2000 visitas em pouco mais de um ano. Obrigado a todos.
29.10.04
Ministra da Educação?
Ontem, na TSF, ouvi excertos das intervenções da Ministra da Educação quanto aos exames do 9º ano que pretende introduzir. Em poucas palavras, a questões de jornalistas, a senhora disse:
"pruque"
"praí"
e
"a gente esperamos".
Bem sei que oralmente estamos mais susceptíveis de dizer burradas. Mas isso é em situações casuais, informais, de relaxe, com os amigos. Em exercício de funções temos que ter maiores cuidados. É que me parece muito mal que a Ministra da Educação fale assim...
"pruque"
"praí"
e
"a gente esperamos".
Bem sei que oralmente estamos mais susceptíveis de dizer burradas. Mas isso é em situações casuais, informais, de relaxe, com os amigos. Em exercício de funções temos que ter maiores cuidados. É que me parece muito mal que a Ministra da Educação fale assim...
Anos '80 - 80 memórias (15)
Lembram-se da Casal "Boss"? E da "Big Boss"? Só consegui encontrar uma fotografia da primeira, e outra, "esticada", da segunda, e foi muito difícil. E, infelizmente, já não se vêem muitas a andar por aí.
(Casal boss)
(Casal big boss)
Dentro das cinquentas a big boss era "muito mais mota" pois, ao contrário das aceleras, tinha duas mudanças. Primeira para baixo, segunda para cima.
Nunca tive nenhuma mota, mas amigos meus tiveram modelos destes. E aquilo era um espectáculo para andar por aí. Num tempo em que andávamos de bicicleta, alguém ter uma motoreta daquelas era um feito.
O Urso Polar, pelo seu tamanho, ficava um pouco ridículo em cima delas. Mas ainda apanhou umas boleias.
Depois apareceu a Honda Vision, talvez a primeira Scooter acelera que me lembro, os "aspiradores" como lhes chamávamos e de repente toda a gente queria uma daquelas. As Casal caíram em desuso e hoje pouco se vêem.
Mas tudo tem o seu tempo. Também as aceleras desapareceram. As novas regras que exigem carta de condução a sério para as conduzir levou a que rapidamente fossem substituídas pelas 125 cc.
MAis uma imagem que se perde no passado, mais concretamente pelos anos 80.
(Casal boss)
(Casal big boss)
Dentro das cinquentas a big boss era "muito mais mota" pois, ao contrário das aceleras, tinha duas mudanças. Primeira para baixo, segunda para cima.
Nunca tive nenhuma mota, mas amigos meus tiveram modelos destes. E aquilo era um espectáculo para andar por aí. Num tempo em que andávamos de bicicleta, alguém ter uma motoreta daquelas era um feito.
O Urso Polar, pelo seu tamanho, ficava um pouco ridículo em cima delas. Mas ainda apanhou umas boleias.
Depois apareceu a Honda Vision, talvez a primeira Scooter acelera que me lembro, os "aspiradores" como lhes chamávamos e de repente toda a gente queria uma daquelas. As Casal caíram em desuso e hoje pouco se vêem.
Mas tudo tem o seu tempo. Também as aceleras desapareceram. As novas regras que exigem carta de condução a sério para as conduzir levou a que rapidamente fossem substituídas pelas 125 cc.
MAis uma imagem que se perde no passado, mais concretamente pelos anos 80.
28.10.04
São Jorge
Fechou ontem o S. Jorge. De alguma forma foi um encerramento definitivo. Porque neste momento não há projectos de reabertura de uma das antigas e espectaculares salas de cinema de Lisboa. Dentro em pouco, só poderemos ver cinema nos centros comerciais. Pérfida mistura.
O contraditório
Por causa deste caso do Marcelo Rebelo de Sousa sair da TVI, há uma questão que me anda a azucrinar desde que a ouvi da boca de PSL e de outros membros do seu Governo. Para estes senhores, alguma coisa vai mal quando é permitido a MRS falar sem contraditório.
Sem contraditório.
Estando em causa as críticas ao Governo, depreendo que tais declarações visavam que se garantisse contraditório do Governo.
Ok, sentiram-se injustiçados e acharam que lhes deveria ser dada oportunidade para replicar a argumentação de MRS. Mas não creio que o "direito ao contraditório" seja exclusivo do Governo.
A questão é que este comentador não ocupava o seu tempo de antena exclusivamente a "deitar abaixo" o Governo. Falava de tudo, da política aos livros, do cinema à televisão, ao desporto, sei lá, tudo era tema de comentário.
Então, quando falasse do PS, teria que lá estar alguém deste partido para responder? E do PCP? Do BE? De George Bush? De Tony Blair? Do autor do livro, do programa de televisão ou o realizador de cinema? O dirigente desportivo ou o representante dos árbitros?
Se calhar bastava ter alguém "do contra". Um daqueles que se dizemos "preto" responde "branco", se dizemos "bem" ele diz "mal". Um pouco como o sketch dos Monty Python sobre o homem que paga por 5 minutos de contradição, e queixa-se por só ter negação...
Conclusão: o contraditório de opinião, em meios de comunicação social, apenas pode ser garantido pelo leque de comentadores escolhidos. Havendo uma variedade de tendências vamos ter opiniões diversas mas que, em certas matérias, até poderão ser totalmente condizentes.
O que entristece, é o Governo agarrar-se a esta conversa da falta de contraditório. É triste, porque só demonstra incompetência, irrealidade e imoralidade dos dirigentes
O contraditório
Por causa deste caso do Marcelo Rebelo de Sousa sair da TVI, há uma questão que me anda a azucrinar desde que a ouvi da boca de PSL e de outros membros do seu Governo. Para estes senhores, alguma coisa vai mal quando é permitido a MRS falar sem contraditório.
Sem contraditório.
Estando em causa as críticas ao Governo, depreendo que tais declarações visavam que se garantisse contraditório do Governo.
Ok, sentiram-se injustiçados e acharam que lhes deveria ser dada oportunidade para replicar a argumentação de MRS. Mas não creio que o "direito ao contraditório" seja exclusivo do Governo.
A questão é que este comentador não ocupava o seu tempo de antena exclusivamente a "deitar abaixo" o Governo. Falava de tudo, da política aos livros, do cinema à televisão, ao desporto, sei lá, tudo era tema de comentário.
Então, quando falasse do PS, teria que lá estar alguém deste partido para responder? E do PCP? Do BE? De George Bush? De Tony Blair? Do autor do livro, do programa de televisão ou o realizador de cinema? O dirigente desportivo ou o representante dos árbitros?
Se calhar bastava ter alguém "do contra". Um daqueles que se dizemos "preto" responde "branco", se dizemos "bem" ele diz "mal". Um pouco como o sketch dos Monty Python sobre o homem que paga por 5 minutos de contradição, e queixa-se por só ter negação...
Conclusão: o contraditório de opinião, em meios de comunicação social, apenas pode ser garantido pelo leque de comentadores escolhidos. Havendo uma variedade de tendências vamos ter opiniões diversas mas que, em certas matérias, até poderão ser totalmente condizentes.
O que entristece, é o Governo agarrar-se a esta conversa da falta de contraditório. É triste, porque só demonstra incompetência, irrealidade e imoralidade dos dirigentes
26.10.04
Anos '80 - 80 memórias (14)
Guerra Fria
(Bomba-H Yeso, 1962, 3.000 kt.)
Nasci, cresci e vivi a minha adolescência em tempos de Guerra Fria, aqueles tempos em que americanos e soviéticos se digladiavam por todo o planeta. Nada acontecia em que não se ponderasse que jogo de forças estava a decorrer entre águias e ursos.
Nessa altura era real a ameaça de aniquilação nuclear. Era uma ameaça sempre presente, que se sentia na literatura, no cinema, na televisão. Qualquer braço de ferro que se estabelecesse num remoto país do mundo poderia escalar até ao botão vermelho. Falava-se frequentemente em retaliação e aniquilação total, na utilização estratégica de armamento nuclear e em resposta em massa. Em alvos potenciais e em como as armas nucleares que USA e URSS tinham eram suficientes para destruir três vezes o planeta.
Temíamos que um desatinado qualquer acendesse o rastilho do paiol. E se morrer era um pensamento desagradável, sonhar com a sobrevivência num inverno nuclear era uma miragem de sofrimento.
Só quando Gorbachev chegou ao poder e se iniciou a Perestroïka foi real o sentido de desanuviamento. Contudo, durante algum tempo viveu-se a expectativa sobre se ele conseguiria cumprir os seus objectivos. Creio que conseguiu.
