22.12.04
Votos
Eu volto para ano.
Espero que 2005 traga melhores dias, que tenha menos oportunidade para escrever irado, que possa comentar muitos filmes e livros, e possa continuar a acolher as vossas visitas.
Desejo que os leitores do "Urso Polar", que concedem minutos preciosos das suas vidas para ler o que vou vertendo ao sabor dos dias, possam encontrar em 2005 aquilo que lhes permita viver satisfeitos, bem dispostos e, porque não, felizes.
Boas Festas.
20.12.04
Prendas de Natal
e nada mais interessa.
A dado ponto, os nossos pais decidem que devemos passar a contribuir para o amontoado de embrulhos, e que deverão ser abertas prendas oferecidas em nosso nome. Mas, e ainda que restritas ao núcleo familiar, tais prendas são compradas por eles, pelos pais. Ou então são eles quem nos dá o precioso dinheiro para as comprar. Ainda assim, começa a preocupação. Temos que pensar naquilo que vamos oferecer. E aparecem as primeiras surpresas, quando a prenda que julgamos perfeita não obtém uma reacção de entusiasmo total da parte do ofertado.
Paralelamente aproximam-se aquelas noites de Natal em que já não nos interessa receber brinquedos, livros, música ou goluseimas. Passamos a ver o aspecto monetário da coisa e queremos é que pais, tios, avós, sei lá quem, contribuam para o fundo monetário dos dias que se seguem. Ao entrar na adolescência uma boa noite de Natal cabe num bolso. Desde que o encha de notas.
Quando damos por isso, já as noites de Natal se repetem, e já nós temos as preocupações que outrora víamos aos nossos pais. Precisamos de uma prenda para toda a gente. Se me esqueço da empregada fico mal visto, porque ela trás sempre uma inutilidade qualquer, ou uns bombons do LIDL. Se Fulano ou Sicrano decidem aparecer e não tenho uma prenda para eles é uma desgraça...
Então, o Pai Natal morreu. E a única forma de o resuscitar é aparecendo crianças na família. Filhos, sobrinhos, sei lá... putos. Quando nascem novos putos, as noites de Natal voltam a ter cor e encanto. As prendas dos adultos ficam para segundo plano enquanto tudo olha para o último brinquedo desembrulhado e o brilho nos olhos do fedelho que se lambuza numa onda de brinquedos.
Coligados, insistimos em manter o mito. Lá vem o Pai Natal. E ficamos contentes por enganarmos a criança que estimamos, assim como outrora fomos enganados.
Recordo o dia em que entrei na cozinha (sim, lá em casa as prendas apareciam em cima do fogão, porque era debaixo da caminé, por onde descia o tipo das barbas) e vi uma bicicleta, com rodinhas de lado, empinada no fogão. A minha primeira bicicleta foi um momento de estúpida alegria.
São momentos inesquecíveis e irrepetíveis. Eram, sem dúvida, os melhores Natais. E são Natais assim que queremos dar aos rebentos da família. Por isso nos preocupamos nas compras. Para que tudo corra bem e todos fiquem satisfeitos, a contemplar a excitação dos mais novos. Dos que ainda acreditam no Pai Natal.
PS: Se quiserem uma apreciação científica sobre o gordo de barbas brancas e pijama vermelho, espreitem aqui e descubram aquilo que, por acaso encontrei (eheheheh).
16.12.04
Anos '80 - 80 memórias (21)
Durante os anos 80 fu ium consumidor, por vezes alarve, de gelados OLÁ. Naquela década apareceram e desapareceram gelados. Dos que ainda existem, pouco há a dizer. Talvez o Calipo seja um ícone, se bem que as únicas razões pelas quais era, por vezes, comprado, eram ser barato e durar imenso tempo a consumir (como seria natural para um pedaço de sumo em gelo).
A OLÁ tem gelados que remontam aos anos 70 e ainda perduram. O Epá, o SuperMaxi, o Perna de Pau, os Corneto de morango e chocolate. Tudo gelados que resistiram ao tempo e já ultrapassaram os 30 anos de vida.
Porém, outros houve que se perderam no tempo. Agradavelmente, a marca tem vindo, nos últimos anos, a recuperar "edições limitadas" dessas memórias. Já o fez para dois desses gelados, dois dos meus favoritos de sempre, que com grande prazer reencontrei. Falo do Corneto de Tangerina, e do Fizz de Limão.
Mas outros houve, igualmente saudosos. Numa altura em que o topo da gama era preenchido pelos Corneto de chocolate, morango e moka, usualmente acompanhados por um quarto sabor, a OLÁ lançou um outro gelado, ainda maior, mais caro. O verdadeiro topo de gama. O Supercorneto.
O primeiro Supercorneto era, para mim, uma verdadeira delícia. O seu sabor era Ginja. Sim, Ginja. Misturava doce e ácido, e era grande. Cedo desapareceu, submerso nos convencionais sabores do chocolate e baunilha, para minha tristeza.
Havia também o Kilimanjaro e o Krisppy.
Era comum comer dois cornetos de seguida. Saía mais barato que um gelado dos bons, na geladaria e era mais alarve. Uma vez, recordo-me, comi quatro cornetos de seguida: um de cada sabor. No final da década ia com amigos correr para o Estádio Nacional no circuito de manutenção e, quando voltava para o comboio, comia um Corneto e um Magnum, iguaria que naquele ano tinha aparecido.
Era um bruto, admito-o. Até porque os gelados nem eram assim tão bons. Eram aqueles que tínhamos disponíveis a toda a hora, e em todo o lado.
