17.2.05

"Um Imenso Caldeirão" (13)




- Vem comigo.

- ... Não posso...

- Podes sim. Vem comigo.

- ...

- Amas-me?

- Mais que tudo.

- Então vem.

- Não posso... Deixar tudo o que tenho...

- O que importa isso? O que é isso?

- É o seguro. É o meu.

- Como podes ser tão egoísta? Se me amasses verdadeiramente não custava nada. E vinhas.

- Eu quero, mas...

- Tens medo?

- Não é medo, é...

- ... É uma pena. - com as lágrimas a correr cara abaixo ela partiu. Ombros caídos, mas decidida. Não podia perder a vida por causa de alguém que deturpa o amor.

- Mas, e o meu bairro? A minha terra? Os meus hábitos? Sim, não tenho emprego, não tenho família, não tenho... - ficou a falar sozinho, braços estendidos, palmas das mãos para fora.

Saiu da minha frente a abanar a cabeça, como se os seus argumentos facilmente contrariassem a posição dela. Como se sempre tivesse a razão do seu lado.

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