30.12.06
Pendurado pelo pescoço *
28.12.06
Votos para 2007
18.12.06
Carta ao Pai Natal
Se bem se lembram, comecei com um ampliador de fotografia, que me foi oferecido pelo Natal.
Este ano vou voltar a fazer cinco pedidos. Estabeleci uma regra: só posso repetir um dos pedidos do ano passado.
Começo pelo cromo repetido, a Canon EOS 5D. Continua a ser a melhor câmera digital para mim. Se não ma der, lá terei que comprar a 40D, que ainda não existe mas se espera que venha a aparecer na Primavera de 2007, com CMOs de 10 MP e sistema de remoção de poeira.
2.
Que tal uma viagem para ir à procura dos ursos polares? Ali para as bandas do Alasca...
3.
Também me dava jeito um home cinema. Mas as colunas de trás têm que ser sem fios, que lá em casa não há como disfarçar os fios de um lado para o outro. Não sou esquisito com a marca desde que seja boa... e as colunas sejam pequenas e discretas. O leitor de DVD tem que ter disco rígido, está bem?
4.
Outra opção será uma mesa de snooker... com o respectivo espaço para a colocar. Pronto..., basta um clube de snooker aqui para as bandas da minha casa. Mas um clube com estilo (não um salão de jogos à portuguesa) e no qual haja mesas de snooker e não apenas de pool.
5. Finalmente, e para acabar em grande...
que tal um Jaguar XK?
13.12.06
Adeus às lágrimas (de riso)
Qual não é o meu espanto quando lei a notícia que, à última da hora, a SIC salva a Mulher da forca e envia a Comédia para o cadafalso.
Agora, à queima-roupa, somos informados que no fim do mês acaba a SIC Comédia. Agora a perda já é considerável.
Perdem-se os monólogos, rubricas e entrevistas de Jay Leno à hora do jantar, que tanto ajudavam à digestão. Perdem-se as séries sem continuidade que acumulam piadas e ajudam a passar qualquer hora. Perde-se o humor.
Rais'partam os gajos que decidiram manter aquele canal cor-de-rosa e acabar com o sorriso fácil.
Eu sou cliente, particularmente com muita regularidade, da SIC Radical, da FOX, da 2:, do AXN e da SIC Comédia. Vão-se 20% das escolhas.
Piu...
11.12.06
Ar mais puro
6.12.06
Camarate para quê?
4.12.06
28.11.06
Casino Royale
O meu primeiro filme de James Bond foi o “007 – Missão ultra-secreta”, tinha nove ou dez anos (o filme é de 1980) e foi com excitação que segui as sequências subaquáticas ou o assalto final em que a Bond-girl usava uma silenciosa besta com uma precisão mortífera, e me ri com piadas infantis como a do papagaio a falar ao telefone, no fim do filme. Vi-o no defunto cinema da Parede, e tive dificuldade em perceber a dinâmica da sequência inicial, que nada mais tem a ver com o resto do filme.
Creio que saltei um filme pois só me lembro de ver no cinema o “007 – Perigo Imediato”, com sequências fabulosas em Paris, como seja a fuga de Grace Jones saltando de pára-quedas da Torre Eiffel e a perseguição ao volante de um Renault 11 que se vai desfazendo com os acidentes que Bond provoca, acabando cortado ao meio, puxado pelas rodas da frente.
Foi assim que me habituei a ver os filmes de Bond. Películas de espionagem que de espiões pouco tinham, mas com muita acção e muita ficção científica, muitas cenas impossíveis. Quando na televisão davam os filmes com Sean Connery não gostava dos ver apesar do meu pai defender sempre que ali é que estava o homem, o genuíno, o verdadeiro Bond. Para mim, Bond era Roger Moore.
Depois veio o inenarravel Timothy Dalton que em dois filmes arruinou a imagem de Bond. E de repente, quando repetiam os filmes na televisão, qualquer deles, já não os conseguia ver com gosto. Veio Pierce Brosnan e Bond voltou a ter estilo. Pelo menos isso. Muito estilo. Mas pouca verosimilhança, tal a fantasia que acumulavam os filmes, nos quais os inimigos tinham os planos mais irreais, e se aproximavam cada vez mais de vilões de banda desenhada.