Com os meus amigos, por vezes, para compensar o "investimento", cada um comprava no supermercado uma Vienetta ou outro desse tamanho, e levávamos para casa onde, frente à televisão, vendo um filme, as devorávamos num instante.
Porém, este post destina-se à nostalgia dos sabores perdidos. Que a OLÁ continue a recordá-los nas suas "edições limitadas".
13.12.04
Instável
Em Portugal a terra treme. Os apocalípticos temem o fim do Mundo, os azedos ameaçam com réplicas piores. Os optimistas dizem que o pior já passou. Os outros perguntam o que aconteceu hoje na "Quinta das Celebridades"
Em Portugal a terra treme. Solidário com a instabilidade, política, económica, mental, o chão deu um ar da sua graça. Se calhar limitou-se a suspirar de alívio quando Santana Lopes assumiu a demissão do Governo.
Em Portugal a terra treme. Em vez de 5,4 na escala de Richter, foram 4-1 na escala de Belém. Os benfiquistas aproveitam o tremor de terra para esquecer o tremor de pernas.
Espero nunca ver a terra tremer de forma a que ruínas nasçam a meu lado. Como todos os anos, algures no planeta Terra, acontece quando a terra treme.
Incrível
"The Incredibles"
Fui ver esta pérola do cinema. É, mais uma vez, uma demonstração da qualidade da animação que se consegue com computadores. Os personagens, as situações, os cenários são um hino à animação, à banda desenhada, à aventura e ao humor.
Se a PIXAR já nos habituou a padrões de qualidade superiores, este é mais um filme para confirmar tal reputação.
A começar pela ideia base na qual assenta todo o filme. Certamente já todos lemos histórias com super-heróis, e seus super-poderes. E, quando os usam para combater os "maus", acabam sempre por destruir o cenário. Então, quem suporta os custos de tais combates? Os prédios arruinados, as pontes caídas os bairros que explodem?
Este filme assenta na "reforma" dos super-heróis, condenados a integrar-se na sociedade, renunciando as seus poderes e a intervir, por a população já não aguentar a intervenção dos super-heróis. Assim, frustrados, os personagens principais vivem no presente, até que algo os leva a voltar ao activo. A diferença está em que, entretanto casaram e têm filhos, também eles com alguns dotes, perderam prática, e perderam a forma.
Filme para toda a família, tem referências que, dependendo da idade, serão mais, ou menos, compreendidas, mas que nos deixam um sorriso nos lábios. Recomenda-se, naturalmente, a versão original. Por muito boa que seja, até hoje nenhuma dobragem me convenceu.
E, já agora, apesar do Natal que se aproxima, mantenham-se em forma.
A razão da emoção
Não há muito lugar par dúvidas, neste país que é Portugal. Aqui, só dois partidos poderão ganhar as eleições: o PS ou o PSD, inclinando-se actualmente a balança para o primeiro. Partidos como o PP, o PCP e o BE não têm essa veleidade. E se à direita, é fácil ver o PP num Governo, como foi o caso dos dois últimos anos, à esquerda não acredito que o PS alguma vez poderá coligar-se com o PCP ou o BE. E porquê? Porque o discurso destes dois partidos com representação parlamentar depende da sua radicalização, a qual não é compatível com uma posição de governo. E exigir mundos e fundos pela sua pequena percentagem é cedência que PS, ganhando as eleições, não poderá fazer.
Temos, então, alguns meses até às eleições. Meses esses que serão desperdiçados.
A decisão da vitória entre PS e PSD não passará pelo voto esclarecido, mas sim pelo voto emocional. Cada Partido tem os seus votantes incondicionais. Depois, entre estes dois, haverá gente que acreditará mais no projecto de um ou de outro. Finalmente, o grosso dos votos dependerá da emoção.
Por isso, duvido que as semanas de pré-campanha e campanha que se seguem venham esclarecer os votantes. Isso não interessa. O que importa é emocionar os eleitores e levá-los a ir lá depositar a cruzinha onde interessa.
O PSD vai apelar à emoção da vítima, do coitadinho, diabolizando o PR e colando-o ao PS, para invocar o risco de conluio socialista institucional. O PS vai apelar ao sentimento de volatilidade e insegurança que Santana Lopes trouxe ao país, personalizando a contenda . O PP ou vai colar-se à vitimização (se aparecer coligado), ou vai desmarcar-se do PSD, acentuando a imagem que foi prejudicado pela ineficácia do outro partido do Governo. O PCP vai divulgar a cassete, o disco já riscado e que frutos certamente não dará. O BE vai gritar bem alto as suas bandeiras mais controversas, atacando tudo e todos.
O povo português não ficará esclarecido. Irá votar emocionalmente. Assim como vota num daqueles programas de televisão. Assim como escolhe a roupa que veste ou a revista que compra. E, enquanto assim for, de nada interessa governar com qualidade, pois esta não granjeia votos. E mais vale uma inverdade, uma meia-verdade ou mesmo mentira com impacto, que seja difundida na TV, na rádio e nos jornais, que uma grande verdade, uma decisão estudada, ponderada e acertada.
E, tal e qual como numa eleição para qualquer associação de estudantes, ou associação académica, o que importa é a "bujarda" e o caciquismo.
Bota aí a cruz e até às próximas eleições.
7.12.04
"Chiu!... Olh'ó corrupto"
José Miguel Júdice apontava que, não obstante serem graves os crimes de abuso sexual de menores, o lenocínio, ou, obviamente, o homicídio, o verdadeiro risco para a sociedade portuguesa e o próprio Estado de Direito é a corrupção.
