em que tudo vale, e cedo acaba. Temos os reencontros e as saudades para matar. Temos o patrão, o professor ou o chefe longe. O telefone toca e sugere-se um momento de lazer, em vez de se fixar um prazo.
Goza-se o sol, o campo, a praia, a cidade vazia, os museus e espectáculos, bebe-se com prazer e comem-se iguarias que durante o ano parecem mais caras. Viaja-se e conhecem-se novas paragens.
O Urso Polar vai de férias. Vai dormir.
Só pode desejar igual sorte a quem o costuma ler.
Boas férias, meus caros.
Boas férias.
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