-
Agora veio Daniel Craig, e a produção fez agulha, voltou às raízes e fez o melhor filme de James Bond de sempre. O agente é humano, fica ferido, tem sentimentos, mas esconde-os, é frio para poder fazer o seu trabalho, e é dedicado ao mesmo. Corre, luta, dispara como nunca o fez. É credível no papel de um “espião” que afinal é um agente pouco secreto, pouco discreto, e muito dedicado ao homicídio em nome do seu Governo.
O filme não tem “gadgets” irreais, antes pequenas peças tecnológicas que, muito provavelmente, já existem e não estarão a muitos anos de aparecerem no mercado. Não tem um vilão de banda desenhada. Tem um banqueiro bandido com recursos “normais” que o dinheiro pode pagar (um grupo de seguidores e várias localizações para se acoitar). Tem uma cena de tortura em que o próprio vilao diz que nunca gostou de torturas muito elaboradas. E é simples e dolorosa. Bond não é m palhaço com piadas sempre prontas. É um tipo arguto com discurso fluente e imediato. A Bond-girl é interessante e dúbia. O enredo não é linear e deixa-nos a tentar adivinhar o que se seguirá. E não acaba com Bond enrolado numa mulher, ignorando os seus deveres profissionais.
“007 – Casino Royale” é o melhor filme de Bond de sempre. Com a pior música-tema de sempre.
23.11.06
Sinais preocupantes
"Carmona aprova obra 'proibida' pelo Governo
O promotor do loteamento previsto para as azinhagas das Salgadas, da Veiga e da Bruxa e para a Rua de Marvila - ontem aprovado pela Câmara de Lisboa - pode vir a exigir do Estado uma indemnização superior a 60 milhões de euros."
Assim se vê como pode o Estado poupar dinheiro.
Tenho um pressentimento que os "privados" que ganharam um direito para converter em dinheiro à custa de guerrilhas institucionais não têm nada a ver com a urgência da decisão, nem são amigos do executivo camarário.
Não obstante poderem clicar no link acima, eu conto a história em duas penadas. Está a ser estudada a linha do TGV naquela área e a ligação à margem sul por ponte a nascer em Marvila. O Governo pediu à Câmara para que não autorizasse nada para aquele corredor até serem tomadas as decisões que se exigem. A CML, dizendo que o Governo está a demorar muito e não tem que lhe fazer as vontades, aprovou um projecto gigante exactamente para a zona do previsível futuro corredor.
E assim se vai, cantando e rindo...
21.11.06
Ilusão
"O Ilusionista" é um filme que nos faz desejar estar num cinema antigo, com cadeiras como as que tinha o S. Jorge, com aquele cheiro a mofo característico das salas anteriores aos cinemas de centro comercial.
Não quero com isto dizer que o filme cheire a mofo. Mas é um filme feito à antiga, dependendo da história e dos intérpretes, mas sem laivos de genialidade nem grande capacidade de entretenimento. Não é cinema-espectáculo nem cinema de autor, como hoje em dia parece que todos os filmes têm que ser. Talvez por isso não agrade a muita gente.
A história, engraçada, é bem transposta para o filme por Neil Burger, só que não chega a criar suspense pois é totalmente previsível. Todas as pistas estão lá para quem as quiser ver, e nem precisamos de nos esforçar muito. A história conta-se em duas penadas: ilusionista pobre gosta de condessa que vai casar com o príncipe malvado; tudo fazem para ficar juntos apesar dos esforços do príncipe que tem para o ajudar o inspector, o qual é mais esclarecido que ambicioso e navega nas águas da ambiguidade até ser iluminado para o final.
Edward Norton não investiu grande coisa no seu personagem, creio, e intrepreta-o em piloto-automático. Já Paul Giamatti constrói um excelente inspector de polícia, e emprega os seus melhores dotes vocais enquanto narrador. Jessica Biel passeia a sua beleza muito subtilmente filmada, carregando uma aura que ilumina o écran.
No computo geral também eu me mostro exigente e, apesar de ter gostado de ver o filme, apenas lhe daria 2 em 5 numa escala de avaliação. Não é desperdício de dinheiro comprar o bilhete... mas há filmes muito melhores para ir ver na sala do cinema aí em exibição. Este suporta bem o DVD ou a emissão televisiva.