Um amigo meu, em conversa sobre o tema, apontou algo que me parece extremamente correcto. Nem são os "mega-casos", de grande corrupção que se vêem em Portugal. Ao contrário da Alemanha, não temos, ou pelo menos não estão desmascarados, casos de corrupção a um "alto nível", casos chocantes pelos valores e indivíduos envolvidos. Temos algo muito pior. Temos a corrupção generalizada, por vezes mesquinha, a todos os níveis da organização social, e aceite pelo cidadão que prefere entrar no jogo a combatê-la.
Vem isto a propósito do caso "apito dourado", como foi baptizado, ou seja, o único caso conhecido que anda a mexer na pia do fenómeno desportivo. Durante anos ouvimos vozes indignadas apontar que o futebol estava corrompido, que havia árbitros e dirigentes envolvidos em relações "perigosas", de favorecimento de certos clubes e prejuízo de outros. Porém, como o circo continuava, havia jogos para discutir e casos para comentar, tal não pareceu afectar o cidadão comum.
Mas devia.
Em primeiro lugar, porque está em causa um fenómeno desportivo, e o desporto deveria contribuir para incutir valores de correcção, e premiar os mais aptos, os que mais trabalharam, os que mais conseguiram.
Depois, está em causa um fenómeno que envolve milhões de euros. Veja-se, por exemplo, quanto dinheiro ganhou o FC Porto o ano passado, entre prémios de jogos, receitas de bilheteira e comércio de artefactos relacionados com o clube e os seus feitos. Calcule-se o que perderam os clubes que desceram para a II Liga.
Pior do que isso, é saber que grande parte das verbas movimentadas pelos clubes de futebol são verbas públicas, incentivos, compensações, ajudas. Veja-se o investimento nos dez "estádios do Euro 2004" e o retorno para a Nação que agora está a ser retirado. Quem ganha com aqueles estádios? Os clubes. Tirando o do Algarve, que estará às moscas. Os municípios? Caramba, não se fale em Câmaras Municipais que aí parece que tudo vale.
Por tudo isto, sinto a mesma perplexidade que Pacheco Pereira ao ver milhares de adeptos de um clube a apoiar o seu Presidente, quando este se encontra envolvido numa investigação relativa à corrupção no futebol. Não que queira pôr em causa a presunção de inocência que assiste a qualquer arguido até condenação em juízo transitada em julgado. Mas creio que há limites.
Eu compreenderia com naturalidade que amigos e familiares viessem dar o seu apoio, porque têm uma relação pessoal com o arguido e certamente acreditarão na sua inocência. Agora, milhares de adeptos? Sinto a perigosidade da fé cega na inocência de alguém que se conhece apenas pela sua vida pública.
Foi algo que já senti em casos como o de Vale e Azevedo, e de Paulo Pedroso. Agora Pinto da Costa. Milhares de pessoas em desagravo...
Outra conclusão que se pode retirar de tal apoio, é a da tal aceitação do fenómeno corruptivo na sociedade portuguesa. As pessoas estão habituadas ao "jeitinho" que o amigo da amiga fez para resolver as coisas mais depressa, para passar à frente, para ver aprovado o que não é aprovável, para ganhar aquele concurso, aquela vaga. A "cunha", as "luvas", a "gratificação".
O honesto, que não entra no jogo, continua a ser lixado, ultrapassado, preterido.
É, efectivamente, este o perigo para a sociedade, para o Estado. A convicção de que a via alternativa, por baixo da mesa, com o desrespeito das regras instituídas é a forma "normal" e adequada de obter aquilo que se pretende. Espezinhando o próximo.
Era eu jovem dava na TV um programa com o Jô Soares em que ele tinha um personagem com uma gaiola na mão onde transortava um "corrupto". E o animal agitava-se sempre que se falava de alguma coisa que envolvesse dinheiro e corrupção. Creio que, se o bicho estivesse em Portugal, não pararia quieto (a frase do título deste post era dita enquanto o Jô tentava acalmar o bicho).
Espero que se combata este fenómeno. E a única forma de cada um fazer alguma coisa por isso, é a de recusar entrar no "jogo" e denunciar aqueles que o jogam.
6.12.04
Anos '80 - 80 Memórias
Foi com pouco mais de dez anos que comecei a interessar-me por um desporto que, à primeira vista, não passa de um carrossel em formato gigante. Falo da Fórmula 1 e dos seus Grandes Prémios. Quem hoje espreitar uma transmissão de um GP certamente acreditará nisso, tal é o bocejo em que se transformaram as corridas, tal o domínio de um piloto e de uma marca sobre os demais.
Nos anos '80 não era assim. A equipa que tivesse a melhor máquina, o melhor conjunto chassis/motor, capaz de dominar as demais, tinha, em regra, dois pilotos de elevado nível a digladiarem-se pelo título. Foi assim com Niki Lauda e Alan Prost; foi assim com Prost e Ayrton Sena; com estes e com Nigel Mansel, Nelson Piquet, Keke Rosberg, Michele Alboreto, Gerhard Berger.
Houve campeonatos com quatro candidatos ao título a três corridas do fim (1985); campeonatos decididos por 0,5 ponto (1984); campeões que apenas ganharam uma corrida na época (1982, salvo erro). As corridas tinham inúmeras ultrapassagens.
Os pilotos tinham máquinas que rodavam em regra com 800 ou 900 cavalos, mas que, com um botão que aumentava a pressão do turbo, chegavam aos 1000 ou 1100 cavalos, acelerando bruscamente para a ultrapassagem. Depois, por vezes, a gasolina não chegava ao fim, porque abusavam do expediente. Eram tempos em que se viam carros aos "esses" a tentar fazer com que os últimos restícios de gasolina chegassem ao motor para alcançar a meta, ali perto. Tempos em que pilotos, como Elio Di Angelis desmaiavam a caminho da meta, a empurrar o seu Lotus. Sim, os fantásticos Lotus com as cores negra e dourada da John Player's Special.
