Renovação?!!
Quando Álvaro Cunhal abandonou a direcçãodo Partido, deixando a suceder-lhe o delfim Carvalhas vozes houve que disseram que o PCP ia ter novo fôlego, mais moderno, activo e vitorioso. Gente mais lúcida sentiu uma grande desilusão por ver ficar tudo na mesma.
Passados os anos de Carvalhas vemos os resultados do seu secretariado: o partido está cada vez mais velho, fechado em si, sem ideias novas, com menos representatividade e tentando passar o mesmo discurso de sempre. O PCP do novo milénio é igual ao do final dos anos 70. A grande diferença está no resto do mundo, e no desgaste da mensagem, sempre datada.
Repare-se que o líder parlamentar do PCP, um jovem de idade inferior a trinta anos, tem um discurso ligado à "cassete" e uma aparência pesada e velha.
Jerónimo de Sousa é mesmo a "lufada de ar fresco" que o PCP precisa. O PCP torna-se cada vez mais irrelevante como força política. Lamentavelmente, perfila-se uma total ausência de alternativa ao bloco tecnocrata PSD - PS.
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Na segunda-feira ouvi na rádio uma notícia que me deixou atrapalhado. Ainda tenho dificuldade em pensar assim, em termos estritamente económicos. Este ano, anunciava-se com satisfação, não vamos sofrer sanções porque a produção de leite não ultrapassou a quota fixada. Não ultrapassou a quota fixada, ficando cerca de 2,5% abaixo. Bravo! Estamos de parabéns. Produzimos menos!
As quotas de produção, como as quotas leiteiras, são uma aberração com justificação apenas no mercado, que premeiam a baixa produtividade. Se os animais forem bons e produzirem muito leite, devem abater-se os suficientes para impedir que o leite produzido ultrapasse a quota. Para manter posições de domínio no mercado, para inflaccionar os preços no consumidor, para garantir o lucro.
Quando vamos ao super-mercado e vemos um litro de leite Vigor a € 0,85, ficamos mesmo satisfeitos por não haver mais produção de leite. Por não ter a UE aplicado mais umas multas pesadas por produzirmos muito!!
No mundo milhões morrem de fome. A bem do mercado não se produz o suficiente para combater tais carências. A bem do preço final deita-se fora parte da produção. Paga-se para não produzir. Penaliza-se quem ousa ser eficaz na arte da produção.
Tempos modernos.
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