Hoje o mundo é, sem dúvida, mais seguro. Porque, não obstante os conflitos regionais que se vivem, e a crescente ameaça terrorista, aliada à ainda existência de um arsenal nuclear capaz de destruir o planeta, as probabilidades desse arsenal ser despoletado de uma vez são mínimas.
A insegurança permanece, pois nunca saberemos quando vai explodir uma bomba e matar umas centenas ou milhares. Quando vai alastrar uma qualquer guerra e apanhar-nos pelo meio. Mas, para quem viveu sob a possibilidade de, de um momento para o outro, ver um clarão e enfrentar a morte de milhares de milhões de pessoas por todo o planeta, isso é um mal menor.
A guerra fria acabou. Contudo, penso muitas vezes se tal ameaça não servia de travão a muitos impulsos bélicos. Porque a coisa poderia sempre correr mal e... "game over". Lembram-se do filme Wargames "Jogos de guerra"?
(Bomba-H Oak, 1958, 8.900 kt.)
Todas as imagens retiradas daqui, onde podem ver muitas mais das explosões que abalaram o mundo.
(Bomba-H Yeso, 1962, 3.000 kt.)
Nasci, cresci e vivi a minha adolescência em tempos de Guerra Fria, aqueles tempos em que americanos e soviéticos se digladiavam por todo o planeta. Nada acontecia em que não se ponderasse que jogo de forças estava a decorrer entre águias e ursos.
Nessa altura era real a ameaça de aniquilação nuclear. Era uma ameaça sempre presente, que se sentia na literatura, no cinema, na televisão. Qualquer braço de ferro que se estabelecesse num remoto país do mundo poderia escalar até ao botão vermelho. Falava-se frequentemente em retaliação e aniquilação total, na utilização estratégica de armamento nuclear e em resposta em massa. Em alvos potenciais e em como as armas nucleares que USA e URSS tinham eram suficientes para destruir três vezes o planeta.
(Bomba Boltzman, 1957, 12 kt.)
Temíamos que um desatinado qualquer acendesse o rastilho do paiol. E se morrer era um pensamento desagradável, sonhar com a sobrevivência num inverno nuclear era uma miragem de sofrimento.
Só quando Gorbachev chegou ao poder e se iniciou a Perestroïka foi real o sentido de desanuviamento. Contudo, durante algum tempo viveu-se a expectativa sobre se ele conseguiria cumprir os seus objectivos. Creio que conseguiu.
Hoje o mundo é, sem dúvida, mais seguro. Porque, não obstante os conflitos regionais que se vivem, e a crescente ameaça terrorista, aliada à ainda existência de um arsenal nuclear capaz de destruir o planeta, as probabilidades desse arsenal ser despoletado de uma vez são mínimas.
A insegurança permanece, pois nunca saberemos quando vai explodir uma bomba e matar umas centenas ou milhares. Quando vai alastrar uma qualquer guerra e apanhar-nos pelo meio. Mas, para quem viveu sob a possibilidade de, de um momento para o outro, ver um clarão e enfrentar a morte de milhares de milhões de pessoas por todo o planeta, isso é um mal menor.
A guerra fria acabou. Contudo, penso muitas vezes se tal ameaça não servia de travão a muitos impulsos bélicos. Porque a coisa poderia sempre correr mal e... "game over". Lembram-se do filme Wargames "Jogos de guerra"?
(Bomba-H Oak, 1958, 8.900 kt.)
Todas as imagens retiradas daqui, onde podem ver muitas mais das explosões que abalaram o mundo.
22.10.04
É impressão minha ou a estultícia atacou em força?
Nesta semana que agora finda ouvi afirmações que me deixam preocupado. Estará tudo louco? Quem nos governa é competente nalguma coisa?
Santana Lopes, ao seu melhor, alvitrou que se tem professores disponíveis no Ministério da Educação, e falta de Juízes no Ministério da Justiça, porque não nomear os primeiros assessores dos segundos.
Tamanho disparate em tão poucas palavras nem da boca dos Cebola Mol seria possível ouvir. Primeiro que tudo, e é grave que o PM diga esta barbaridade, os Juízes não estão no Ministério da Justiça. Não estão em ministério algum. Os Juízes são titulares de orgãos de soberania, os Tribunais, exercendo o poder judicial. Como tal, são independentes do poder executivo, do governo, no qual se incluem os diversos ministérios. Esta mistura de competências, e ignorância do relevo da soberania e do poder judicial não só é grave, como perigosa.
Mas, mais estúpido só mesmo pôr os professores a assessorar os Juízes. Não há dúvida que os Juízes precisam de uma mão que os ajude. Mas que seja uma mão hábil, que domine aquilo que é preciso fazer. Que faria um professor de matemática, fisíco-química, geografia, educação visual, inglês, português, filosofia, educação física, educação musical, sei lá, qualquer um deles, quando lhe pusessem um processo à frente? A maior parte dos finalistas de um qualquer curs de Direito nem saberia por onde começar, quanto mais um professor.
Isto só mostra que o PM desconhece em absoluto o trabalho dos Juízes, e as suas necessidades. Ou então que para ele um assessor será sempre e apenas alguém que vai buscar um café, levar a pasta até ao carro, que dá um pouco de conversa, trata dos assuntos pessoais... Se calhar é isso. Pois, isso um professor poderia fazer. Aliás, alguém com a escolaridade mínima poderia fazer. Mas garanto que disso não precisam os Juízes.
Pacheco Pereira é que esteve bem ao dizer para nem falarem muito deste disparate, não fosse alguém tomar a questão a sério, a peito, e pretender mesmo executá-la. Eu não resisti a falar nela pois sinto-me ofendido pelo PM que o país tem.
E mais razões há para a ofensa, a acreditar no Público de hoje. Então o Governo anda a ponderar novamente a barragem de Foz Côa ??? e a energia nuclear?????????
Depois do que aconteceu com o primeiro projecto, com os recuos e a classificação daquela arte rupestre vamos começar o carnaval de novo?
E energia nuclear? Então no resto da Europa programa-se desactivar centrais nucleares enquanto se investiga essa energia de forma a, um dia, poder usufruir dela de forma segura e limpa (actualmente ainda não é possível) e nós ponderamos montar uma central nuclear? Onde? Se no Governo PSD-PP ninguém teve coragem política para avançar com a co-inceneração, vão avançar com o nuclear?
Das duas, uma: ou temos em mão uma tecnologia revolucionária no campo (ehehehehe), ou então estamos ao nível da China, desesperados por energia e sem preocupações com os outros.
Se calhar é uma terceira: o Governo é estúpido e perde tempo a discutir o impossível só porque é mais giro, mais noticiável, que discutir, por exemplo, o incremento da energia eólica, solar, geotérmica ou das marés.
No CEJ (Centro de Estudos Judiciários), a escola de Juízes e Procuradores, foi nomeada uma Professora de Direito para a Direcção. Os formadores Juízes espalhados pelo país estão a demitir-se dessas funções, numa mostra de desagrado. Do MP nada se ouve. A situação é mais grave do que possa parecer.
Durante anos se disse que os Juízes são demasiado teóricos, que o CEJ é o prolongamento da Faculdade, que falta prática, experiência aos novos Juízes. Que falta mais humanidade e menos livros. Então, em que é que uma teórica, alguém cuja formação legal é no campo da discussão e estudo do Direito, vai contribuir para melhorar o CEJ?
Se a nova Directora, a Dra. Anabela Rodrigues é, sem dúvida, um contributo muito positivo para as comissões legislativas, das quais tem vindo a fazer parte, por ser uma estudiosa da lei e poder contribuir para a melhorar, já não consigo ver qual o benefício para a formação de magistrados.
O que queria ver era desempoeirar o CEJ. Retirar-lhe o peso escolar que ainda tem e dar-lhe uma abertura de horizontes para o exercício da profissão, do cargo. Aproximá-lo das faculdades é um erro. O modelo tem que ser substancialmente diferente, e só quem conhece o exercício da profissão o poderá fazer.
Mas compreendo a decisão política. Sabendo nós que ao nível das cúpulas existe uma constante e negativa fricção entre Judicatura e Ministério Público, e que ambas quereriam um representante seu naquele cargo de direcção, optou o Governo pelo caminho Solomónico: nem para um nem para outro, vai para a professora.
Numa altura em que poucos magistrados estão dispostos a dar formação nos tribunais, porque é um grande encargo, sem contrapartidas, para além do facto de que não basta ser bom no exercício das funções para ser bom formador (ah pois, é preciso ter qualidades pedagógicas), quero ver quem irá dar formação nos próximos tempos.