Tempos eram em que, de uma época para a outra, apareciam novidades nos carros que os outros à pressa tentavam copiar. Desde a caixa de velocidades semi-automática, aos controlos electrónicos, ou às asas aerodinâmicas originais, o nariz levantado, o nariz de tubarão... mil e uma novidades que, na pista, provocavam luta, competição.
As corridas do Japão e Austrália eram emitidas em directo, às quatro e às cinco da manhã, e tinham audiência. Voltou a haver um GP em Portugal.
Hoje a Fórmula 1 caminha num marasmo doentio. Eu, que sou adepto incondicional da Ferrari, fico aborrecido com o domínio da marca e do Schumacher. Não consigo ver uma corrida do princípio ao fim sem estar a fazer outra coisa, como ler o jornal ou passear em constante zapping. Eu, que adorava os GP, e não perdia um. Era capaz de ir tarde ou vir cedo da praia, só para ver mais uma corrida. Para torcer pelo meu piloto, pela minha marca.
Nos anos 80 a Fórmula 1 era um verdadeiro espectáculo.
Hoje, é uma memória.
2.12.04
Há momentos felizes
Na loja o tempo voa. Não perguntem porquê, mas é verdade. Livro para aqui, disco para ali, DVD para cá, mais uma BD para lá... e entretanto eram nove horas da noite e ia começar o concerto com Sérgio Godinho.
Sentei-me e apreciei aquele senhor da música, com roupagens novas em músicas antigas, e uma qualidade proporcional à antiguidade da carreira do trovador. A dada altura, entre músicas, diz Sérgio Godinho, mais ou menos isto: "... e ficamos em casa, a ver televisão, a ouvir as notícias... pelo menos hoje as notícias foram boas".
Grande parte do público exultou, aplaudiu e mostrou uma satisfação que, de imediato, me fez pensar: "Será que o Governo caíu?"
O resto do concerto foi desconcertante. Entre a dúvida e a esperança aguardei pacientemente. Ouvi o fim da exibição. Paguei as minhas compras e acelerei para o automóvel, onde liguei o rádio. TSF. Primeiras palavras que ouvi "... pelo que as eleições deverão ser em Fevereiro".
Gáudio. Satisfação. Mais vale tarde que nunca.
E foi um prazer sabê-lo por Sérgio Godinho.
Mas uma pergunta martela o meu espírito. Sr. Presidente da República, quanto custaram ao país estes últimos quatro meses?
Demorou a perceber, hem?
***
Quanto ao orçamento, que é a discussão do dia, que raio de posição é a do PSD/PP? Só votam o orçamento se Sampaio previamente disser que o promulga?
Meus amigos, se acreditam que o orçamento que têm é a melhor solução para Portugal, votem-no, aprovem-no, e esperem pela posição do PR. Se este vetar o orçamento, sempre dirão que fizeram a vossa parte. Agora, amuar é posição de puto, não de político.
***
Provavelmente o PS ganhará as eleições. Não é uma ideia reconfortante, pois tenho a opinião que Sócrates é um pouco o Santana Lopes do PS. Espero que junte uma equipa decente e competente, senão ficamos a modos que na mesma.
As máquinas partidárias estão satisfeitas. Começa a corrida ao tacho, ao lugar público, à gestão de fundos de campanha.
Eu estou satisfeito.
O Ministro da Justiça já não porá em prática algumas das suas (tristes)ideias. As SCUTS ficarão em banho-maria (atenção, não me oponho às portagens, desde que haja alternativas credíveis), a lei do arrendamento fica à espera de uma alteração eficaz, o código da Estrada fica mais uma vez à espera de ser publicado, esperemos que com ideias mais profícuas que o agravamento das coimas.
Portugal está parado desde que Barroso disse que ia para a Comissão Europeia. Para quem está atrasado, o que são estes seis meses, mais os quatro que se seguem?
29.11.04
Espectáculo Diário
Sabemos hoje que tal esperança foi vã, e no dia 2 de Novembro de 2004 uma maioria amedrontada, preferiu continuar com aquele Presidente, provavelmente só para não viver a incerteza sobre o estilo de governação do candidato democrata.
Por isso, é com um amargo de boca que vejo o meu programa favorito de informação (e que passa na SIC Radical com cerca de um mês de atraso) por onde passam figuras da política, e não só, norte-americana ainda cheias de esperança por uma vitória que nem por perto andou.
Falo do DAILY SHOW, with Jon Stewart.
Apresentado por um tipo com muita piada, inteligente, bem informado e com uma ironia corrosiva a equipa do Daily Show transforma informação, e factos verídicos, em comédia, e inventa o que for necessário para fazer mais comédia.
Porém, não se desvia assim tanto da realidade, pelo que nos permite aperceber de certas e pequenas coisas que ocorrem e que são irritantemente deploráveis.
Os seus "repórteres" são melhores que bons. São excelentes, e até parece que estão nos locais a relatar. É impressionante como, quando efectivamente saiem do estúdio, conseguem as entervistas mais irónicas quer com desconhecidos como também com figuras públicas. Com eles nada é sagrado, e todos têm um lado cómico e ficam desarmados perante as perguntas mirabolantes que inventam.
São eles
Ed Helms
Stephen Colbert
Rob Corddry
Samantha Bee
Steve Carell
E o comentador residente, que põe a um canto qualquer Professor Marcelo, o irado
Lewis Black.
Vejam, que não se arrependem. É na SIC Radical, às 21.00 horas de 2ª a 5ª, repetindo à hora de almoço de Sábado ou Domingo (não tenho a certeza).
