Legislativas 2005:
resultados finais no continente e ilhas
PS: 45,05% (120 deputados) 2.573.302 votos
PS: 45,05% (120 deputados) 2.573.302 votos
PSD: 28,69% (72) 1.638.931
CDU: 7,57% (14) 432.139
CDS-PP: 7,26% (12) 414.855
BE: 6,38% (8) 364.296
PCTP/MRPP: 0,84% (0) 47.745
PND: 0,70% (0) 39.986
PH: 0,30% (0) 16.866
PNR: 0,16% (0) 9365
POUS: 0,10% (0) 5572
PDA: 0,03% 1604
Votantes: 5.711.981 (65,02%)
Abstenção: 3.072.721 (34,98%)
Brancos: 103.555 (1,81%)
Nulos: 63.765 (1,12%)
Agora o PS não pode queixar-se. Tem aquilo que sempre desejou: uma maioria absoluta. Agora podemos ser exigentes, pois o PS não tem desculpas. Escusará vir para a praça pública choramingar com o estado em que se encontra o país, com os problemas que o governo cessante lhe deixou. E porquê? Por que foi exactamente para resolver esses problemas que foi o PS eleito Governo. E tendo maioria absoluta só lhe compete fazer aquilo que necessitar, de acordo com a sua orientação política e o programa que apresentou.
Daqui a 4 anos cá estaremos para os julgar. Os falhanços ao PS caberão. Os louros do sucesso ao PS caberão. O voto, aos eleitores caberá em 2009. Espero, ardentemente, que o PS não governe a pensar no voto. Teve o exemplo provado que essa falácia não rende. E o país precisa de melhor governo.
O PSD sofre uma derrota clamorosa. Perde mais de 540.000 votos, numas eleições extremamente concorridas em número de eleitores que se deslocou às urnas. É pena, pelo enfraquecer da oposição. É bem feito, por acreditarem em Pedro Santana Lopes. Este, "humilde" como de costume, assumiu a responsabilidade, disparando em todas as direcções para aliviar a "culpa". Agarrado ao poder, como de costume, procura manter-se na liderança para ser oposição. Espero, sinceramente, que o PSD se revele mais inteligente e o ponha na prateleira. Caso contrário, no fim do ano, temos o mapa autárquico pintado de rosa.
A CDU, ou antes, admitamos, o PCP volta a ser o terceiro partido. Como não acontecia há muitas eleições, o PCP aumenta o número de votos e de mandatos. Jerónimo de Sousa tem razões para estar feliz. Teve sucesso onde todos esperavam o fracasso. É um fôlego que o partido precisava para não morrer. Só é pena que Jerónimo de Sousa seja mesmo apenas uma fachada. Uma imagem. Por trás de si está um Comité Central, esse sim, o que manda no colectivo. E o "líder", é o manifesto resultado de uma operação de cosmética. Será que a cosmética permitirá um ensejo renovador dentro do partido? Duvido.
Paulo Portas portou-se como um político coerente. Assumiu a derrota, que a sofreu, não permitindo a leitura, possível, de ter conseguido minimizar o mais que pôde um descalabro inevitável. Era manifesto que a direita iria perder e com isso o CDS/PP deixar fugir a influência que teve nestes últimos três anos. Ainda assim, perder apenas dois deputados, num partido que já teve resultados eleitorais desastrados, calamitosos, julgo que foi muito bom. Sinceramente, pensei que fosse pior. O certo é que Paulo Portas conseguiu imputar no PSD e em PSL as desgraças deste Governo.
Temo que o CDS/PP sem Paulo Portas venha a cair em crise. Também acho mal. Faz falta um partido à direita do PSD com força para carecer de ser ouvido.
O BE tem uma vitória estrondosa, com uma multiplicação de votos e mandatos incomparável. Pode dizer-se que o partido entrou na idade adulta. Saberá o BE lidar com a responsabilidade que lhe conferiram os eleitores? Veremos. Ser oposição a governos de maioria absoluta é árduo. Mas, caberá também ao BE policiar o governo, juntamente com o resto da oposição. Alertar para os erros e sugerir medidas a implementar e problemas a resolver. Se o fizerem com a necessária serenidade e ponderação, deixando de ser a fractura radical, só ganharão em credibilidade e apoio. Caso contrário, em 2009 podem cair em desgraça.
PCTP/MRPP, PND, PH, PNR, POUS e PDA são tão marginais que até apetece questionar as razões da sua existência. Ainda assim, no total, são a voz de 121.131 (!) eleitores, mais do que os votos brancos e o dobro dos nulos. Quer isto dizer que quase 290.000 votos não tiveram "utilidade" em termos de apuramento de mandatos. É muita gente.
Finalmente, a ida às urnas de tantos eleitores foi uma surpresa agradável. Era bom que este fosse o número mínimo de eleitores que a cada acto eleitoral se dirigisse às urnas. Porque, sem dúvida, o número de votantes legitima e dá sentido a tudo isto.
Sabem que mais? Amanhã já falarão mais no Benfica, e se este conseguiu, ou não, igualar o Porto no topo da tabela, que no novo Governo. E, aí, mora a tristeza. Porque estes resultados não são o fim de um processo. Pelo contrário. Agora é o começo. Começam quatro anos que têm que ser positivos. A bem de todos nós.
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