Estávamos na praia e o primeiro passo era ir à zona do bar procurar uma ou duas caricas, o mais direitas possível.
Depois, escolhido o local apropriado, um voluntário sentava-se na areia e levantava as pernas que os outros agarravam. Com cuidado, para ficar o mais certinho que conseguíssemos, rebocávamos o voluntário deixando que as suas nádegas desenhassem o circuito. Curvas, contra-curvas, rectas.
Finalmente, desenhada a meta, alinhavam-se as caricas, e iniciava-se a corrida. Com um piparote, cada um na sua vez, empurrávamos as caricas ao longo do circuito em temerárias corridas de encher a imaginação.
A dada altura levávamos as caricas para casa para as encher de cera. Derretia-se uma vela para cobrir o interior da carica e argumentávamos que assim cheia tinha mais estabilidde, deslizava mais, e conseguíamos ser mais rápidos. As corridas de caricas viraram Grandes Prémios. Até que alguém, um dia, descontente com o resultado, terá iniciado uma discussão, feroz como de costume, e abandonámos as vidas de corredores.
Belos Verões, em que a minúscula praia da Parede era um mundo a pedir para ser explorado. E assim fazíamos, a pé até Carcavelos, até S. Pedro, deixando as caricas no início da puberdade, ali, em meados dos anos '80.
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