Estavam a despedir-se havia já largos minutos. Não muito longe de mim. Sussurravam carícias, os olhos cheios de amor. Era mais uma separação que tanto custa. Quem os visse decerto julgaria que ele ia para a guerra ou, como era ela quem ia apanhar o comboio, que já estavam a enviar as mulheres e as crianças para fora da cidade, fugindo à frente de batalha.
Só não existiam lágrimas. O adeus tinha igualmente, vá lá perceber-se, muita esperança. O reencontro era certo, e eu questionava-me sobre quando seria.
Curiosamente não foram para a gare. Talvez para evitar aquelas deprimentes e muito vistas despedidas em andamento. A poucos minutos da partida ele falou:
- ‘Té logo. - uma convenção. As suas despedidas seriam sempre assim.
- ‘Té logo. - respondeu... A voz fugiu-lhe.
- Fico à tua espera...
- Mas não muito. Garanto-te que amanhã a minha mãe tudo fará para que chegue a horas do meu casamento.
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