7.1.05

O disparate está à solta

(já é a segunda vez que escrevo este texto. Quando estava mesmo a acabar, caíu a ligação e perdi-o no limbo do virtual. Espero que saia tão bem com o primeiro. Normalmente, a segunda versão fica pior)


Morais Sarmento pretendeu ontem defender o indefensável. Com argumentos risíveis desautorizou o Parlamento e apoiou a posição idiota da Ministra da Educação. E o pior, é que acho que eles acreditam naquilo que dizem.
Como perguntava um comentador na TSF, se é assim tão indiferente, por que raio se candidatam eles à AR e amuam com a elaboração das listas?


Nobre Guedes, pouco depois de assumir a pasta do Ambiente, queria mostrar-se dinâmico, determinado e previdente. Com alarmismo anunciou que, se não chovesse até ao final de Dezembro estaríamos perante um preocupante sinal de seca e era preciso accionar planos de conservação da água que poderiam culminar com o seu racionamento, nomeadamente em zonas como o Algarve.
Ontem, após o INMG ter anunciado que há 14 anos não chovia tão pouco, e que há riscos de seca em 2005 se não ocorrerem chuvas consideráveis nos próximos meses, Nobre Guedes muda o discurso. Agora, em campanha, convém ser simpático, afastar cenários de racionamento ou catástrofe e, por isso, diz confiante que não há risco nenhum e não é preciso accionar nenhum plano, pois a água não vai faltar.
Entre o histerismo e a falácia, alguma das suas declarações estava errada. Se for a de ontem, lá penaremos no Verão pelo laxismo governativo em tempo de cacicagem.
Entretanto, uma barragem do Algarve (ou Odelouca ou Odeleite) está a 14% da sua capacidade, quando a média nesta altura do ano costuma ser de 52%.


Para ajudar, o Ministro da Agricultura antecipa o pagamento de subsídios aos agricultores, subsídios esses cujo pagamento era suposto ser feito apenas em Março, ou seja, depois das eleições. E ainda por cima, apresenta tal medida como relacionada com a falta de água.
Pouco depois o Secretário de Estado esclarece que não é bem assim. Tais fundos, de origem comunitária, visam compensar produtores de gado, e reportam-se a perdas por determinadas doenças.
Quanto vale um voto?


Por sua vez o Ministro da Justiça anda a inaugurar os Juízos de Execução. Começou pelo Porto e veio para Lisboa. Estes Tribunais estão instalados desde 15.09.2004, altura em que apareceram com um ano de atraso. Começaram a mexer fisicamente apenas em Outubro, pois só então houve instalações, computadores e funcionários operacionais.
Hoje, três meses depois, estão afundados.
Foram criados assentes num pressuposto de inovação tecnológica que passa pelo processo digital, ou seja, têm os Advogados que remeter os requerimentos iniciais digitalmente. A incapacidade dos meios e a falta gritante de funcionários para com eles lidar leva a que, dizem os que por lá andam, existam em Lisboa cerca de 50.000 (sim, cinquenta mil) e-mails por abrir.
O fiasco da reforma da acção executiva é tão grande que os Solicitadores de execução, figura nova para o efeito criada, estão a abandonar o barco. O seu pagamento depende da conclusão das execuções e, a este ritmo, não há processo que chegue ao fim.
E o Ministro corta a fita.


O PSD gosta tanto de elaborar listas que, à semelhança do concurso dos professores, foi incapaz de elaborar as suas listas eleitorais sem erros. Esquecimentos de figuras importantes, troca de prioridades, erros, concelhias amuadas...
Ao que parece, Santana Lopes deverá cair após as eleições. Mas vai deixar no Parlamento os seus amigos. Sarilhos se avizinham para o próximo presidente do partido que, não bastando (tudo o indica) vir a ser oposição, ainda terá que enfrentar a oposição daqueles que ficam a dever a PSL o seu tacho.


Nesta história das listas gemem os jovens das jotas. JS e JSD acordaram e viram que não basta frequentar a escola política para, automaticamente, chegar ao poleiro. Também não basta ser competente ou dar mostras de especial combatividade. É preciso ter os amigos certos, nos lugares certos na altura das escolhas. Mas, se souberem esperar, dentro de anos farão exactamente o mesmo.


É este o Governo que temos.
São estes os políticos que elegemos?

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