20.11.06
Dez mil
Em Paris
O filme de Christophe Honoré não conseguiu encantar-me. Talvez o problema seja meu. Ou talvez não. Mas o certo é que ao invés de criar uma empatia com os personagens, desde o início que antipatizei com todos eles. Talvez estejam muito bem representados e sejam mesmo pessoas irritantes. Ou talvez me fizessem lembrar certas pessoas da minha juventude universitária, para quem a vida era um drama e as relações vividas "até à morte" (Romain Duris), ou a vida era um ligeiro suceder de relações frívolas que se expunham aos mais próximos à leia de contabilidade do sucesso (Louis Garrel). Ou mulheres que se submetem mas ao mesmo tempo se fazem fortes e de acção em contradição mantém relações destrutivas (Joana Preiss).
Depois, certos pormenores da realização que se pretendem notas de originalidade também me tocaram no nervo da irritação, como sejam as cenas em que os actores estão estáticos, sem falar, mas ouve-se a conversa que continua...
PElo meu critério, coloco este filme a meio da tabela. Creio também que dependerá muito do dia em que se vá ver. Se estamos bem dispostos, e de moral elevado o filme provavelmente irá irritar-nos.
15.11.06
Castanhas
13.11.06
Infiltrações - "I smell a rat"
O último filme de Martin Scorsese é um remake de uma obra de Andrew Lau, cineasta de Hong Kong que em 2002 realizou "Infernal Affairs". Para a nova versão americana, o realizador de peso escolheu actores do mesmo gabarito, e por isso temos a contracenar este jogo de ilusões, e desilusões, actores como o cada vez mais maduro, cada vez melhor (para mim no seu melhor papel) Leonardo diCaprio, o seguro Matt Damon, Mark Wahlberg com falas brilhantes de ritmo e humor envoltas em dureza e cinismo (pena não se ver mais vezes, este actor), e um veterano Jack Nicholson, excessivo q.b. para compor um personagem que é um excesso.
Regra geral os remakes de Holywood deixam muito a desejar. Neste caso não posso comparar com o produto original, porque não o vi, apesar de me lembrar perfeitamente dos trailers. Por isso mesmo, o argumento era uma novidade e fui sempre avançando em suspenso para a cena seguinte, inseguro a té ao fim sobre a forma como a narrativa iria encontrar o seu desfecho.
Por isso, mesmo sem saber o nível do filme de Hong Kong, posso dizer que "The Departed" é emocionante, cativa, enreda-nos nos jogos de enganos que os personagens insistem jogar contra todas as regras de auto-preservação, e deixa-nos uma sensação de satisfação só possível nos filmes bem orquestrados.
Por falar em orquestra... impõe-se uma palavra para a banda sonora, variada e adequada a cada cena, pela intensidade e qualidade dos seus intérpretes.
Para terminar, apenas direi que só há uma cena escusada... pois a sua ironia é obscurecida pelo irreal da situação. O último plano, no qual o olhar é chamado à cúpula dourada, dispensava a presença do roedor comedor de queijo.
8.11.06
Modernices
Quando recebia o diário da República em papel nunca me aconteceu querer ler um despacho do Ministro da Justiça
Despacho n.º 22654/2006, D.R. n.º 215, Série II de 2006-11-08
Ministério da Justiça - Gabinete do Ministro
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7.11.06
Coppola
Sofia Coppola anda a habituar-nos mal. Começou com as perturbadoras Virgens Suicidas. Continuou por caminhos contemplativos de depressão e esperança em Lost in Translation. e agora brindou-nos com um vivo e sentido Marie Antoinette.
Segura da sua criatividade, não só recria de forma incrível a corte do final da monarquia francesa, como introduz um olhar diferente sobre a mesma, pelos olhos de uma miúda que se fez rainha. Não um olhar inocente mas sim iluminado pela sabedoria dos conhecimentos actuais, pelos padrões da actualidade. É, por isso, evidente a noção de que, aos treze anos, Marie Antoinette ainda era uma criança, por mais adulta que à data pudesse ser, de acordo com os padrões então vigentes.
Esta deturpação da idade é relevante e anima a película, filmada com a reconhecida sensibilidade da realizadora e a dedicação dos actores no retrato dos seus personagens. É, sem dúvida, um filme para ver enquanto ainda está fresco.
Dúvida a Metro
31.10.06
Hoje é dia de festa
Pôr em dia
A Companhia Nacional de Bailado tem no Teatro Camões o "Programa Stravinsky", com A sagração da Primavera e O Pássaro de Fogo.