Já agora, qual é a necessidade de vir desmentir uma notícia sobre uma sesta? Primeiro, é grave que a sesta seja motivo de notícia. Mas gravíssimo é dar-lhe a importância suficiente para a vir desmentir. Que raios... Churchil dormia a sesta. E depois?, desde que se esteja acordado quando é preciso decidir, e que se decida bem... Ah, se calhar é isso... dormir e só fazer merda fica muito mal... é melhor defender que se está sempre acordado, sempre alerta, e que o resto não importa.
Ouvi outras loucuras. Mas já escrevi tanto sobre apenas quatro, as que mais me arrepiaram, que fico por aqui.
Bom fim-de-semana e não enlouqueçam, por favor.
Santana Lopes, ao seu melhor, alvitrou que se tem professores disponíveis no Ministério da Educação, e falta de Juízes no Ministério da Justiça, porque não nomear os primeiros assessores dos segundos.
Tamanho disparate em tão poucas palavras nem da boca dos Cebola Mol seria possível ouvir. Primeiro que tudo, e é grave que o PM diga esta barbaridade, os Juízes não estão no Ministério da Justiça. Não estão em ministério algum. Os Juízes são titulares de orgãos de soberania, os Tribunais, exercendo o poder judicial. Como tal, são independentes do poder executivo, do governo, no qual se incluem os diversos ministérios. Esta mistura de competências, e ignorância do relevo da soberania e do poder judicial não só é grave, como perigosa.
Mas, mais estúpido só mesmo pôr os professores a assessorar os Juízes. Não há dúvida que os Juízes precisam de uma mão que os ajude. Mas que seja uma mão hábil, que domine aquilo que é preciso fazer. Que faria um professor de matemática, fisíco-química, geografia, educação visual, inglês, português, filosofia, educação física, educação musical, sei lá, qualquer um deles, quando lhe pusessem um processo à frente? A maior parte dos finalistas de um qualquer curs de Direito nem saberia por onde começar, quanto mais um professor.
Isto só mostra que o PM desconhece em absoluto o trabalho dos Juízes, e as suas necessidades. Ou então que para ele um assessor será sempre e apenas alguém que vai buscar um café, levar a pasta até ao carro, que dá um pouco de conversa, trata dos assuntos pessoais... Se calhar é isso. Pois, isso um professor poderia fazer. Aliás, alguém com a escolaridade mínima poderia fazer. Mas garanto que disso não precisam os Juízes.
Pacheco Pereira é que esteve bem ao dizer para nem falarem muito deste disparate, não fosse alguém tomar a questão a sério, a peito, e pretender mesmo executá-la. Eu não resisti a falar nela pois sinto-me ofendido pelo PM que o país tem.
E mais razões há para a ofensa, a acreditar no Público de hoje. Então o Governo anda a ponderar novamente a barragem de Foz Côa ??? e a energia nuclear?????????
Depois do que aconteceu com o primeiro projecto, com os recuos e a classificação daquela arte rupestre vamos começar o carnaval de novo?
E energia nuclear? Então no resto da Europa programa-se desactivar centrais nucleares enquanto se investiga essa energia de forma a, um dia, poder usufruir dela de forma segura e limpa (actualmente ainda não é possível) e nós ponderamos montar uma central nuclear? Onde? Se no Governo PSD-PP ninguém teve coragem política para avançar com a co-inceneração, vão avançar com o nuclear?
Das duas, uma: ou temos em mão uma tecnologia revolucionária no campo (ehehehehe), ou então estamos ao nível da China, desesperados por energia e sem preocupações com os outros.
Se calhar é uma terceira: o Governo é estúpido e perde tempo a discutir o impossível só porque é mais giro, mais noticiável, que discutir, por exemplo, o incremento da energia eólica, solar, geotérmica ou das marés.
No CEJ (Centro de Estudos Judiciários), a escola de Juízes e Procuradores, foi nomeada uma Professora de Direito para a Direcção. Os formadores Juízes espalhados pelo país estão a demitir-se dessas funções, numa mostra de desagrado. Do MP nada se ouve. A situação é mais grave do que possa parecer.
Durante anos se disse que os Juízes são demasiado teóricos, que o CEJ é o prolongamento da Faculdade, que falta prática, experiência aos novos Juízes. Que falta mais humanidade e menos livros. Então, em que é que uma teórica, alguém cuja formação legal é no campo da discussão e estudo do Direito, vai contribuir para melhorar o CEJ?
Se a nova Directora, a Dra. Anabela Rodrigues é, sem dúvida, um contributo muito positivo para as comissões legislativas, das quais tem vindo a fazer parte, por ser uma estudiosa da lei e poder contribuir para a melhorar, já não consigo ver qual o benefício para a formação de magistrados.
O que queria ver era desempoeirar o CEJ. Retirar-lhe o peso escolar que ainda tem e dar-lhe uma abertura de horizontes para o exercício da profissão, do cargo. Aproximá-lo das faculdades é um erro. O modelo tem que ser substancialmente diferente, e só quem conhece o exercício da profissão o poderá fazer.
Mas compreendo a decisão política. Sabendo nós que ao nível das cúpulas existe uma constante e negativa fricção entre Judicatura e Ministério Público, e que ambas quereriam um representante seu naquele cargo de direcção, optou o Governo pelo caminho Solomónico: nem para um nem para outro, vai para a professora.
Numa altura em que poucos magistrados estão dispostos a dar formação nos tribunais, porque é um grande encargo, sem contrapartidas, para além do facto de que não basta ser bom no exercício das funções para ser bom formador (ah pois, é preciso ter qualidades pedagógicas), quero ver quem irá dar formação nos próximos tempos.
Já agora, qual é a necessidade de vir desmentir uma notícia sobre uma sesta? Primeiro, é grave que a sesta seja motivo de notícia. Mas gravíssimo é dar-lhe a importância suficiente para a vir desmentir. Que raios... Churchil dormia a sesta. E depois?, desde que se esteja acordado quando é preciso decidir, e que se decida bem... Ah, se calhar é isso... dormir e só fazer merda fica muito mal... é melhor defender que se está sempre acordado, sempre alerta, e que o resto não importa.
Ouvi outras loucuras. Mas já escrevi tanto sobre apenas quatro, as que mais me arrepiaram, que fico por aqui.
Bom fim-de-semana e não enlouqueçam, por favor.
21.10.04
Anos '80 - 80 memórias
Europa TV
Recordam-se das tardes de semana, na RTP 2? A dada altura começaram a retransmitir emissões do Europa TV. Já não sei o que era aquilo. Se um embrião do Euronews, se um canal de retalhos de diversas televisões de diversos países.
À semelhança dos diversos canais que hoje temos na TV Cabo, no Europa TV os programas repetiam-se sistematicamente. Recordo com prazer um que mostrava a construção de um Ferrari Testarossa.
Mas pouco mais me lembro do Europa TV. A não ser que tinha um programa de música, que passava telediscos, e que era apresentado por um tipo loiro, o Adam Curry (ou Adão Caril como costumávamos brincar). Mais tarde foi substituído por um moreno de nome Nico (!?).
O projecto durou pouco tempo, mas como embrião dos anos oitenta, acho que foi emblemático e terá estado nas raízes do que é hoje o panorama dos canais temáticos do Cabo.
Recordam-se das tardes de semana, na RTP 2? A dada altura começaram a retransmitir emissões do Europa TV. Já não sei o que era aquilo. Se um embrião do Euronews, se um canal de retalhos de diversas televisões de diversos países.
À semelhança dos diversos canais que hoje temos na TV Cabo, no Europa TV os programas repetiam-se sistematicamente. Recordo com prazer um que mostrava a construção de um Ferrari Testarossa.
Mas pouco mais me lembro do Europa TV. A não ser que tinha um programa de música, que passava telediscos, e que era apresentado por um tipo loiro, o Adam Curry (ou Adão Caril como costumávamos brincar). Mais tarde foi substituído por um moreno de nome Nico (!?).
O projecto durou pouco tempo, mas como embrião dos anos oitenta, acho que foi emblemático e terá estado nas raízes do que é hoje o panorama dos canais temáticos do Cabo.
18.10.04
Anos '80 - 80 memórias
Jogos de Arcada
Já aqui falei do Spectrum, e de como o mesmo foi a porta para os jogos de vídeo/computador, nas nossas casas. Porque já antes do Spectrum tínhamos os salões de jogos.
Durante os anos 80 ir ao salão de jogos era a única forma de ter um jogo aliciante, realista (dizíamos nós então), com uma velocidade, música e cor insuperável em casa. Mesmo quem tinha o Spectrum não abdicava das máquinas. Até porque, muitas das vezes, o computador da Timex estava ligado a uma velha e pequena televisão a preto e branco.
