Ontem, na SIC Notícias, foi para o ar um debate sobre a Justiça, tendo como mote os eventos ocorridos no VII Congresso da ASJP. Estavam presentes o Presidente do Sindicato dos Funcionários Judiciais, Fernando Jorge, o Presidente da Associação Sindical dos Juízes Portugueses, Baptista Coelho, o Bastonário da Ordem dos Advogados, Rogério Alves, o Presidente do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público, António Cluny, um vogal do Conselho Superior da Magistratura, Edgar Lopes e, pelo Governo, não o seu Ministro da Justiça, mas um dos Secretários de Estado, João Tiago Silveira.
Não deixa de ser sintomático que não tenha sido o próprio Ministro a defender a sua dama perante interlocutores tão destacados. Porém, quem vê Tiago Silveira percebe duas coisas: o discurso esconde-se no seu estilo habitual transmite charme, boa disposição, simpatia; contudo, ao nível do conteúdo, assenta em ideias pré-estruturadas do discurso oficial do Governo para debitar, recitar, sendo inconsequente perante interpelações directas.
O discurso do Governo é vago e tem pés de barro. Basta ver a incapacidade do Secretário de Estado de justificar cientificamente as afirmações feitas quanto ao alegado aumento de produtividade decorrente da alteração às férias judiciais, derivando sempre para o discurso do "que já fizemos", não obstante as diversas insistências da moderadora.
Por outro lado, foi a primeira vez que vi a incapacidade de reacção do Ministério à (feroz) oposição de todas as profissões dos operadores judiciários, por não lograr ultrapassar a legitimação decorrente do discurso do Presidente da República no referido Congresso.
Retomo a ideia: se este discurso tivesse sido feito em meados de Outubro, seguramente se teria poupado a semana negra das greves nos Tribunais.
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Findo tal debate deparei com o programa "Parlamento", no canal 2:, onde estavam deputados representantes de todos os partidos com assento parlamentar. Mais uma vez pude constatar
1 - o isolamento do PS, nas questões relativas à Justiça, mais concretamente à forma como abordar as necessárias intervenções no regime;
2 - a censura relativamente à campanha infame movida contra a magistratura judicial;
3 - o cada vez maior isolamento, mesmo dentro do PS, do Ministro Alberto Costa e do seu estilo arrogante e desafiador;
4 - a pobreza do discurso de Ana Drago, completa desconhecedora da realidade que comentava, acentuando ainda mais a ideia de que o Bloco de Esquerda não está suficientemente habilitado para assumir as responsabilidades emergentes dos seus resultados eleitorais.
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Ouvem-se rumores de que o PS estará a cozinhar uma remodelação governamental para ocorrer mesmo antes do fim do mandato de Jorge Sampaio, para não correr o risco de ter que se sujeitar ao crivo de um novo Presidente, leia-se Cavaco Silva. Alberto costa seria uma das cabeças rolantes.
Pode ser uma fantasia, ao fim de oito meses de governo. Assim pensei quando ouvi o rumor. Agora já estou a ter outra opinião. Se calhar é mesmo verdade.
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