7.2.13

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- Não dizes nada?
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- Porra!, pá, estás mesmo calado, hoje.
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- E se dissesses qualquer coisinha? Pelo menos para perceber o que se passa? Sabes, a gravidade da coisa.
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- Acho que estás a ser parvo, é o que é. Ela também não era assim nada de extraordinário. Se queres que te diga, se calhar foi melhor assim. Logo no início, para doer menos e trazer menos complicações. Já viste se isto acontecesse daqui a um ano, já vocês os dois estariam a viver juntos, teriam uma bagagem enorme... Não achas, pá?
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- Lembro-me do Carlos, que era o único que não sabia que a Flor andava metida com outros gajos. O único. Apesar dos avisos foi-se enterrando e quando descobriu já andava a pensar em casamento e filhos. Ficou de rastos e entrou numa depressão que demorou três anos a passar. A única coisa positiva é que nessa altura perdeu vinte quilos e deixou de ser o badocha que fora durante anos. Bem vistas as coisas, até é capaz de ter sido bom para ele. Sabes como dizem, não é, "depois da tempestade vem a bonança".
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- Mas contigo, assim, só sofres se quiseres. A gajinha só estava a brincar contigo. Tu é que tens a mania de que qualquer relação é para a vida toda. Desde que fizeste 40 perdeste o instinto de matador. E agora estás para aqui, calado, macambúzio, como se o mundo tivesse acabado.
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- Eu não queria ir por aí, mas bem que te avisei. Uma gaja quinze anos mais nova é muita areia para a nossa camioneta. Andam de cabeça no ar, querem mais do que aquilo que temos para dar em termos de saídas, amigos, programas. A malta quer é intimidade e conforto. E tu mais que todos nós, que sempre foste quem mais pensou as suas relações. Olha, devias era ir ver as gajas a passar lá em baixo. Agora, com estes primeiros calores da Primavera, estão todas a libertar-se da roupa e é só coisas boas a passar.
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- Lavas a vista e esqueces essa tipa, pá. Alinhas?
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- Então, vá... eu vou descer e sentar-me na esplanada a beber um fino e controlar o gajedo. Aparece.
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- Até já. Gostei de falar contigo.

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