O primeiro jogo que alguma vez joguei numa máquina é apenas uma memória difusa. Teria no máximo dez anos e encontrei-o no Sargo Bar, um café na praia da Parede. Custava 5 escudos o jogo (com uma daquelas moedas da caravela). Basicamente o jogador era um cangurú com luvas de boxe que despachava murros em macacos e desviava-se das maçãs que os macacos lhe lançavam, saltando de plataforma em plataforma até uma jaula onde um cangurú pequeno esperava ajuda.
Deixei de comer alguns gelados para poder saltar e dar murros virtuais.
Mais tarde, com o snooker e os matraquilhos, vieram as outras máquinas. Aquelas que me levaram algum dinheiro contam-se pelos dedos: Out Run (o Ferrari descapotável que era guiado muito depressa); Tetris (que doença); Double Dragon (porrada neles, com facas bastões, garrafas e que no início jogava a dois mas, depois, porque acabávamos o jogo com facilidade, passámos a jogar a solo); e o Golden Axe (outra versão de porrada neles).
Jogos de futebol, muito concorridos, nunca foram o meu forte. Jogos de aviões ou naves que iam por ali fora sempre a disparar e que tinham de apanhar bónus e mais armas e combustível, também não eram muito aliciantes. Já não vivi os tempos do Space Invaders, mas o Pac Man ainda me deu umas dores de cabeça. Porrada. Nisso é que eu gostava de jogar.
Depois, com o passar dos tempos, os jogos tornaram-se muito mais caros e difíceis (ou eu mais lento e agarrado ao dinheiro) e perderam o interesse. As máquinas de jogos parecem cada vez mais simuladores, com efeitos especiais e preço a condizer.Quem tenha hoje uma consola em casa tem jogos incríveis que pode jogar vezes sem conta sem se preocupar com a moedinha para o jogo seguinte. Porém, a verdade é que já não pode dar o pontapé ou o murro na máquina que volta e meia saía e podia levar ao "convite" para abandonar o salão de jogos.
Hoje em dia, moedas só mesmo para os parquímetros... e esses nem dão bónus, vidas extra ou prazer algum...
Ficam na memória as velhinhas máquinas com jogos de arcada.
Já aqui falei do Spectrum, e de como o mesmo foi a porta para os jogos de vídeo/computador, nas nossas casas. Porque já antes do Spectrum tínhamos os salões de jogos.
Durante os anos 80 ir ao salão de jogos era a única forma de ter um jogo aliciante, realista (dizíamos nós então), com uma velocidade, música e cor insuperável em casa. Mesmo quem tinha o Spectrum não abdicava das máquinas. Até porque, muitas das vezes, o computador da Timex estava ligado a uma velha e pequena televisão a preto e branco.
O primeiro jogo que alguma vez joguei numa máquina é apenas uma memória difusa. Teria no máximo dez anos e encontrei-o no Sargo Bar, um café na praia da Parede. Custava 5 escudos o jogo (com uma daquelas moedas da caravela). Basicamente o jogador era um cangurú com luvas de boxe que despachava murros em macacos e desviava-se das maçãs que os macacos lhe lançavam, saltando de plataforma em plataforma até uma jaula onde um cangurú pequeno esperava ajuda.
Deixei de comer alguns gelados para poder saltar e dar murros virtuais.
Mais tarde, com o snooker e os matraquilhos, vieram as outras máquinas. Aquelas que me levaram algum dinheiro contam-se pelos dedos: Out Run (o Ferrari descapotável que era guiado muito depressa); Tetris (que doença); Double Dragon (porrada neles, com facas bastões, garrafas e que no início jogava a dois mas, depois, porque acabávamos o jogo com facilidade, passámos a jogar a solo); e o Golden Axe (outra versão de porrada neles).
Jogos de futebol, muito concorridos, nunca foram o meu forte. Jogos de aviões ou naves que iam por ali fora sempre a disparar e que tinham de apanhar bónus e mais armas e combustível, também não eram muito aliciantes. Já não vivi os tempos do Space Invaders, mas o Pac Man ainda me deu umas dores de cabeça. Porrada. Nisso é que eu gostava de jogar.
Depois, com o passar dos tempos, os jogos tornaram-se muito mais caros e difíceis (ou eu mais lento e agarrado ao dinheiro) e perderam o interesse. As máquinas de jogos parecem cada vez mais simuladores, com efeitos especiais e preço a condizer.Quem tenha hoje uma consola em casa tem jogos incríveis que pode jogar vezes sem conta sem se preocupar com a moedinha para o jogo seguinte. Porém, a verdade é que já não pode dar o pontapé ou o murro na máquina que volta e meia saía e podia levar ao "convite" para abandonar o salão de jogos.
Hoje em dia, moedas só mesmo para os parquímetros... e esses nem dão bónus, vidas extra ou prazer algum...
Ficam na memória as velhinhas máquinas com jogos de arcada.
15.10.04
Worried Life Blues
Há dias que carregam uma carga negativa que temos que, esforçadamente, afastar. Hoje, estou em crer, é um deles. Começou com uma saída descuidada da garagem e de uns riscos no carro, perfeitamente escusados, estúpidos. É o preço de sexta-feira. A semana vai longa, ando cansado porque durmo cerca de 5 horas por noite, e custa-me encontrar o lado positivo daquilo que me rodeia. Possivelmente, porque apenas me chegam ecos de coisas tristes...
Por aqui, pelo trabalho, é a rotina que se instala. Por mais que produza, aparece sempre mais que fazer. Pilhas de papel reproduzem-se como hamsters e todas carecem de atenção.
As pessoas com quem me cruzo e consigo escutar a conversa ocupam-se dos dois temas mais importantes do momento: o Benfica-Porto e o José Castelo Branco. Tudo o resto é ruído. Tudo o resto adensa as escuras nuvens que o Outono tem trazido nos últimos dias. Olho pela janela e vejo-as, compactas, plúmbeas ameaçando desaguar a todo o momento.
Olho pela outra janela, aquela onde agora corre este texto, e vejo nuvens ainda mais negras.
Estou, certamente, a passar por momentos de falta de optimismo, mas não consigo encontrá-lo quando as notícias veículam a desgraça dos governantes que temos, quer por cá, quer pelo resto do mundo.
Quando veículam o esmagador peso da economia nas nossas vidas e dizem que, porque especuladores começaram a ganhar dinheiro sem fim ao apelarem à ameaça que há mais de trinta anos está identificada (a finitude das reservas de combustíveis fósseis), a nossa vida é prejudicada diariamente com um brutal aumento dos combustíveis e tudo o que deles depende. Ou seja, tudo.
Quando o Estado Português já não consegue cumprir com as suas obrigações sociais e elementares, como se viu este ano com o início do ano escolar, mas os seus governantes apregoam obra feita. Como pode Santana Lopes alegar que "fez certas coisas" e dar como exemplo o "pacto da Justiça"? O que é isto? Quais as vantagens deste Pacto? Desconheço, e, na prática, nada vejo. Continuam a julgar-se hoje questões que vêm desde 1992 (?!) que no final darão sentenças muito bonitas para emoldurar. Porém, para o PM, está qase tudo garantido com tal pacto. Já agora: quem é que foi mesmo que pactuou? Quando o PM, Palhaço Mor fala de tudo e não diz nada, papagueia informação que não informa e demagogicamente pretende ser o governante exmplar.
Quando os portugueses estão convictos que a pobreza vai aumentar, e se vêem em dificuldades pois, quando as coisas estavam boas, ou alegadamente boas, desataram a endividar-se a a gastar tudo quanto tinham e não tinham.
Quando os ricos estão cada vez mais ricos e ostensivos. E não lhes vemos qualquer mais-valia para a sociedade que justifique tais ganhos. Não trabalham, não produzem, ... orientam-se. À custas dos outros, pois que a riqueza não produtiva vem sempre de uma transferência, com o prejuízo do próximo.
Quando às 07h30m a A5 está atafulhada de carros de pessoas que vão trabalhar e pagam € 0,45 para circularem numa auto-estrada a 80 km/h, sempre temendo que o tipo do lado ou de trás lhe bata e o deixe inválido ou a cargo com um prejuízo incontável, porque as seguradoras "estão em crise" e, apesar de cobrarem rios de dinheiro, não pagam o que devem sempre na esperança de vencer pelo cansaço e poupar alguns euros.
Quando oiço anúncios na rádio apelando ao recurso ao crédito pelos pais para preparar o início do ano escolar. Endividem-se se querem dar aos vossos filhos uma educação, ou seja, um direito fundamental garantido pela Constituição.
Quando Israel constrói um muro, depois de na Europa, no Mundo, se ter lutado durante 4 décadas para destruir um outro muro, o da vergonha.