Ultrajado
O discurso oco, plástico e falso, não consegue, sequer, manter agregados os seus sicários. Se foi para esta estabilidade que o Sr. Presidente da República aceitou o governo liderado por PSL, então o melhor é respirar fundo, pois neste momento deve ter uma grande espinha enfiada na garganta.
Ainda vai a tempo para emendar a mão, senhor PR. Dissolva esta trampa de Governo que não governa e gasta muito dinheiro (em quanto orça cada remodelação) e é formada por gente que está mais preocupada em olhar para as costas com medo de ter uma faca enterrada nas omoplatas, sem qualidade para guiar o barco. Assim como assim, Dr. Jorge Sampaio, tem medo de quê? de Ficar impopular? Deixe lá, que constitucionalmente já não se pode recandidatar e, depois de PR apenas sobra a reforma.
A cada dia que passa sinto o ultraje de um Governo não eleito, incompetente e instável, a atrasar irremediavelmente o país, com operações de charme e cosmética sem fundamento estrutural.
26.11.04
Não é dificil fazer previsões, pois não?
Irra!, que não há paciência.
Como diria um anarquista sem outras soluções plausíveis: "Isto só à bomba!"
25.11.04
Por estes dias
Tudo o que não interessa. Oiço discutir o historial biográfico dos juízes, os boatos e rumores sobre os factos e os arguidos, e vejo convicções na praça pública a julgar aquilo que apenas aos Tribunais cumpre julgar.
O processo é uma autêntica pérola reveladora do que é o nosso processo penal. Trata-se de forma idêntica o que é diferente e complica-se o apuramento da verdade com um excesso de formalismo burocrático.
Por muitos factos que tenha a acusação, deduzida contra muitos arguidos; por muito vastas que sejam as contestações; por muitos que sejam os documentos juntos para prova, não posso aceitar que um processo atinja, fisicamente, os noventa volumes. Cada volume tem 200 páginas. 18.000 folhas de processado! Estamos a falar de um processo que, por si, tem tanto papel como 100 processos de tamanho médio.
É uma tarefa hercúlea, julgar algo assim, e desde já aproveito para deixar publicamente expressos os meus votos de bom desempenho das suas funções às duas Juízes do colectivo, porque as conheço pessoalmente e julgo que merecem tudo de melhor.
Temo, contudo, que o trabalho da primeira instância, venha a ser inglório.
O estilo utilizado por algumas das defesas permite antever uma autêntica batalha sem tréguas, onde vai ser mostrada toda a panóplia de expedientes que podem enrolar a meada enchendo-a de nós e não permitindo que se tricote o que quer que seja.
A montanha irá parir um rato. E em vez de se procurar extrair preciosas informações para compreender as falhas do sistema, corrigindo-o, aperfeiçoando-o e evoluindo, bodes expiatórios serão encontrados, "queimados", alterações legais fúteis e desenquadradas serão realizadas e ficará tudo na mesma ou pior até ao "escândalo" seguinte.
O timming não poderia ser melhor. Entretidos com o Casa Pia, com o FC Porto a discutir a liga dos campeões, poucos escutam, sequer, a notícia da remodelação governamental.
Alto!, dirá PSL, não é uma remodelação, é um ajuste, um acerto na distribuição das pastas.
UMA TRETA!!! O Governo actual é a maior nódoa que já passou por São Bento, e faz-me ter impensáveis saudades do prepotente Cavaco da segunda maioria absoluta, ou do incapaz Guterres do segundo mandato. Este Governo transpira lodo, respira pântano, e contamina tudo aquilo em que mexe, pouco fazendo, mas muito estragando. E, como os meninos estão importunados com as queixinhas que deles fazem, mudam-se as cadeiras e diz-se ter resolvido o problema.
Nunca foi tão verdadeira a frase "as moscas mudam mas a merda é a mesma".
Aparentemente o STA revogou as decisões de 1ª e 2ª instância e decidiu que o Tunel do Marquês pode continuar. Esperemos não arranjar outro buraco como o de Campolide ou o do metro no Terreiro do Paço (há quantos anos estão em obras a tentar recuperar este túnel?). A casa que vou comprar está, espero, suficientemente longe da Rotunda do Marquês para não sofrer quando se der o afundamento.
Espero igualmente, muito sinceramente, que durante esta paragem se tenha estudado melhor a obra, e que não se cometam erros já muito habituais nas nossas obras públicas. Contudo, sou capaz de apostar que o túnel só estará pronto... lá para finais de 2008. Alguém quer apontar outra data?
24.11.04
Ânimos exaltados
Ouvi falar em "violência", em "desproporcionalidade", em "abusos" e "prepotência das autoridades".
Está tudo parvo?
Não ponho em causa a luta de Canas a Concelho, apesar de não me interessar minimamente, de desconhecer os argumentos, e achar que anda muita gente a pôr-se em bicos dos pés para ser concelho só porque tem rivalidades com os vizinhos que efectivamente são concelho. Num interior cada vez mais despovoado, custa-me compreender, por vezes, as teorias da divisão para governar melhor (?).
Mas, adiante. Um grupo, muito reduzido, de cidadãos sentou-se na estrada, uns agarrados aos outros, interrompendo o trânsito. Técnica de manifestação que um governo de Cavaco criminalizou após os incidentes na ponte 25 de Abril, impõe a intervenção policial para que lhe seja posto fim. São as regras do jogo. A polícia tem que intervir, o manifestante tem que resistir, mas há limites que convém não ultrapassar, como seja o da violência. Quem o fizer, rapidamente perde a razão.
