13.4.05

Quantidade vs. Qualidade

Foi anunciado pelo Governo que a remuneração dos médicos nos Centros de Saúde deverá ser calculada segundo dois critérios: uma parete corresponderá ao salário base; a outra parte será calculada consoante o número de consultas efectivamente realizadas, com acréscimos pelas visitas domiciliárias.
MAis uma vez caímos no eterno dilema da qualidade vs. quantidade, cujos resultados costumam, normalmente, evidenciar o verdadeiro espírito português.
Antes de mais, têm que ser estabelecidos limites diários de consultas que os médicos podem fazer, sob pena de haver quem tente bater o recorde do Guiness de consultas num dia. Porém, tal poderá não ser suficiente, ou equilibrado.
Num dia de surto de gripe, as consultas poderão suceder-se rápida e eficazmente, e o médico despachar-se muito antes da hora. Lá temos o desperdício de meios, porque o Doutor poderia satisfazer as necessidades de mais doentes, ao mesmo tempo que, porventura agradecido, aumentaria o seu pé de meia. Em contrapartida, pode haver um dia em que os doentes parecem com sintomas e doenças que exigem maiores e mais prolongadas atenções. MAs o mesmo Doutor poderá cair no raciocínio perverso de querer despachá-los mais depressa, para assegurar o mesmo pé de meia.
Desde pequeno que oiço histórias de médicos nos centros de saúde que apenas passam receitas a pedido, e nem sequer fazem uma verdadeira consulta. Assegurar, por este serviço, o mesmo acréscimo no ordenado que o devido por uma verdadeira consulta para diagnosticar uma doença...
Estão a ver a perversão. E, considerando a natureza dos portugueses, que cruza a sociedade de alto a baixo, e ainda transversalmente, é de prever que muitos médicos aumentem as suas "consultas" breves, para aumentar os seus rendimentos.
Como conseguiremos ultrapassar estas contradições?

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