Quando a guerra mina e corrói o planeta, tira vidas e, no final, está sempre motivada pela ganância de alguém, seja por dinheiro seja pelo poder que certamente pretende usar de forma egoísta.
Quando se constrói destruindo o ambiente, a cidade, a qualqidade de vida que deveríamos almejar e depois, ainda por cima, a construção é do piorio e cedo começa a ceder, a rachar, a partir a infiltrar.
Lamento, mas hoje o dia é negro. E vou ter que lutar hora após hora, minuto após minuto, para encontrar qualquer coisa de positivo que o justifique. Porque tudo o que tem essa virtude encontra-se coberto por um manto de corrupção, de poluição, de opressão, e precisa de esforço para ser visto e sentido.
Deixem estar... é 6ª-feira e tudo melhorará com horas e horas de sono prometidas para amanhã. Hoje à noite, jantar com amigos também será um bom começo.
(nota: as fotografias foram sacadas aleatoriamente da net, não são do Urso Polar)
13.10.04
A praga dos "quatro piscas"
Quem se desloca em Lisboa conhece-a.
Só desde 15 de Setembro comecei a circular diariamente em Lisboa e já estou pelos cabelos com a praga dos "quatro piscas". Especialmente desde que começaram as aulas, pois então começaram a ser mais frequentes.
É algo que se encontra por todo o lado, mas junto às escolas parecem cogumelos. Quando chega a hora de recolher os putos, toca de parar o veículo na faixa de rodagem, ligar os "quatro piscas" e vale tudo. A avenida, que até ali tinha duas vias na faixa de rodagem passa a ter uma. Quem vem atrás tem que mudar de via, o trânsito concentra-se, espreguiça-se pelas artérias e, num fósforo, está entupido por todo o lado.
Lá na frente, junto à escola, outro pai carinhoso estaciona em segunda fila, com os "quatro piscas" à frente do primeiro prevaricador. Sai um, mas outro fica. E outro, e outro, e outro. Quem quer passar desespera. E os papás, quando regressam ao carro, querem logo entrar na fila para ir à vida, ficando impacientes se os outros condutores, irritados com a demora, não lhes cedem a entrada na única fila de trânsito que os "quatro piscas" permitiram.
É impressionante a falta de respeito. Avenidas com três, três!, faixas de rodagem são reduzidas a uma !!, porque há "quatro-piscas" à esquerda e à direita.
Há ruas, com um sentido apenas, e espaço para uma só faixa, que são entupidas por alguém que parou para "ir só ali". O "só ali" daquele palhaço pode custar um compromisso a quem vem atrás. Mas para eles é perfeitamente natural. Porque ligaram os "quatro piscas".
Quando tanto se multa e bloqueia por não ser pago o bilhete do parquímetro, ou por se deixar o carro em cima do passeio (o que é positivo, para educar o condutor e punir o prevaricador), é incrível como não vejo nenhum gajo em segunda fila, e com os "quatro piscas" ser multado. Aliás, já me apercebi de gente a estacionar assim, dizendo ao polícia que está por perto que não demora nada, pois vai "só ali", e o polícia acede com um "despache-se". Se na altura não há problema porque não vêm outros veículos, por vezes, em dois, três minutos, está gerada a confusão.
Moral da história: carro estacionado em segunda fila, era imediatamente "abatido". Um tiro através do capot em direcção ao motor, fazendo com que já não saísse dali senão no reboque que de imediato era chamado. Porque caso contrário, ao chegar o reboque, já o tipo conseguiu escapulir-se.
Assim, quando o pessoal ficasse sem o animal rodoviário, rapidamente aprendia a cumprir as regras e a respeitar o próximo.
(O.K., admito que um tiro é coisa muito forte... Eh pá, mas façam qualquer coisa!)
Só desde 15 de Setembro comecei a circular diariamente em Lisboa e já estou pelos cabelos com a praga dos "quatro piscas". Especialmente desde que começaram as aulas, pois então começaram a ser mais frequentes.
É algo que se encontra por todo o lado, mas junto às escolas parecem cogumelos. Quando chega a hora de recolher os putos, toca de parar o veículo na faixa de rodagem, ligar os "quatro piscas" e vale tudo. A avenida, que até ali tinha duas vias na faixa de rodagem passa a ter uma. Quem vem atrás tem que mudar de via, o trânsito concentra-se, espreguiça-se pelas artérias e, num fósforo, está entupido por todo o lado.
Lá na frente, junto à escola, outro pai carinhoso estaciona em segunda fila, com os "quatro piscas" à frente do primeiro prevaricador. Sai um, mas outro fica. E outro, e outro, e outro. Quem quer passar desespera. E os papás, quando regressam ao carro, querem logo entrar na fila para ir à vida, ficando impacientes se os outros condutores, irritados com a demora, não lhes cedem a entrada na única fila de trânsito que os "quatro piscas" permitiram.
É impressionante a falta de respeito. Avenidas com três, três!, faixas de rodagem são reduzidas a uma !!, porque há "quatro-piscas" à esquerda e à direita.
Há ruas, com um sentido apenas, e espaço para uma só faixa, que são entupidas por alguém que parou para "ir só ali". O "só ali" daquele palhaço pode custar um compromisso a quem vem atrás. Mas para eles é perfeitamente natural. Porque ligaram os "quatro piscas".
Quando tanto se multa e bloqueia por não ser pago o bilhete do parquímetro, ou por se deixar o carro em cima do passeio (o que é positivo, para educar o condutor e punir o prevaricador), é incrível como não vejo nenhum gajo em segunda fila, e com os "quatro piscas" ser multado. Aliás, já me apercebi de gente a estacionar assim, dizendo ao polícia que está por perto que não demora nada, pois vai "só ali", e o polícia acede com um "despache-se". Se na altura não há problema porque não vêm outros veículos, por vezes, em dois, três minutos, está gerada a confusão.
Moral da história: carro estacionado em segunda fila, era imediatamente "abatido". Um tiro através do capot em direcção ao motor, fazendo com que já não saísse dali senão no reboque que de imediato era chamado. Porque caso contrário, ao chegar o reboque, já o tipo conseguiu escapulir-se.
Assim, quando o pessoal ficasse sem o animal rodoviário, rapidamente aprendia a cumprir as regras e a respeitar o próximo.
(O.K., admito que um tiro é coisa muito forte... Eh pá, mas façam qualquer coisa!)
12.10.04
Anos '80 - 80 memórias (11)
A revolução das embalagens
Nos anos 80 o leite vigor vendia-se em garrafas de vidro. Aquelas garrafinhas de 1/4 de litro que se vendem nos cafés, e que hoje são de plástico, eram então de vidro. E a irmã mais velha, de um litro, era de vidro, naturalmente.
Os iogurtes, vinham todos em copos de vidro. Também não havia muitas marcas ou sabores. E, ao contrário dos nossos dias, não eram para deitar fora. Devolviam-se quando se ia buscar mais, assim como as garrafas de vinho e cerveja que ainda hoje pagam depósito.
Os garrafões de água do Luso e do Cruzeiro (não me recordo de outras marcas) eram de vidro, com um revestimento de plástico que tinha a pega.
E nos anos oitenta tudo isso mudou. Apareceram as embalagens tetra-pack e tetra-brick e ainda as embalagens da treta. Começaram pelos pacotes pequenos do leite, daquele leite uht, simples ou com chocolate e rapidamente se lançaram para o litro, e para o leite do dia. Os iogurtes passaram às nossas conhecidas embalagens de plástico. Os garrafões de água viraram plástico.
Recordo que foi a água do Luso a primeira a ter um garrafão de plástico, azulado, redondo, e de ver na loja o merceeiro a atirar o garrafão ao chão, o qual saltou e rebolou de um lado para o outro, para mostrar a uma senhora de idade que aquilo era seguro, que não se partia, que até era melhor que os de vidro. E lembro-me dela dizer que preferia levar um dos antigos.
Não foi nada calma a revolução. De um momento para o outro desapareceram as embalagens de vidro. Desapareceram mesmo.
Uns anos depois reapareceram os iogurtes em copos de vidro. Para deitar fora. O leite Vigor foi mudando de embalagem, mas nunca regressou ao vidro. Recriou o "quarto de Vigor" mas em plástico, livrando-se de uns feios e reduzidos pacotes que durante anos ainda estiveram pelos cafés. As águas, de mil e uma marcas, apenas mantiveram o vidro em garrafas de mesa para restauração.
Aumentou o lixo. Apesar de tudo, creio que aumentou a higiene.
Viva o descartável.
Viva o "compra-usa-e-deita-fora".
