28.10.04

São Jorge

Fechou ontem o S. Jorge. De alguma forma foi um encerramento definitivo. Porque neste momento não há projectos de reabertura de uma das antigas e espectaculares salas de cinema de Lisboa. Dentro em pouco, só poderemos ver cinema nos centros comerciais. Pérfida mistura.

O contraditório

Por causa deste caso do Marcelo Rebelo de Sousa sair da TVI, há uma questão que me anda a azucrinar desde que a ouvi da boca de PSL e de outros membros do seu Governo. Para estes senhores, alguma coisa vai mal quando é permitido a MRS falar sem contraditório.
Sem contraditório.
Estando em causa as críticas ao Governo, depreendo que tais declarações visavam que se garantisse contraditório do Governo.
Ok, sentiram-se injustiçados e acharam que lhes deveria ser dada oportunidade para replicar a argumentação de MRS. Mas não creio que o "direito ao contraditório" seja exclusivo do Governo.
A questão é que este comentador não ocupava o seu tempo de antena exclusivamente a "deitar abaixo" o Governo. Falava de tudo, da política aos livros, do cinema à televisão, ao desporto, sei lá, tudo era tema de comentário.
Então, quando falasse do PS, teria que lá estar alguém deste partido para responder? E do PCP? Do BE? De George Bush? De Tony Blair? Do autor do livro, do programa de televisão ou o realizador de cinema? O dirigente desportivo ou o representante dos árbitros?
Se calhar bastava ter alguém "do contra". Um daqueles que se dizemos "preto" responde "branco", se dizemos "bem" ele diz "mal". Um pouco como o sketch dos Monty Python sobre o homem que paga por 5 minutos de contradição, e queixa-se por só ter negação...
Conclusão: o contraditório de opinião, em meios de comunicação social, apenas pode ser garantido pelo leque de comentadores escolhidos. Havendo uma variedade de tendências vamos ter opiniões diversas mas que, em certas matérias, até poderão ser totalmente condizentes.
O que entristece, é o Governo agarrar-se a esta conversa da falta de contraditório. É triste, porque só demonstra incompetência, irrealidade e imoralidade dos dirigentes

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