26.10.06
Foi este o slogan e foi esta a realidade que há dois anos descobri nos pacotes de leite Vigor magro. Há uns anos adepto incondicional do "leite do dia", por oposição ao UHT que consumi durante mais de uma década, o Vigor magro foi uma agradável descoberta.
25.10.06
Uma acção vale mais que mil palavras
23.10.06
A Dália Negra
Antes de ver o filme já tinha lido o livro, bom companheiro há um par de anos durante os almoços em dia de trabalho. Se há coisa que não gosto é de estar no restaurante sózinho sem nada para fazer, pelo que o jornal ou um livro me costumam acompanhar. Foi assim que li A Dália Negra, de James Elroy, obra muito completa, complexa, mas escrita com frieza, dureza, e muita, muita crueldade. Os personagens de Elroy (como em L.A. Confidential ou O Grande Desconhecido) são sempre pessoas duras, extremamente determinadas, com sentimentos confusos e relações pessoais vulcânicas, ou seja, com frequentes abalos telúricos e sempre à beira da erupção.
O filme de Brian de Palma é muito agradável mas para quem não leu o livro será, seguramente, difícil de acompanhar pois o realizador não simplificou a dificuldade da história original. O mistério adensa-se, as personagens somam-se e as relações entre elas, que nas páginas de um livro podem ser cuidadosamente escalpelizadas, na tela têm que se intuir mais do que ver explicadas.
Não obstante, reconheço neste filme um excelente trabalho de adaptação, de realização e recriação do ambiente desenhado por Elroy. Há, contudo, um aspecto que me deixa desconfortável: o actor principal Josh Hartnett, na pele de Dwight "Bucky" Bleichert. Porquê? Porque é muito "bonitinho", muito "limpinho". Das páginas do livro trazia a imagem de um tipo mais bruto, mais rude, mais inadaptado a Kay Lake, aqui interpretada por Scarlett Johanson. Um pouco como Russel Crowe aparecia em L.A. Confidential. Ao invés, Hartnett passeia pelo filme como um modelo faltando-lhe o poder de impacto que reconhecia ao seu personagem. Erro de casting? Talvez a indústria assim não ache.
Em todo o caso este pormenor não desvirtua o bom pedaço de cinema que é o filme Black Dahlia, que se vê com prazer e se recomenda.
19.10.06
EUA
Antes de mais, Boa Viagem, Alfonso!
.
Mas, agora que vem a talhe de foice, pergunto: não vos preocupa poderem ser vítimas de tortura nos EUA sem terem qualquer hipótese de reagir e o evitar?
Nos EUA foi aprovada uma lei que, em casos de terrorismo ou suspeita de terrorismo, confere ao Presidente o poder de interpretar a Convenção de Genebra e definir o que é tortura ou não. E nestes casos deixa de ser possível recorrer ao habeas corpus.
Hoje em dia, nos EUA, a protecção da Convenção de Genebra vale o que a CIA quiser. O caminho está aberto, legalmente, para os Jack Bauer lá da terra.
Isto é tão grave que pode acontecer, a qualquer um de nós que viaje para os EUA, ser agarrado no aeroporto, levado e pronto. Não pode contactar com ninguém, seja da Embaixada, seja quem fôr; não pode reagir judicialmente à detenção; e fica sujeito a tortura, sim tortura. Apenas porque alguém, nalgum momento, apontou para vós como suspeito. Chateia-me, e muito, esta ideia.
Não sei como estará a senhora da fotografia. Envergonhada, certamente. Pensando emigrar, não vá alguém dizer que foi ela quem lhe deu instruções para fazer umas bombas.
Como poderão, agora, os EUA criticar os violadores da Convenção de Genebra?
E porque razão os paízes civilizados não denunciam esta situação e exigem alterações?
17.10.06
15,7%
16.10.06
Agora o Teatro
Mais cinema
E que surpresa tive eu.
Junte-se uma família disfuncional numa carrinha VW "pão-de-forma" e veja-se o que acontece aundo o texto é excelente, a realização segura e as interpretações de alto nível.
Nesta família o pai está convencido que é um vencedor e que descobriu "a pólvora" com um método de nove passos para o sucesso. O seu pai, o avô, é viciado em heroína, consome pornografia em barda e tem a linguagem de um carroceiro. O filho fez um voto de silêncio até entrar na academia da Força Aérea. Enquanto não pilota jactos de combate, treina e lê Nietzche.