As forças policiais foram aprendendo isso (viu-se com os ingleses no Algarve, durante o Euro) e ontem demonstraram mais uma vez o quanto têm evoluído. Sem violência, repito, sem correrem com os manifestantes à bastonada, fizeram um cordão que não permitiam que fosse ultrapassado, apenas reagindo com empurrões às investidas desenfreadas dos populares que estavam do lado de fora, e com a força dos braços pegavam nos manifestantes que estavam na estrada e depositavam-nos fora do perímetro definido.
Os manifestantes contorciam-se, gesticulavam, abanavam-se e os agentes da GNR não usavam mais força que a necessária. Não vi ninguém ser batido (excepto um GNR que creio ter levado um tabefe no meio de uma confusão), lançado ao solo e dominado com agentes em cima de si, não vi a apregoada violência.
Caramba, quando à dez anos o Corpo de Intervenção espancou (é este o termo) a torto e a direito os estudantes que se perfilavam em frente à Assembleia da República, ou os trabalhadores da TAP que estavam em greve, ou os trabalhadores na Marinha Grande, que foram perseguidos de bastão em punho, desferindo pancada mesmo naqueles que se refugiavam em casas, aí sim, havia manifesto excesso nas intervenções. A polícia agia com muita violência e era legítimo protestar.
Mas ontem?
Meus amigos, qualquer manifestação corre o risco de ser desmobilizada pela polícia. Se queriam ter mais sucesso, em vez das quatro ou cinco dezenas de manifestantes tinham que juntar quatro ou cinco milhares. Então, talvez lhes fosse dada voz. Mas, seguindo o princípio da proporcionalidade, creio que o Presidente da República tem razão quando diz que aquela exigência e forma de actuação é, actualmente, uma afronta à democracia em que vivemos.
E a polícia, pois bem, a mesma tem as suas funções e temos que respeitar o exercício correcto das mesmas. Sem tolerar desmandos ou excessos, há que aceitar aquilo que ontem vi.
Sob pena, então, de vivermos uma anarquia.
23.11.04
Anos '80 - 80 memórias (19)
Nos anos 80 iniciou-se o processo que pôs fim às BD's traduzidas em brasileiro. Eu era grande consumidor de livros aos quadrinhos, fossem eles da disney ou de cowboys, ou policiais ou de guerra. Tinha parentes e amigos com muitos, muitos livros, e emprestávamos uns aos outros os mesmos exemplares vezes sem conta. Líamos e relíamos as mesmas histórias e por vezes discutíamo-las, como se de um clube de leitura se tratasse.
Quanto à língua brasileira, tenho a certeza que é preferível ter os livros em português de Portugal. Porém, seja pela idade seja porque objectivamente assim passou a ser, a partir do final dos anos 80 comecei a achar que as histórias dos livros da Disney se tornaram aborrecidas, demasiado "politicamente correctas" e até mesmo irritantes. E sempre associei essa mudança à mudança do idioma da tradução.
Quem não cresceu com as aventuras de Pateta, Donald, Mickey e os Metralhas, Mancha Negra e Bafo de Onça, Patinhas e Maga Patológica, Peninha (e o Pena das Selvas), Super-Pateta, Super-Pato, Vóvó Donalda, Zézinho, Huguinho e Luisinho, Margarida e Clarabela, Horácio e o Gastão, Patacôncio e tantos, tantos mais.
Quem não recorda a turma da Mónica, com o Cebolinha, a Magali das melancias, o Pélézinho e o desgraçado do coelhinho a levar nós nas orelhas...
E depois aqueles mais antigos que adorava, que eram os livros da colecção Condor, e da colecção FBI, onde havia histórias do Major Alvega (Jaime Eduardo de Cook e Alvega, o luso-britânico piloto da RAF que combatia os malvados alemães), policiais e "cobóiadas". O meu favorito: Tex, cujas histórias tinham acção e boa-disposição.
O meu gosto pela BD vem desses livros e manteve-se no tempo, evoluindo, contudo. Por isso, quando hoje vou, por exemplo, à FNAC, a secção da Banda Desenhada esmaga-me, pela vontade de tudo comprar. O preço, porém, proíbe tais desvarios, pelo que muitas das vezes pego num livro, sento-me e leio-o ali. Hoje, tudo em português, ou na versão original. O "brasileiro", ou português do Brasil, evaporou-se.
Dificuldades no Blogger
Infelizmente o acesso bloqueia ali, pois nem consigo sair daquelas páginas, nem entrar na minha.
Esperemos que seja um desvario passageiro do serviço...
19.11.04
Em português, por favor.
O que é isto?
O que é que estão a perguntar?
Sei lá.
Isso é só para dar mais dinheiro aos políticos.
Acho que nem vale a pena lá ir, se não conta para mudar o governo.
Estes serão os comentário mais ouvidos relativamente ao referendo que pretendem fazer...
São perguntas destas que nos fazem perceber que, não importa quem esteja no poder, os partidos portugueses que acedem ao poder executivo e legislativo são demasiado parecidos para nos deixar seguros que, com alternância, se manterá o comboio nos carris.
E que história mais absurda foi aquela do Velho Dinossauro Mário Soares dizer que, se não estivéssemos na União Europeia, por esta altura, já teria havido um golpe militar? Que o homem diz disparates, já eu sabia... mas que está tonto de vez é que ainda não me apercebera.
Bom fim-de-semana.
17.11.04
À queima-roupa
Falo, obviamente, de cor, mas os casos de stress pós-traumático, e tudo aquilo que li, escrito por quem foi, de facto, combatente, permitem-me dizer que uma guerra muda o homem vestido de soldado.