Nos anos 80 o leite vigor vendia-se em garrafas de vidro. Aquelas garrafinhas de 1/4 de litro que se vendem nos cafés, e que hoje são de plástico, eram então de vidro. E a irmã mais velha, de um litro, era de vidro, naturalmente.
Os iogurtes, vinham todos em copos de vidro. Também não havia muitas marcas ou sabores. E, ao contrário dos nossos dias, não eram para deitar fora. Devolviam-se quando se ia buscar mais, assim como as garrafas de vinho e cerveja que ainda hoje pagam depósito.
Os garrafões de água do Luso e do Cruzeiro (não me recordo de outras marcas) eram de vidro, com um revestimento de plástico que tinha a pega.
E nos anos oitenta tudo isso mudou. Apareceram as embalagens tetra-pack e tetra-brick e ainda as embalagens da treta. Começaram pelos pacotes pequenos do leite, daquele leite uht, simples ou com chocolate e rapidamente se lançaram para o litro, e para o leite do dia. Os iogurtes passaram às nossas conhecidas embalagens de plástico. Os garrafões de água viraram plástico.
Recordo que foi a água do Luso a primeira a ter um garrafão de plástico, azulado, redondo, e de ver na loja o merceeiro a atirar o garrafão ao chão, o qual saltou e rebolou de um lado para o outro, para mostrar a uma senhora de idade que aquilo era seguro, que não se partia, que até era melhor que os de vidro. E lembro-me dela dizer que preferia levar um dos antigos.
Não foi nada calma a revolução. De um momento para o outro desapareceram as embalagens de vidro. Desapareceram mesmo.
Uns anos depois reapareceram os iogurtes em copos de vidro. Para deitar fora. O leite Vigor foi mudando de embalagem, mas nunca regressou ao vidro. Recriou o "quarto de Vigor" mas em plástico, livrando-se de uns feios e reduzidos pacotes que durante anos ainda estiveram pelos cafés. As águas, de mil e uma marcas, apenas mantiveram o vidro em garrafas de mesa para restauração.
Aumentou o lixo. Apesar de tudo, creio que aumentou a higiene.
Viva o descartável.
Viva o "compra-usa-e-deita-fora".
Monstros?
Foi o primeiro filme de M. Night Shyamalan que vi no cinema. O "Sexto Sentido" fez fruor quando foi lançado, mas não me atraíu. Acabei por vê-lo em casa, alugando-o, já "Inquebrável", o segundo filme tinha saído das salas. Fui dos que foi surprendido pelo final do filme, e fiquei curioso pela técnica do realizador, que me levou a, rapidamente, ver a sua obra seguinte. Sem surpresa, gostei da história pela fantasia que tem e por o realizador/autor não cair no facilitismo do gore, da violência ou do susto fácil. Porém, nem por isso vi o "Sinais".
Fui ver "A Vila" sem grande entusiasmo, admito-o. E, desta vez, não obstante o desejo de ser surpreendente, consegui "adivinhar" o filme à medida que este ia avançando. Exactamente por já ter uma noção daquilo que o realizador pretende ter, e pretende evitar. Mas, nem por isso o filme perde qualidade.
M. Night Shyamalan tem uma sensibilidade incrível para filmar o terror nas pessoas. A dúvida, a inquietude, a paixão, a força, a fé... Os actores cumprem com rigor e ele cria uma atmosfera brilhante, esteticamente irrepreensível e com uma fotografia encantadora.
"A Vila" é um filme a ver, seguramente. Não será uma obra de profunda revelação, mas é seguramente uma forma de paz, no terror.
***
Outro terror ocorreu ontem. Não o vi em directo (não, não sou masoquista para tanto), mas acabei por ouvir parte na rádio. Foi tão arrepiante, irreal, mentiroso e demagógico, que nem sei o que dizer.
Até sei... mas não me apetece ser mal-educado assim, na escrita.
Palhaço!
11.10.04
Aniversário
Tinha reparado outro dia, mas foi um comentário da Noite que me recordou a data. No dia 10.10.2003, assim como que por acaso, nasceu o blog do Urso Polar. Por brincadeira fui ver como se fazia um blog, e acabei por criar estas páginas.
Completou-se ontem um ano do início de tal aventura. Hoje, à hora que escrevo este post, o 143º, tenho registadas 1724 visitas. É um número falacioso. Primeiro, porque não tinha o Sitemeter no início. Depois, porque programei-o para ignorar o meu IP e assim não registar as minhas visitas, o que implicou que todos os meus colegas de trabalho que visitaram, e visitam, o blog não foram contados, pois acedem à net a partir da mesma rede, logo do mesmo IP. Mas não é para contar visitas que o Urso Polar escreve.
É com grande satisfação que verifico que há um núcleo duro de leitores que se habituou a ler o que vou escrevendo. É um incentivo para continuar, saber que não é para o vazio que escrevo. É igualmente curioso ver os fusos horários de quem acede, e reparar que há leitores por todo o mundo que aparecem nestas páginas. Este é um fenómeno que não cessa de me espantar.
Por isso, vou continuar a escrever uns disparates gelados.
Como estes:
Foi um exemplo de luta e persistência para quem se vê nas andanças terríveis da imobilidade, da tetraplegia e afins.
Nove anos depois de cair do cavalo, desce da cadeira de rodas, e volta a voar.
Palhaços.
Devem ter feito rir a Europa do futebol. Especialmente com o lindo frango, desculpem, perú que o Ricardo deu.
Já agora, dos quatro golos marcados, Portugal só enfiou o primeiro. Por sorte eles marcaram um auto-golo.
Completou-se ontem um ano do início de tal aventura. Hoje, à hora que escrevo este post, o 143º, tenho registadas 1724 visitas. É um número falacioso. Primeiro, porque não tinha o Sitemeter no início. Depois, porque programei-o para ignorar o meu IP e assim não registar as minhas visitas, o que implicou que todos os meus colegas de trabalho que visitaram, e visitam, o blog não foram contados, pois acedem à net a partir da mesma rede, logo do mesmo IP. Mas não é para contar visitas que o Urso Polar escreve.
É com grande satisfação que verifico que há um núcleo duro de leitores que se habituou a ler o que vou escrevendo. É um incentivo para continuar, saber que não é para o vazio que escrevo. É igualmente curioso ver os fusos horários de quem acede, e reparar que há leitores por todo o mundo que aparecem nestas páginas. Este é um fenómeno que não cessa de me espantar.
Por isso, vou continuar a escrever uns disparates gelados.
Como estes:
***
A kryptonite apanhou Christopher Reeve. O Super-Homem morreu. Não conseguiu cumprir o seu sonho: voltar a andar.
Foi um exemplo de luta e persistência para quem se vê nas andanças terríveis da imobilidade, da tetraplegia e afins.
Nove anos depois de cair do cavalo, desce da cadeira de rodas, e volta a voar.
***
A selecção portuguesa de futebol voltou a estar ao seu melhor. Quando o adversário é miserável a jogar futebol, entra em campo com o rei na barriga. Rapidamente se vê que o rei vai nú. Sem atitude não podem ser grandes jogadores. Ver aquela malta em campo, a passo, a gritar impropérios aos colegas em vez de cumprir com o seu trabalho é exemplo acabado deste país. O trabalho de grupo é essencial, pois permite sempre culpar o outro do insucesso final.
Palhaços.
Devem ter feito rir a Europa do futebol. Especialmente com o lindo frango, desculpem, perú que o Ricardo deu.
Já agora, dos quatro golos marcados, Portugal só enfiou o primeiro. Por sorte eles marcaram um auto-golo.
***
Fui ver "A Vila". O comentário fica para outra altura. Agora, é melhor ir trabalhar.
8.10.04
Anos '80 - 80 memórias (10)
TV Rural
Ao sábado, os desenhos animados não abriam a programação da televisão. Se queríamos vê-los, bem como as séries juvenis (lembram-se dos Cinco "Julian, Dick and Anne, George and Timmy de dog") tínhamos que esperar pelo fim do TV Rural.
O memorável Engº Sousa Veloso, com o problema da batata, do tomate, da uva e da azeitona, da vaca e da cabra, do porco e da ovelha, da modernização da agricultura e suas novas máquinas, das cooperativas e dos veterinários.. O memorável Engº Sousa Veloso, careca, mas com um enorme cabelo com brilhantina penteado de um lado para o outro da cabeça, encobrindo o escalpe. O memorável Engº Sousa Veloso, que nunca mais se calava e ia embora.
Hoje já não dá para aprender agricultura na televisão. E bonecada é a toda a hora. Assim se compreende como fomos educados a saber esperar. Não tínhamos outra alternativa.