A sua irmã, a mais nova, sonha ser Miss. A mãe tenta gerir a família, mas entretanto alimenta-a todos os dias com frango assado comprado . Pelo meio luta com falta de dinheiro. O seu irmão, o tio, tentou suicidar-se.
E mais não conto. A não ser dizer que, quando no final vemos a carrinha a afastar-se estrada fora achamos que ainda é cedo. Queremos saber mais, saber o que se vai passar agora com aquela gente, agora que falharam mais uma vez, mas no falhanço encontraram algo de novo e forte. Será que alguma vez vencerão? Será que esta sensação de que algo poderá ter mudado nas suas vidas é real?
O filme não responde, mas deixa-nos sonhar. Com o fim mais cor de rosa que quisermos. Ou negro como o carvão. Todo o humor do filme é assim. Faz rir, mas deixa um travo azedo na boca.
Actualizando (aos poucos porque o blogger comeu-me um post inteiro)
A semana passada fui ver o World Trade Center do Oliver Stone e, porque queria pôr umas fotos neste post não o consegui fazer por misteriosas motivações das máquinas informáticas.
Agora ficar-me-ei pela introdução do poster.
Quanto ao filme...
Não é, felizmente, um filme para arrasar audiências. Não é um filme polémico como o Oliver Stone nos habituou com Salvador, Platoon ou JFK, ou mesmo o provocador Natural Born Kilers. WTC é um filme sobre o 11 de Setembro que nos mostra um pouquinho apenas do que se passou naquele dia, sempre centrado à volta das duas personagens que ficaram soterradas nos escombros e foram das poucas a ser libertadas com vida.
De forma clara e segura, Stone relata-nos o horror por que passaram esses dois polícias, e relata-nos o drama das suas famílias. Acontece que a encenação criada reduz a profundidade dos personagens, quem sabe se, por se basearem em gente real, viva, ficaram os actores limitados na sua criação. Mas o que é certo é que o filme "apenas" conta a história.
Ao sair da sala sentia o peso da fantástica recriação do WTC e da sua derrocada. Fui sensível à emoção impingida pelo desenrolar dos eventos. Mas não me senti próximo dos personagens. Nesse aspecto, WTC não chega a ser intimista. Por isso ficou aquém das minhas expectativas.
Mas também vos digo que numa boa sala de cinema, com grande écran e um forte dolby surround que até faça estremecer a cadeira, o momento em que a primeira torre cai é, verdadeiramente, esmagador.
12.10.06
Isto não está bom
10.10.06
Souto Moura
9.10.06
Alvo em movimento
É com alguma perturbação que oiço as notícias de gente alvejada pela GNR. Não por terem sido alvejados. Não. Mas pela vitimização dessas pessoas que, ao que tudo indica, desrespeitaram a autoridade policial não parando os carros que conduziam quando tal lhes foi ordenado e, uma vez começada a perseguição policial a prolongaram, assumindo comportamentos de risco para os agentes perseguidores e para todos os utentes da via pública.
A polícia tem armas!
Toda a gente sabe que a polícia tem armas!
E porquê?
Porque a polícia tem autoridade. Tem autoridade, por exemplo, para mandar parar. E se nada devemos, nada tememos. Logo, paramos.
O que se vê em comum nestes casos é o desrespeito pela autoridade policial e a vitimização por ter a polícia usado dos seus meios para exercer a sua autoridade e impedir o perigo para a sociedade.
Gente distraída não corre o risco de ser alvejada. Porque se não se aperceber da ordem de paragem também não enceta uma fuga. E mais adiante acaba por parar. Quem foge, habilita-se a ter uma reacção porporcional por parte da entidade policial que, SIM, TEM ARMAS e pode vir a dispará-las. Obviamente que alvos em movimento são mais difíceis de atingir e a lei das probabilidades vai no sentido de que os projécteis que atingem pessoas escolhem os locais mais sensíveis para se alojarem.
É, por isso, totalmente tonta a ideia que se pretende passar de que os agentes policiais são assassinos descontrolados ou incapazes com armas na mão.
Senhor Inspector-Geral da Administração Interna... não fique admirado se, apesar de todos os seus esforços, o número de incidentes com armas de fogo aumentar na actividade policial. Quem está de olhos abertos percebe que a quebra da autoridade se traduz num maior número de actos de desrespeito e agressão que vão exigir reacções que poderão envolver tiros. É a lei da proporcionalidade. E se a autoridade vem minada desde o berço, pois os pais não podem ou não querem exercê-la sobre os filhos, os professores são agredidos nas salas de aula, e os polícias desrespeitados na rua, os juízes na praça pública, o cidadão comum em toda a parte (seja o transporte público, o cinema, a loja, o restaurante ou a fila do supermercado) algo vai mal na nossa sociedade.
