16.2.05

"Um Imenso Caldeirão" (12)



Estava há meia hora a tentar telefonar.

Vinda directamente do meio rural, a sexagenária de cinzento e preto vestida barafustava com a máquina queixando-se de que nem conseguia marcar o número todo.

No entanto, orgulhosa como sempre fora, senhora de si desde a morte do seu marido havia mais de trinta anos, recusou-se a pedir ajuda.

Eu, só pelos comentários, percebi que o número estava incompleto, desactualizado, que o indicativo decerto mudara para três dígitos. Mas recusei-me a ajudar voluntariamente em virtude da arrogância campónia que entendi existir.

Ela também não cedeu a um pedido de auxílio.

Desapareceu a resmungar.

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