Ao soldado pede-se que obedeça, que não pense para além das ordens que lhe são dadas, permitindo-lhe apenas escolher entre fazer aquilo que lhe é ordenado de uma forma ou de outra, se porventura o seu superior lhe der oportunidade de escolha.
Ao soldado pede-se que mate. Ao longe, mais perto, no corpo-a-corpo.
Ao soldado pede-se que morra, e que não questione o momento da sua morte, decidido no calor da batalha enquanto a sua identidade se perde na frieza de um exército e nos números das baixas mais tarde reveladas.
Ao soldado pede-se que não seja uma pessoa, um homem. Ao soldado exige-se o maquinismo frio de um aparato de guerra.
Ontem, grande celeuma se levantou com as imagens captadas por uma câmera da CBS que acompanhava uma companhia em Falujah, respeitante à execução de um combatente iraquiano. São, sem dúvida, imagens chocantes.
A companhia entra numa construção, um espaço amplo com janelas, pejado de corpos de iraquianos. São os mortos e os feridos ali abandonados pelos seus companheiros e, ao que consta, há mais de 24 horas sem assistência. Os militares norte-americanos invadem o espaço assumindo rotinas de segurança, e começando a abordar os corpos deitados, distinguindo entre mortos e feridos, avaliando os perigos que possam existir. É então que um dos soldados começa a vociferar contra um dos iraquianos, dizendo que o indivíduo estava a fingir-se morto quando estava apenas ferido.
Berros, palavrões, diria mesmo um diálogo alucinado que termina com o acto de, a dois ou três metros do corpo estendido, o erguer da arma ao ombro e um disparo à queima-roupa.
"Agora sim, estás morto", foram as palavras (cito de memória) do soldado. Segundo o repórter da CBS o tiro acertou na cabeça do iraquiano.
A conduta do soldado é condenável, sem dúvida, pois nas guerras também há regras, e esta actuação está para além do permitido. Porém, quando se colocam milhares de homens naquelas condições, pesadamente armados e com ordens para matar o inimigo, é natural que ocorram tais eventos. Ao que parece o soldado teria até sido ferido na véspera.
A única diferença entre esta e as outras vezes foi a câmera ali ao lado que divulgou as imagens pelo mundo. Porque não tenho dúvida que, em qualquer guerra, esta cena se repetiu e repete vezes e vezes sem conta. A ficção castrense está pejada de exemplos, e não acredito que os autores inventassem todos o mesmo tipo de comportamento. Quem viveu guerras certamente terá conhecimento de atrocidades praticadas contra ou pelos seus irmãos de armas.
Este soldado ficou marcado. Pelo menos conseguiu um dos seus desejos mais que certos: deixou a frente de combate. Foi suspenso das actividades bélicas e aguarda o desenrolar do inquérito. Creio que os EUA arranjaram mais um bode expiatório para se mostrarem exemplares e implacáveis. Porque no teatro das operações, apenas mostram a ineficiência natural de uma operação mal iniciada.
16.11.04
Comunicação Social e memória
Trinta anos depois é curioso como se conseguem manter actuais algumas das considerações. É certo que a maioria dos argumentos são datados e eivados de uma ideologia e de um espírito "revolucionário" que hoje não têm paralelo. Mas os perigos são os mesmos.
A diferença é que naquela altura, animados pela sede de liberdade, pelo excesso da revolução, pela inconsciência da provocação que poderia descambar em guerra civil, a diferença, dizia eu, está na mobilização popular. Assim como foram destruídas sedes do PCP e de outros partidos da extrema esquerda, foram tomadas as direcções dos jornais, televisão e rádios. Da esquerda à direita a massa, quantas vezes manipulada e desinformada, reagia e obrigava a intervir para retomar o caminho a direito.
Hoje, vêem-se manobras de bastidores, golpes de "administração", danças das cadeiras nos lugares chave, e uma vergonhosa manipulação da comunicação social aos interesses "do capital e do governo de direita".
E chegamos a um ponto que há quinze anos julgava impensável. Numa altura em que o jornalismo ainda tinha credibilidade...
15.11.04
Coisa estranha...
As minhas capacidades digitalizadoras não foram brilhantes e não consegui digitalizar o anúncio num formato que o Photobucket aceitasse. Por isso, enquanto o não fotografo e, depois, junto a imagem, cá fica o teor do dito anúncio:
DEPUTADO, em bold e sublinhado, era o título. Talvez por isso me chamasse a atenção quando o seu destino era já o da reciclagem via wc felino.
Por baixo, estendia-se o texto que segue.
"Ex-militante do PSD ofereço-me para qualquer partido de esquerda. Não sou como o Tino de Rans, sei falar e atacar. Cansado deste maldito desgoverno de 2 anos e meio. Aos jornalistas pergunto: Vamos reeditar o Jornal do Medo, Actualidades, Barricada do qual fui colaborador no tempo de Salazar? Estou pronto mesmo sujeito à A.A.C.S., PIDE, censura ou outros. Porquê ninguém respondeu? Já sei, podem telefonar para 966 803 594."
Estranho, não é?
Aceitam-se opiniões sobre o que raio foi este anúncio.
Logo que o tiver fotografado, ponho-o no blog só para o mostrar...
11.11.04
Anos '80 - 80 memórias (18)
Quem não se lembra deles? A melhor série de desenhos animados dos anos oitenta (bastante imparcial, não sou?) e que, ainda hoje, é espectacular.
Recordo-me de ter uma camisola de alças, com aquela cor castanha-esverdeada, que a minha mãe queria fazer desaparecer, mas que tinha a minha resistência por causa do Conan. Era um ídolo. As suas emocionantes aventuras enchiam as brincadeiras nas tardes solharengas e ainda hoje são inesquecíveis.
