O átrio acolhia dezenas de pessoas que esperavam, impacientes, a sua vez. As paredes de pedra amplificavam os ecos de múltiplas conversas simultâneas. Sob o sol directo que fervia na varanda, os incansáveis fumadores queimavam cigarros e tempo. A ritmos incertos, funcionários assomavam à porta das três salas de audiência e chamavam mais uma testemunha para os julgamentos em curso.
Com o correr do tempo reduziram-se os presentes, calaram-se as conversas, quebrou-se a luz e o calor. O ar, pesado, sufocava as horas lentas.
Pelas seis da tarde fecharam-se as portas da sala mais pequena, recolhendo o Juiz ao silêncio da ponderação. Meia hora mais depois ouviu-se o estrondo descuidado do fecho de outra sala.
Foi precisa mais uma hora para ver os guardas prisionais levar os dois arguidos, e para acompanhar os passos dos três advogados enquanto suspiravam escada abaixo abraçados às suas togas, códigos e pastas.
A Procuradora saiu por uma porta desaparecendo nas entranhas do Tribunal. Por uma outra porta, do lado oposto, retirou-se o Colectivo disposto a mais uns minutos de discussão.
O funcionário trancou a sala.
As luzes apagaram-se.
O pó assentou.
No silêncio da noite esperou o Tribunal pela chegada das suas mais madrugadoras frequentadoras. As senhoras da limpeza que ainda noite, viriam repor a ordem e limpeza ao átrio onde esperavam as ânsias de quem quer ver a Justiça em andamento.
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