A relação entre Vitor, Diogo e Marcello nasceu na adolescência, quando as aulas eram o dia-a-dia e os sonhos do futuro enchiam as conversas e as cabeças dos três.
Com o passar dos anos, cada um seguiu uma carreira diferente e começaram a afastar-se. Os tempos não eram os mesmos, os locais frequentados também não, e as dores de crescimento alimentaram uma separação inevitável. No passado se quedaram as memórias de Verões infindáveis de praia, de viagens de comboio e à boleia, de partilha dos primeiros automóveis nas estradas de Espanha e França.
Um dia, já Marcello singrava na juventude partidária da sua cor dando indícios de sucesso, Vitor apercebeu-se de que aquele homem não teria contemplações com nada nem ninguém para alcançar os desígnios políticos que traçara na adolescência. A constante politização do discurso, das escolhas, das amizades tornou-se cansativa e intolerável. Vitor passou a desgostar da companhia do amigo e a consideração por este caíu a pique.
Marcello perdeu o estatuto de amigo, camarada, cúmplice. Era agora apenas mais um conhecido cuja presença lhe custava tolerar.
Com o passar dos anos, cada um seguiu uma carreira diferente e começaram a afastar-se. Os tempos não eram os mesmos, os locais frequentados também não, e as dores de crescimento alimentaram uma separação inevitável. No passado se quedaram as memórias de Verões infindáveis de praia, de viagens de comboio e à boleia, de partilha dos primeiros automóveis nas estradas de Espanha e França.
Um dia, já Marcello singrava na juventude partidária da sua cor dando indícios de sucesso, Vitor apercebeu-se de que aquele homem não teria contemplações com nada nem ninguém para alcançar os desígnios políticos que traçara na adolescência. A constante politização do discurso, das escolhas, das amizades tornou-se cansativa e intolerável. Vitor passou a desgostar da companhia do amigo e a consideração por este caíu a pique.
Marcello perdeu o estatuto de amigo, camarada, cúmplice. Era agora apenas mais um conhecido cuja presença lhe custava tolerar.
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Três vodkas e três whiskeys mais tarde, estavam ainda no mesmo sofá, ao canto, revivendo aventuras e contando novas experiências. Vitor já caminhava para o esquecimento. Diogo sentia‑se apenas alegre.
‑ Olha, escritor, que tal escreveres sobre aquilo. Ele trata‑a abaixo de cão. ‑ com o olhar apontou uma cena constrangedora. À volta de uma pequena mesa, um grupo ria. Entre eles Marcello. Ao seu lado, sentada no chão, Isabel, visivelmente embriagada, aconchegava‑se às pernas dele, alheia à sua indiferença.
‑ Grande porco! ‑ era incrível como uma festa daquelas, livre dos elementos mais conservadores e dos fotógrafos que entretanto se tinham retirarado, degenerou. A cena da Isabel passava despercebida no ambiente geral. O álcool, a coca, o ecstassy e até mesmo o LSD tinham lançado a mão e tocado o espírito de toda a gente. Os aniversariantes, esses, deviam já estar a celebrar em privado na sua outra casa na Ericeira.
(continua)
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