NAVEGAR
Cada vez que entrava num barco, que navegava, sentia o mesmo tremor nas entranhas. Não!, não era enjoo. Era como se quinhentos mil marinheiros que o mar já tragou voltassem ao mundo pulsando no seu sangue.
A vibração dos motores na planta dos pés, o silêncio do vento na vela enfunada, o chapinhar do remo na água parada. Como todos estes sons catalisam o regresso de um passado ao mar devoto, e recordam uma nação feita à medida de um oceano, de dois oceanos, mares, rios, toda a água do planeta.
Se o Espaço fosse água, seria ele e os seus quinhentos mil marinheiros mortos quem o explorariam. Não o sendo, por cá fica, pelos cacilheiros, pelos fora-de-bordo. Pode sonhar com um veleiro. Pode sonhar com o que quiser.
Poder..., pode!
Quinhentos mil e um marinheiros...
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