Ao sábado, os desenhos animados não abriam a programação da televisão. Se queríamos vê-los, bem como as séries juvenis (lembram-se dos Cinco "Julian, Dick and Anne, George and Timmy de dog") tínhamos que esperar pelo fim do TV Rural.
O memorável Engº Sousa Veloso, com o problema da batata, do tomate, da uva e da azeitona, da vaca e da cabra, do porco e da ovelha, da modernização da agricultura e suas novas máquinas, das cooperativas e dos veterinários.. O memorável Engº Sousa Veloso, careca, mas com um enorme cabelo com brilhantina penteado de um lado para o outro da cabeça, encobrindo o escalpe. O memorável Engº Sousa Veloso, que nunca mais se calava e ia embora.
Hoje já não dá para aprender agricultura na televisão. E bonecada é a toda a hora. Assim se compreende como fomos educados a saber esperar. Não tínhamos outra alternativa.
Stress
Para quem precisa de descomprimir, porque o dia não corre bem, e apetece praguejar e dar um murro na mesa, no computador, na impressora ou no colega, é favor espreitar aqui - deixo o aviso que a linguagem pode ferir susceptibilidades mais sensíveis.
A descoberta deve-se ao 3tesas não pagam dívidas, que volta e meia lá encontra coisas destas.
A descoberta deve-se ao 3tesas não pagam dívidas, que volta e meia lá encontra coisas destas.
7.10.04
Anos '80 - 80 memórias (9)
Peta-zetas
Comprava-as a uma senhora de idade avançada que se sentava à porta da escola secundária com um cesto cheio de guloseimas, como rebuçados, chocolates, pastilhas, chupa-chupas, e... peta-zetas.
O que era aquilo?
Não sei.
Sei apenas que eram umas coisinhas cor rosa, doces, que se punham na boca e começavam a estalar. Uma reacção química com a saliva provocava esses estalos, e era curiosa, picava na língua.
Certamente não alimentavam. Certamente o seu valor alimentar era uma desgraça, do tipo açucar, com açucar, com corantes. Mas ter peta-zetas a estalar dentro da boca, mantendo-a aberta para que o ruído ficasse mais alto, mais ecoado, era uma sensação única.
Ainda haverá, por aí, peta-zetas à venda?
Comprava-as a uma senhora de idade avançada que se sentava à porta da escola secundária com um cesto cheio de guloseimas, como rebuçados, chocolates, pastilhas, chupa-chupas, e... peta-zetas.
O que era aquilo?
Não sei.
Sei apenas que eram umas coisinhas cor rosa, doces, que se punham na boca e começavam a estalar. Uma reacção química com a saliva provocava esses estalos, e era curiosa, picava na língua.
Certamente não alimentavam. Certamente o seu valor alimentar era uma desgraça, do tipo açucar, com açucar, com corantes. Mas ter peta-zetas a estalar dentro da boca, mantendo-a aberta para que o ruído ficasse mais alto, mais ecoado, era uma sensação única.
Ainda haverá, por aí, peta-zetas à venda?
6.10.04
Bom dia, Noite
O filme é italiano, o realizador é Marco Bellochio. Baseado no relato de uma das intervenientes na acção, o filme descreve o rapto e assassinato do Presidente da Democracia Cristã italiana, Aldo Moro.
O mais impressionante no filme é pensarmos que aquilo se passou em Itália, na realidade, e há cerca de 25 anos.
O filme é bom, apesar de alguns pormenores me irritarem um pouco. A música pareceu-me, algumas vezes, excessiva. Os artifícios de realização, por vezes, deslocados. Mas no seu todo, o filme é definitivamente para ver. E pensar naquela Itália conturbada, que justifica a paixão que gente como Nanni Moretti reage à política.
Tempos modernos
Ouvi hoje de manhã na rádio que Carlos Carvalhas abandona o secretariado-geral do PCP para permitir a renovação do partido. Na mesma peça anunciava-se Jerónimo de Sousa para o substituir.
Renovação?!!
Quando Álvaro Cunhal abandonou a direcçãodo Partido, deixando a suceder-lhe o delfim Carvalhas vozes houve que disseram que o PCP ia ter novo fôlego, mais moderno, activo e vitorioso. Gente mais lúcida sentiu uma grande desilusão por ver ficar tudo na mesma.
Passados os anos de Carvalhas vemos os resultados do seu secretariado: o partido está cada vez mais velho, fechado em si, sem ideias novas, com menos representatividade e tentando passar o mesmo discurso de sempre. O PCP do novo milénio é igual ao do final dos anos 70. A grande diferença está no resto do mundo, e no desgaste da mensagem, sempre datada.
Repare-se que o líder parlamentar do PCP, um jovem de idade inferior a trinta anos, tem um discurso ligado à "cassete" e uma aparência pesada e velha.
Jerónimo de Sousa é mesmo a "lufada de ar fresco" que o PCP precisa. O PCP torna-se cada vez mais irrelevante como força política. Lamentavelmente, perfila-se uma total ausência de alternativa ao bloco tecnocrata PSD - PS.
As quotas de produção, como as quotas leiteiras, são uma aberração com justificação apenas no mercado, que premeiam a baixa produtividade. Se os animais forem bons e produzirem muito leite, devem abater-se os suficientes para impedir que o leite produzido ultrapasse a quota. Para manter posições de domínio no mercado, para inflaccionar os preços no consumidor, para garantir o lucro.
Quando vamos ao super-mercado e vemos um litro de leite Vigor a € 0,85, ficamos mesmo satisfeitos por não haver mais produção de leite. Por não ter a UE aplicado mais umas multas pesadas por produzirmos muito!!
No mundo milhões morrem de fome. A bem do mercado não se produz o suficiente para combater tais carências. A bem do preço final deita-se fora parte da produção. Paga-se para não produzir. Penaliza-se quem ousa ser eficaz na arte da produção.
Tempos modernos.
Renovação?!!
Quando Álvaro Cunhal abandonou a direcçãodo Partido, deixando a suceder-lhe o delfim Carvalhas vozes houve que disseram que o PCP ia ter novo fôlego, mais moderno, activo e vitorioso. Gente mais lúcida sentiu uma grande desilusão por ver ficar tudo na mesma.
Passados os anos de Carvalhas vemos os resultados do seu secretariado: o partido está cada vez mais velho, fechado em si, sem ideias novas, com menos representatividade e tentando passar o mesmo discurso de sempre. O PCP do novo milénio é igual ao do final dos anos 70. A grande diferença está no resto do mundo, e no desgaste da mensagem, sempre datada.
Repare-se que o líder parlamentar do PCP, um jovem de idade inferior a trinta anos, tem um discurso ligado à "cassete" e uma aparência pesada e velha.
Jerónimo de Sousa é mesmo a "lufada de ar fresco" que o PCP precisa. O PCP torna-se cada vez mais irrelevante como força política. Lamentavelmente, perfila-se uma total ausência de alternativa ao bloco tecnocrata PSD - PS.
*
Na segunda-feira ouvi na rádio uma notícia que me deixou atrapalhado. Ainda tenho dificuldade em pensar assim, em termos estritamente económicos. Este ano, anunciava-se com satisfação, não vamos sofrer sanções porque a produção de leite não ultrapassou a quota fixada. Não ultrapassou a quota fixada, ficando cerca de 2,5% abaixo. Bravo! Estamos de parabéns. Produzimos menos!
As quotas de produção, como as quotas leiteiras, são uma aberração com justificação apenas no mercado, que premeiam a baixa produtividade. Se os animais forem bons e produzirem muito leite, devem abater-se os suficientes para impedir que o leite produzido ultrapasse a quota. Para manter posições de domínio no mercado, para inflaccionar os preços no consumidor, para garantir o lucro.
Quando vamos ao super-mercado e vemos um litro de leite Vigor a € 0,85, ficamos mesmo satisfeitos por não haver mais produção de leite. Por não ter a UE aplicado mais umas multas pesadas por produzirmos muito!!
No mundo milhões morrem de fome. A bem do mercado não se produz o suficiente para combater tais carências. A bem do preço final deita-se fora parte da produção. Paga-se para não produzir. Penaliza-se quem ousa ser eficaz na arte da produção.
Tempos modernos.
Anos '80 - 80 memórias (8)
Livros escolares, ... esgotadíssimos
Durante os anos oitenta frequentei o ensino preparatório e secundário, como então se chamavam. Então, como em tempos já referi neste blog, as aulas começavam, em regra, em meados do mês de Outubro. No início do mês saíam as turmas e os livros. E nunca, nunca havia livros que chegassem.
A escola escolhia os manuais que ia utilizar. Mas os meus pais nunca os compravam antes do início das aulas. E porquê? Porque não foi uma, nem duas nem sequer três vezes, mas muitas mais, que o manual acabava por ser outro. Entre a publicação da lista e a aula de apresentação a escola mudava de ideias ou a professora (stora) se lembrava de afirmar que o manual não prestava e queria usar outro.
