Livros escolares, ... esgotadíssimos
Durante os anos oitenta frequentei o ensino preparatório e secundário, como então se chamavam. Então, como em tempos já referi neste blog, as aulas começavam, em regra, em meados do mês de Outubro. No início do mês saíam as turmas e os livros. E nunca, nunca havia livros que chegassem.
A escola escolhia os manuais que ia utilizar. Mas os meus pais nunca os compravam antes do início das aulas. E porquê? Porque não foi uma, nem duas nem sequer três vezes, mas muitas mais, que o manual acabava por ser outro. Entre a publicação da lista e a aula de apresentação a escola mudava de ideias ou a professora (stora) se lembrava de afirmar que o manual não prestava e queria usar outro.
Então, só nessa altura se ia comprar os livros. Folha de caderno dobrada, cheia de nomes escritos à pressa, e dinheiro na mão e lá começava o passeio pelas papelarias da zona. Normalmente de mochila e bicicleta começava-se, para quem vivia como eu, na Parede, pela do Bairro Alentejano, pela do centro da parede, ao lado da CGD, passava-se à Papelaria Azul, ao pé da escola preparatória, para acabar na das traseiras desta escola, numa cave.
Não raras vezes não encontravamos os livros. Deixávamos a encomenda feita ou, se o dono da papelaria hesitava muito voltávamos de mão a abanar. Era altura do pai passar pela Papelaria Dani, em Paço d'Arcos. Lá, havia quase sempre o livro desejado.
Havia livros que se recuperavam de anos transactos. Tenho uma irmã quatro anos mais velha e usei muitos livros dela. Os mais carismáticos são, sem dúvida, os de francês. Quem, da minha geração, não aprendeu francês com o Mèthode Orange?
Quando entrei para a faculdade, o concurso nacional teve 130.000 candidatos. Este ano eram cerca de 45.000. Seria por isso que os livros escasseavam no secundário? Éramos assim tantos? Era assim tão difícil ter manuais escolares em número suficiente para a malta que andava na escola?
Pelos vistos...
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