8.3.05

Quota-parte

Preenchi e entreguei ontem a minha declaração de IRS, pela internet como já é hábito há vários anos. Cumpri assim a minha parte no inexorável mecanismo do fisco, que todos os meses me cobra uma fatia considerável do ordenado e me obriga a declarar uma série de coisas para beneficiar dos "descontos" da época e vir a receber, lá para o Verão, por sinal, uma agradável quantia.
Com efeito, só o trabalhador por conta de outrem é que não tem direito de se queixar do facto de, à partida, pagar os seus impostos e ser obrigado a um esforço suplementar para recuperar uma fatia dos mesmos a que tem direito. Creio mesmo que, se não fosse por isso, muita gente não entregaria a declaração anual de IRS.
É sempre com um lamento que se vê o total que o Estado arrecadou do nosso vencimento. Porém, sabendo eu que também sou "o Estado", não é total o desgosto. Sinto-me, isso sim, é legitimado para exigir que o poder executivo que gere a receita fiscal, o Governo, a aplique bem, com sabedoria, e não a desperdice. Infelizmente, nos últimos anos, tenho um imundo desperdício.
Pior ainda é saber que, se todos, mesmo todos, pessoas singulares e colectivas, cumprissem as suas obrigações fiscais, esta fatia que mensalmente me é subtraída poderia ser reduzida. Só que há um elevado número de párias, de fugitivos do fisco, de mercadores paralelos, de anónimos fiscais que não contribuem com a sua quota-parte, em prejuízo dos demais. De mim.
Agora resta esperar pelo reembolso. Em Junho, se tudo correr normalmente. Junta-se ao subsídio de férias e gera uma doce maquia.

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