Então, só nessa altura se ia comprar os livros. Folha de caderno dobrada, cheia de nomes escritos à pressa, e dinheiro na mão e lá começava o passeio pelas papelarias da zona. Normalmente de mochila e bicicleta começava-se, para quem vivia como eu, na Parede, pela do Bairro Alentejano, pela do centro da parede, ao lado da CGD, passava-se à Papelaria Azul, ao pé da escola preparatória, para acabar na das traseiras desta escola, numa cave.
Não raras vezes não encontravamos os livros. Deixávamos a encomenda feita ou, se o dono da papelaria hesitava muito voltávamos de mão a abanar. Era altura do pai passar pela Papelaria Dani, em Paço d'Arcos. Lá, havia quase sempre o livro desejado.
Havia livros que se recuperavam de anos transactos. Tenho uma irmã quatro anos mais velha e usei muitos livros dela. Os mais carismáticos são, sem dúvida, os de francês. Quem, da minha geração, não aprendeu francês com o Mèthode Orange?
Quando entrei para a faculdade, o concurso nacional teve 130.000 candidatos. Este ano eram cerca de 45.000. Seria por isso que os livros escasseavam no secundário? Éramos assim tantos? Era assim tão difícil ter manuais escolares em número suficiente para a malta que andava na escola?
Pelos vistos...
Durante os anos oitenta frequentei o ensino preparatório e secundário, como então se chamavam. Então, como em tempos já referi neste blog, as aulas começavam, em regra, em meados do mês de Outubro. No início do mês saíam as turmas e os livros. E nunca, nunca havia livros que chegassem.
A escola escolhia os manuais que ia utilizar. Mas os meus pais nunca os compravam antes do início das aulas. E porquê? Porque não foi uma, nem duas nem sequer três vezes, mas muitas mais, que o manual acabava por ser outro. Entre a publicação da lista e a aula de apresentação a escola mudava de ideias ou a professora (stora) se lembrava de afirmar que o manual não prestava e queria usar outro.
Então, só nessa altura se ia comprar os livros. Folha de caderno dobrada, cheia de nomes escritos à pressa, e dinheiro na mão e lá começava o passeio pelas papelarias da zona. Normalmente de mochila e bicicleta começava-se, para quem vivia como eu, na Parede, pela do Bairro Alentejano, pela do centro da parede, ao lado da CGD, passava-se à Papelaria Azul, ao pé da escola preparatória, para acabar na das traseiras desta escola, numa cave.
Não raras vezes não encontravamos os livros. Deixávamos a encomenda feita ou, se o dono da papelaria hesitava muito voltávamos de mão a abanar. Era altura do pai passar pela Papelaria Dani, em Paço d'Arcos. Lá, havia quase sempre o livro desejado.
Havia livros que se recuperavam de anos transactos. Tenho uma irmã quatro anos mais velha e usei muitos livros dela. Os mais carismáticos são, sem dúvida, os de francês. Quem, da minha geração, não aprendeu francês com o Mèthode Orange?
Quando entrei para a faculdade, o concurso nacional teve 130.000 candidatos. Este ano eram cerca de 45.000. Seria por isso que os livros escasseavam no secundário? Éramos assim tantos? Era assim tão difícil ter manuais escolares em número suficiente para a malta que andava na escola?
Pelos vistos...
1.10.04
Anos '80 - 80 memórias (7)
Bombokas
Nem tenho a certeza se o nome se escrevia assim, ou com "c" (bombocas). Sei que era um encanto ver o Pai Natal, à noite, a bater no vidro da montra de uma loja e, gesticulando e articulando todas as sílabas, pedir ao senhor que estava a encerrar o estabelecimento:
"Eu quero, Bom-bo-kas!"
ao que o senhor respondia. apontando para uma caixa de seis:
"Só ha estas. São para mim!".
Pesquisei na net e encontrei-as escritas das duas formas, com "c" e com "K", em vários blogs ou sites, mas nada institucional. Não consegui uma imagem das Bombokas. Nem consigo saber qual era a empresa, a marca do produto.
Posso apenas dizer que vinham em caixas compridas, de seis, lado a lado. Talvez houvesse caixas de doze. Nas lojas, as mercearias lá da terra, estava uma caixa aberta em cima do balcão e vendiam-se avulso. Podia lá chegar e dizer: "Sr. Ernesto, queria uma bomboka".
Depois, era pegar no pitéu. Uma bolacha tipo waffer, fina, redonda, sustentava toda a bomboka. Por cima, uma armação de chocolate muito fino dava-lhe a forma, cilindríca que culminava em meia esfera, parecendo o edifício dos telescópios dos observatórios astronómicos. Mas muito pequena, talvez com uns 7 centímetros de altura, não mais, por cinco de diâmetro. Por dentro, um creme fofo, muito açucarado com a consistência da espuma de barbear.
Havia várias formas de comer uma bomboka. A que mais usava era a de a virar "de pernas para o ar" e começar por libertar a bolacha, comendo-a. Depois, segurando pelo chocolate fino, e com muito cuidado para não o partir, sorver o creme, lambendo-o do seu invólucro. Terminar com o chocolate na boca, de uma vez, a derreter.
Havia bombokas simples, de sabor a baunilha. A memória que tenho da caixa é que era branca e verde, um verde pálido e outro mais escuro.
E havia as bombokas de morango, com caixa branca, rosa e vermelho, também este pálido. Creio que as cores estavam limitadas pelo simples cartão de que eram feitas as caixas.
Há à venda umas coisas parecidas com bombokas, mas que não são as verdadeiras. Vêm em caixas de plástico, tipo caixa de ovos. Não são a mesma coisa. Acho eu. Porque não posso assegurar que não sejam iguais, ou melhores pois não me lembro verdadeiramente do seu sabor. As bombokas fazem parte do meu imaginário como sendo uma coisa muito boa. Se calhar hoje, era mais uma "guloseima de puto".
Não interessa. Só há estas. São para mim!
Nem tenho a certeza se o nome se escrevia assim, ou com "c" (bombocas). Sei que era um encanto ver o Pai Natal, à noite, a bater no vidro da montra de uma loja e, gesticulando e articulando todas as sílabas, pedir ao senhor que estava a encerrar o estabelecimento:
"Eu quero, Bom-bo-kas!"
ao que o senhor respondia. apontando para uma caixa de seis:
"Só ha estas. São para mim!".
Pesquisei na net e encontrei-as escritas das duas formas, com "c" e com "K", em vários blogs ou sites, mas nada institucional. Não consegui uma imagem das Bombokas. Nem consigo saber qual era a empresa, a marca do produto.
Posso apenas dizer que vinham em caixas compridas, de seis, lado a lado. Talvez houvesse caixas de doze. Nas lojas, as mercearias lá da terra, estava uma caixa aberta em cima do balcão e vendiam-se avulso. Podia lá chegar e dizer: "Sr. Ernesto, queria uma bomboka".
Depois, era pegar no pitéu. Uma bolacha tipo waffer, fina, redonda, sustentava toda a bomboka. Por cima, uma armação de chocolate muito fino dava-lhe a forma, cilindríca que culminava em meia esfera, parecendo o edifício dos telescópios dos observatórios astronómicos. Mas muito pequena, talvez com uns 7 centímetros de altura, não mais, por cinco de diâmetro. Por dentro, um creme fofo, muito açucarado com a consistência da espuma de barbear.
Havia várias formas de comer uma bomboka. A que mais usava era a de a virar "de pernas para o ar" e começar por libertar a bolacha, comendo-a. Depois, segurando pelo chocolate fino, e com muito cuidado para não o partir, sorver o creme, lambendo-o do seu invólucro. Terminar com o chocolate na boca, de uma vez, a derreter.
Havia bombokas simples, de sabor a baunilha. A memória que tenho da caixa é que era branca e verde, um verde pálido e outro mais escuro.
E havia as bombokas de morango, com caixa branca, rosa e vermelho, também este pálido. Creio que as cores estavam limitadas pelo simples cartão de que eram feitas as caixas.
Há à venda umas coisas parecidas com bombokas, mas que não são as verdadeiras. Vêm em caixas de plástico, tipo caixa de ovos. Não são a mesma coisa. Acho eu. Porque não posso assegurar que não sejam iguais, ou melhores pois não me lembro verdadeiramente do seu sabor. As bombokas fazem parte do meu imaginário como sendo uma coisa muito boa. Se calhar hoje, era mais uma "guloseima de puto".
Não interessa. Só há estas. São para mim!
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