‑ Olha...
Voltou‑se. A loira deprimida tinha saído atrás dele, e falava‑lhe. Não era muito baixa, tinha vinte e poucos anos, cabelos curtos, cara redonda, olhos verdes, tez clara... Muito bonita.
‑ Sim?
‑ Estive a ouvir a conversa lá dentro. Pareces alguém com um sonho desfeito.
‑ Talvez. Ou apenas esquecido.
‑ Queres ficar um pouco comigo? Se calhar até temos algo para partilhar... para nos enriquecer.
‑ ... Sim, está bem. Eu sou o Vitor Cardoso.
‑ Veronique.
‑ Francesa?
‑ Não. Ascendentes luxemburgueses. Mas nasci cá. Por isso não procures um sotaque. Nunca o tive.
‑ Vamos sentar‑nos ali, nos bancos do miradouro?
‑ É melhor não. Sabes como é... assaltos, e esta estúpida humidade. Nem chove nem deixa de chover.
‑ Então vamos para onde? Ao Grego não podemos voltar.
‑ Vem comigo. Vamos para minha casa.
Era perto. Uma pequena vivenda cor de tijolo, com jardim ressequido e descuidado. Sentaram‑se num sofá antigo, coçado. Ela nem lhe ofereceu uma bebida. Apenas o desafiou para falar, mantendo um silêncio perturbador. Vitor cedeu passados uns minutos duranteos quais conseguiu ouvir os grilos que inundavam a noite exterior. E falou daqueles últimos momentos por que passara. Correndo o risco de passar por louco, contou tudo. Do nevoeiro a Cascais. Tudo. Falou durante minutos sem fim, perante o olhar atento de Veronique, que nunca o interrompeu.
‑ És capaz de acreditar nisto?
Mais um silêncio interminável. Ela parecia ser incapaz de falar. Por fim, com uma voz quente e decidida, avançou.
‑ Gosto de ti, Vitor Cardoso.
‑ Suspeitava. A menos que costumes trazer desconhecidos de quem não gostas cá para casa.
‑ Não é isso. Gosto mesmo de ti.
Ele segurou‑lhe a mão. Estava tão quente, ao contrário das suas palmas geladas. Aproximaram‑se. Muito. Vitor arriscou um beijo. Veronique esquivou‑se, apoiou a cabeça no ombro do escritor. Ele apertou o abraço. Assim ficaram incontáveis minutos, até que, parecendo ter vencido algum medo, ela beijou‑o levemente. Depois com mais intensidade. As palavras havia muito tinham morrido. Agora só mesmo suspiros para apanhar os grilos.
Passado um pouco, Vitor começou a desapertar‑lhe a blusa Depois o soutien. Afagou‑lhe os seios. Beijou‑os. Deixou‑se conduzir sem sequer pensar. Um rito natural, instintivo, animal.
Investiu para o cinto. Ela afastou‑lhe a mão irrequita. Insistiu, tentou os botões das calças de ganga com uma persistência de polvo.
- PÁRA!!! ‑ berrou a loira.
Assustado, afastou‑se. De pé em frente a uma Veronique semi‑despida.
‑ Pára! Nada do que é fácil merece ser amado! Sai! Sai! Sai! ‑ foi gritando.
Estupefacto, e qual peixe na corrente, saiu. Estava outra vez na rua. Noutra rua completamente diferente.
Voltou‑se. A loira deprimida tinha saído atrás dele, e falava‑lhe. Não era muito baixa, tinha vinte e poucos anos, cabelos curtos, cara redonda, olhos verdes, tez clara... Muito bonita.
‑ Sim?
‑ Estive a ouvir a conversa lá dentro. Pareces alguém com um sonho desfeito.
‑ Talvez. Ou apenas esquecido.
‑ Queres ficar um pouco comigo? Se calhar até temos algo para partilhar... para nos enriquecer.
‑ ... Sim, está bem. Eu sou o Vitor Cardoso.
‑ Veronique.
‑ Francesa?
‑ Não. Ascendentes luxemburgueses. Mas nasci cá. Por isso não procures um sotaque. Nunca o tive.
‑ Vamos sentar‑nos ali, nos bancos do miradouro?
‑ É melhor não. Sabes como é... assaltos, e esta estúpida humidade. Nem chove nem deixa de chover.
‑ Então vamos para onde? Ao Grego não podemos voltar.
‑ Vem comigo. Vamos para minha casa.
Era perto. Uma pequena vivenda cor de tijolo, com jardim ressequido e descuidado. Sentaram‑se num sofá antigo, coçado. Ela nem lhe ofereceu uma bebida. Apenas o desafiou para falar, mantendo um silêncio perturbador. Vitor cedeu passados uns minutos duranteos quais conseguiu ouvir os grilos que inundavam a noite exterior. E falou daqueles últimos momentos por que passara. Correndo o risco de passar por louco, contou tudo. Do nevoeiro a Cascais. Tudo. Falou durante minutos sem fim, perante o olhar atento de Veronique, que nunca o interrompeu.
‑ És capaz de acreditar nisto?
Mais um silêncio interminável. Ela parecia ser incapaz de falar. Por fim, com uma voz quente e decidida, avançou.
‑ Gosto de ti, Vitor Cardoso.
‑ Suspeitava. A menos que costumes trazer desconhecidos de quem não gostas cá para casa.
‑ Não é isso. Gosto mesmo de ti.
Ele segurou‑lhe a mão. Estava tão quente, ao contrário das suas palmas geladas. Aproximaram‑se. Muito. Vitor arriscou um beijo. Veronique esquivou‑se, apoiou a cabeça no ombro do escritor. Ele apertou o abraço. Assim ficaram incontáveis minutos, até que, parecendo ter vencido algum medo, ela beijou‑o levemente. Depois com mais intensidade. As palavras havia muito tinham morrido. Agora só mesmo suspiros para apanhar os grilos.
Passado um pouco, Vitor começou a desapertar‑lhe a blusa Depois o soutien. Afagou‑lhe os seios. Beijou‑os. Deixou‑se conduzir sem sequer pensar. Um rito natural, instintivo, animal.
Investiu para o cinto. Ela afastou‑lhe a mão irrequita. Insistiu, tentou os botões das calças de ganga com uma persistência de polvo.
- PÁRA!!! ‑ berrou a loira.
Assustado, afastou‑se. De pé em frente a uma Veronique semi‑despida.
‑ Pára! Nada do que é fácil merece ser amado! Sai! Sai! Sai! ‑ foi gritando.
Estupefacto, e qual peixe na corrente, saiu. Estava outra vez na rua. Noutra rua completamente diferente.
(continua)
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