Não sou particularmente securitário, defensor de um Estado policial. Mas não tenho tolerância para esta vitimização do bandido, do violador da lei e da culpabilização de quem tem que agir no terreno em defesa de todos nós.
2.10.06
Supremo Tribunal de Justiça
José Manuel Fernandes, Público 29 de Setembro de 2006
“Querem um símbolo, um expoente, um sinónimo, dos males da justiça portuguesa? É fácil: basta citar o nome da Noronha de Nascimento e tudo o que de mal se pensa sobre corporativismo, conservadorismo, atavismo, manipulação, jogos de sombras e de influências, vem-nos imediatamente à cabeça.O juiz - porque é de um juiz de que se trata - é um homem tão inteligente como maquiavélico. Anos a fio, primeiro na Associação Sindical dos Juízes, depois no Conselho Superior da Magistratura, por fim no Supremo Tribunal de Justiça, esta figura de que a maioria dos portugueses nunca ouviu falar foi tecendo uma teia de ligações, de promiscuidades, de favores e de empenhos (há um nome mais feio, mas evito-o) que lhe assegurou que ontem conseguisse espetar na sua melena algo desgrenhada a pena de pavão que lhe faltava: ser presidente do Supremo Tribunal de Justiça. O lugar pouco vale (quem, entre os leitores, sabe dizer quem é o actual presidente daquele tribunal, formalmente a terceira figura do Estado?). Dá umas prebendas, porventura algumas mordomias, acrescenta uns galões, mas pouco poder efectivo tem.O problema, contudo, reside neste ponto: tem, ou terá? Os senhores juízes, que aqui há uns tempos se empenharam na disputa com o Tribunal Constitucional para saber quem era hierarquicamente mais importante (ganharam os do Supremo a cadeira do protocolo, deram aos do Constitucional a consolação de terem ao seu dispor um automóvel topo de gama...), nem sequer são muito respeitados. Por sua culpa, pois sabe-se que alguns passam pela cadeira do Supremo apenas uns meses e para engordar a sua reforma. O presidente daquele agigantado colégio de reverendíssimos juízes pouco poder tem tido, só que Noronha de Nascimento apresentou-se aos eleitores - ou seja, aos seus pares, aos que ajudou a subir até ao lugar onde um dia o elegeriam - com uma espécie de programa que arrepia os cabelos do mais pacato cidadão.O homem não fez a coisa por pouco: ao mesmo tempo que vestiu a pele do sindicalista (pediu que lhe aumentassem o salário e que dessem menos trabalhos aos juízes...), pôs a sobrecasaca de subversor do regime (ao querer sentar-se no Conselho de Estado) e acrescentou o lustroso (pela quantidade de sebo acumulado) chapéu do "resistente" às reformas no sector da justiça.Se era aconselhável que um presidente do Supremo Tribunal desse mais atenção a Montesquieu e ao princípio da separação de poderes do que à cartilha da CGTP, Noronha de Nascimento fez exactamente o contrário. Reivindicou como um metalúrgico capaz de ser fixado para a posteridade numa pintura do "realismo socialista" e, esquecendo-se de que é juiz e representante máximo do "terceiro poder", o judicial, pediu assento à mesa do "primeiro poder", o executivo. É certo que o poder do Conselho de Estado é tão inócuo como o penacho de ser presidente do Supremo Tribunal, só que a reivindicação contém em si duas perversidades. A primeira é ser sinal de que Noronha de Nascimento se preocupa mais com o seu protagonismo público do que com os problema da justiça. A segunda, bem mais grave, é que o homem se disponibiliza para ser o rosto de uma fronda dos juízes contra as decisões reformistas do poder político, neste momento objecto de um consenso alargado entre o partido do Governo e a principal força da oposição.É tão patético que daria para rir, não estivéssemos em Portugal e não entendêssemos como funcionam as estratégias das aranhas. O homem, creio sem receio de me enganar, é tão inteligente e habilidoso como é perigoso. Até porque tem já um adversário assumido: o novo procurador-geral da República, Pinto Monteiro, um dos raros que tiveram a coragem de lhe fazer frente.”