- Patrícia? Estás aí, Patrícia?
Só o silêncio lhe respondeu. Suavemente fechou a porta da rua e repetiu o chamamento.
- Patrícia! Estás em casa, Patrícia?
Rápida e ansiosamente foi de divisão em divisão, concluindo que estava só. Parou no escritório e pegou no telefone. Os dedos tremiam-lhe, mas a marcação rápida facilitou-lhe a vida e encurtou a distância para a sua sogra.
- D. Lurdes, está boa? Obrigado. A Patrícia está por aí? (...) Deixe estar, obrigado. Deve estar a chegar. Eu depois falo com ela. (...) Adeus, beijinhos.
Escolheu outro destinatário e ligou.
- Oi, Carlos, tudo bem? (...) A Patrícia não está por aí com a Sofia, está? (...) Eh, pá, obrigado. Deixa estar. Procuro por ela mas tem o telemóvel desligado... Obrigado, pá, um abraço.
Percorreu a lista telefónica do aparelho, sem saber a quem mais ligar. Hesitou.
O som da chave na porta fê-lo saltar e, num impulso, alcançou a entrada. Despreocupada, ligeira, alegre, Patrícia entrou em casa para o encontrar ali, expectante, quase em bicos dos pés.
- Olá! O que se passa?
Agarrou-a num abraço apertado e quis falar devagar. Não conseguiu e, apesar da voz lhe fugir, as palavras lançaram-se numa torrente imparável.
- Só me lembrei de ir ver hoje. E tu sem telemóvel... Não é o primeiro prémio mas é tão bom, tão bom... Patrícia, ganhámos quase quatrocentos mil euros no Euromilhões...!
1 comentário:
Podias pôr este conto lá em casa. E mudar o nome à personagem principal :-)
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