16.11.04

Comunicação Social e memória

Desde dia 9, com a alteração da grelha da TV Cabo, passei a ter disponível o canal RTP Memória. Ontem, enquanto "zapava" à procura de algo, deparei-me com o célebre debate do Verão quente entre Soares e Cunhal. Só vi um pedaço da peça, para atentar nos argumentos que se expunham sobre o tema então em debate. Naquele particular segmento do debate discutia-se o controlo dos orgão de comunicação social, o DN, o caso República, a RTP e a Rádio Renascença...
Trinta anos depois é curioso como se conseguem manter actuais algumas das considerações. É certo que a maioria dos argumentos são datados e eivados de uma ideologia e de um espírito "revolucionário" que hoje não têm paralelo. Mas os perigos são os mesmos.
A diferença é que naquela altura, animados pela sede de liberdade, pelo excesso da revolução, pela inconsciência da provocação que poderia descambar em guerra civil, a diferença, dizia eu, está na mobilização popular. Assim como foram destruídas sedes do PCP e de outros partidos da extrema esquerda, foram tomadas as direcções dos jornais, televisão e rádios. Da esquerda à direita a massa, quantas vezes manipulada e desinformada, reagia e obrigava a intervir para retomar o caminho a direito.

Hoje, vêem-se manobras de bastidores, golpes de "administração", danças das cadeiras nos lugares chave, e uma vergonhosa manipulação da comunicação social aos interesses "do capital e do governo de direita".

E chegamos a um ponto que há quinze anos julgava impensável. Numa altura em que o jornalismo ainda tinha credibilidade...

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