Era neste. Sentia-o. Só podia ser.
A espera ia chegar ao fim.
A angústia encontraria o sossego da alma.
Poderia entregar-me àquilo porque ansiava.
Ela vinha ali.
Finalmente.
Ela vinha ali.
Continuava sem saber quem ela era. Mas quando ouvi a voz dizer que o comboio vindo de Tomar ia entrar na linha sete eu soube que...
Tinha de ser. Agora já não era a história de qualquer um, não era mais uma história. Era a minha. Era o meu momento.
Levantei-me do banco que tomara como meu nos dois últimos dias. Atravessei o átrio cruzando-me com as poucas pessoas que sob a luz amarela aguardavam por qualquer coisa.
Olhei pela última vez aqueles quadros enganadores, e passei as portas entrando na gare. Fui pela direita, em direcção à linha sete. Muita gente saía do comboio. Muita gente mesmo.
E lá vinha ela, à frente dos passos apressados que abandonavam Santa Apolónia. Lá vinha ela. Só podia ser... A luz, a luz que eu via...
Recebi-a de braços abertos e um sorriso de felicidade como nunca ostentara.
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- Notícia da LUSA -
"O conhecido escritor Vítor Cardoso faleceu ontem à noite na estação de Santa Apolónia, vítima de um fulminante aneurisma cerebral (...) - 07-01-96."
"O conhecido escritor Vítor Cardoso faleceu ontem à noite na estação de Santa Apolónia, vítima de um fulminante aneurisma cerebral (...) - 07-01-96."
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