27.3.06

Vingança e terrorismo

A mensagem está entrelaçada na reflexão que o filme nos propicia sobre a legitimidade do terrorismo. E questiona se a vingança é argumento, sentimento, bastante para o justificar.
Todos temos presentes as mágoas do terrorismo de génese árabe emergente do conflito no Médio Oriente. E como a mensagem que se veicula relativamente ao mesmo se traduz muitas vezes na simples retaliação por agressões atribuídas aos seus inimigos. Que por sua vez justificam os seus actos em prévias acções terroristas, numa clara pescadinha de rabo na boca.
Mas temos igualmente presentes as acções de grupos terroristas de génese política, normalmente nos extremos da esquerda ou da direita, com agendas políticas não civilizacionais ou culturais. E nem estes conseguem atrair simpatias na esmagadora maioria da sociedade.
Se andarmos um pouco para trás na história encontramos a famosa Resistência francesa à ocupação do seu país pela Alemanha Nazi. O que era a Resistência, senão um grupo terrorista, instituído para derrubar um regime político (fantoche, nas mãos do ocupante)?
É isto que este filme aborda metaforicamente, transpondo para a tela uma obra de BD, desenhada nos tempos de governo do Reino Unido pela Sra. Tatcher. É legítimo o terrorismo se o Governo não governa para os seus cidadãos?
A história e a concepção gráfica da BD são uma base sólida e não se confundem com outros universos de «Super-Heróis», vingadores ou defensores da paz.
O trabalho dos irmãos Wachowski (Matrix) propiciou um argumento fiel, na adaptação da história e do cenário. A realização, nas mãos de James McTeigue é algo frágil, pouco imaginativa para um universo tão cheio que pedia maior criatividade. No entanto, com a matéria-prima ao seu dispôr era dificil estragar tudo. Por isso, nem tudo se perde. A começar pela segura interpretação de Natalie Portman
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e do homem da máscara
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Se ainda não sabem quem é o actor, eu também não o digo. Tentem reconhecer-lhe a voz.
Não é um filme imperdível. Também não é um desperdício de dinheiro. É cinema. Mais cinema a beber na infindável criatividade da BD, posto que cada vez mais parece impossível criar de raiz histórias fantásticas para a tela.
Assim, posso dizer que gostei... mas não fiquei deslumbrado.

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