6.1.05

Estamos de novo em Janeiro

Entrámos em 2005.
Com o correr dos anos a sensação de mudança que costumava acompanhar as passagens de ano esbate-se, e nada de novo trás o Ano Novo.
Na festiva noite, enquanto jantava com amigos e com eles brindava ao recém-chegado ano, alguém questionou:
"Pensem num projecto que tenham para este ano. Algo no trabalho que pretendem concluir. Algo que queiram realizar". Como exemplo falou no Mestrado que uma das convivas pretende terminar em 2005.
Quando jovens, adolescentes, há sempre metas, objectivos, desejos. É o ano escolar que se pretende acabar com aproveitamento ou a mudança para aquela escola ou faculdade. Em certas profissões, existem projectos para concluir ou executar. Aquela obra que se pretende de desenhar, ou construir, mas acabar este ano. No meu caso, profissionalmente, inexistem objectivos tão vísiveis.
Muito trabalho acabará este ano. Mas muito mais aparecerá em seu lugar. Mais do que ver obra completa (nunca terei essa sorte), o objectivo é sempre manter-me à tona d’água, manter o barco a navegar em condições, trabalhando para o não deixar afundar. A sensação de dever cumprido, de objectivo alcançado, é de curta duração e reduzida satisfação, pois que apenas surge no dia a dia, à medida que cada pequena parcela do gigante bolo encontra o seu fim, para de imediato se esgotar.
Os objectivos serão outros. Têm que ser outros. Pois que se o trabalho complementa a nossa vida, não é a nossa vida. Não podemos deixar que o seja, que se imponha e nos domine.
Este ano de 2005 há que concluir todo o processo, já retardado, de mudança de toca. Há que lograr instalar um laboratório fotográfico (minúsculo), na nova toca, e dedicar muito tempo a produzir resultados do curso feito em 2004. Há que inventar mais tempo para melhor gozar os dias, procurando mais da vida.
Três objectivos que, a ser alcançados, já justificam um ano novo.

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