O arpão. O mergulho durante uma eternidade, tal a sua capacidade de suster a respiração. As quedas gigantes. Segurar-se apenas com os dedinhos dos pés. Os gritos: "LANAAAA!!!", "CONAAAAAAN!!!", "JIMSYYYYY!!!", "OGI-SAAAAAN!!!"
Em Julho de 2008 deu-se a III Guerra Mundial. A utilização de armas magnéticas colocou a Humanidade à beira da extinção. Metade do Mundo desapareceu pois a crosta terrestre partiu-se, a Terra foi desviada do seu eixo, e os continentes foram divididos e quase integralmente afundados nas profundezas do mar...
Um grupo de pessoas tentou fugir para o espaço mas a nave caíu, despenhou-se numa pequena ilha e assim sobreviveu miraculosamente à devastação.
Conan nasceu e cresceu na ilha. Foi a primeira vida pós-holocausto para aquele grupo e uma centelha de esperança. Anos depois, só Conan e o seu avó adoptivo estão vivos, isolados na ilha. Conan tem capacidades físicas incríveis e uma impulsividade, ingenuidade e bondade modelo.
Contudo, com o aparecimento de Lana na ilha tudo se altera. Conan é exposto à vida que existe para lá do oceano, em Indústria, onde ainda há tecnologia, armas e um desejo de reactivar as fontes de energia que alimentaram as armas que um dia destruíram o mundo.
Conan, O Rapaz do Futuro é uma mítica série criada em 1978 por Hayao Miyazaki, o realizador da hoje badalada "A Viagem de Chihiro" e acompanhou o fim da infância no início dos anos 80.
Recentemente lançado em DVD
de imediato comprei a primeira caixa. Já saíu a segunda caixa, com o resto da série, e já a tenho na prateleira, à espera de oportunidade para a começar a ver.
Os primeiros treze episódios foram revistos, estes anos depois, com um prazer incrível. Hoje sou incapaz de ver apenas um episódio de cada vez, pelo que fico a pensar como aguentava, naqueles tempos, durante uma semana para saber o que se iria passar no episódio seguinte.
Mas também me apercebo de motivos para as actuais mentes decisoras optarem por não repor a série. Conan sofre agressões brutais para um míudo, por vezes gratuitas. Jimsy bebe e fuma. Lana, de apenas 11 anos, é cobiçada pelo comandante de um navio que por ela está apaixonado... Hoje em dia tais abordagens não ficam bem na programação.
Mas ficam bem no DVD. Rever os episódios e admirar a qualidade da animação e a emoção das aventuras. Recuperar uma memória que, volta e meia, aparecia nas conversas. Quem, ao falar dos desenhos animados dos anos oitenta, deixou de fora o Conan? Só alguém muito distraído.
Um dia destes vou buscar outras animações. Há, pelo menos, mais uma tão inesquecível como esta. Quem adivinha?
9.11.04
Anos '80 - 80 memórias (17)
Apareceram em força nos anos oitenta e vieram mudar os nossos hábitos de vida. Primeiro os Beta e depois os VHS, e durante algum tempo discutiu-se qual seria o formato melhor. Discussão fútil pois o Beta foi completamente obliterado e quem gastou dinheiro num desses aparelhos ficou agarrado a um inútil monte de tecnologia.
Pensando bem, apesar de me lembrar das cassetes beta, mais pequenas, não me recordo de qualquer leitor deste formato.
Mas ficou o VHS. A cassete que nos dava filmes a ver, por preços irrisórios, em comunhão com os amigos.
O primeiro filme de vídeo que vi, em casa do meu colega de carteira da escola, foi o "Desaparecido em Combate", com o Chuck Norris. Meia dúzia de putos no 8º ano a ver um filme de porrada e violência gratuita.
Com o aparecimento dos vídeo-clubes, aos poucos a ida ao cinema em grupo começou a ser substituída pela ida a casa de fulano para ver um filme. Dividia-se o aluguer da cassete, ou das cassetes, e passávamos horas a ver filmes.
Graças ao vídeo, vi os primeiros filmes porno, aos quais alguém sempre conseguia deitar a mão. Mas também filmes decentes, e variados, de Bruce Lee aos clássicos. Alguns anos mais tarde, as sessões tornavam-se nocturnas e prolongavam-se pela madrugada, o que chegou a dar-me problemas por chegar a casa tarde, sem avisar, apenas porque me deixei ficar a ver mais um filme...
Como de costume com as novas tecnologas, foi já tarde que o meu pai comprou o vídeogravador (aliás, hoje tem um leitor de DVD porque eu e a minha irmã lho oferecemos o ano passado). Com o aparelho, passei a poder gravar os programas "bons" da televisão e que, em regra passavam fora de horas e sujeitos a intervalos que chegavam a ter vinte minutos. Mas, então, já estávamos entrados nos anos '90 pelo que é uma memória de outra década.
Ainda hoje não dispenso o VHS, para gravar aquele programa que quero ver e não posso. Normalmente séries que estou a acompanhar. Pouco mais. Os filmes foram definitivamente adoptados pelo formato DVD e vê-los em VHS, sem aquele som que o digital proporciona já não é compensador. Pressinto que, brevemente, o formato de gravação em disco rígido será a solução generalizada para gravar o tal programa que não queremos perder.
Ainda assim, como podem ver pelo que vou escrevendo, não prescindo de ir ao cinema. Ainda que hoje, ver um filme em casa esteja muito longe daquele "Desparecido em Combate". Mas nada oblitera a memória daqueles aprelhos que apareceram com cassetes muito grandes e nos proporcionaram uma alternativa de hábitos.
8.11.04
Serviços Secretos
Querem ver um filme em que os agentes secretos têm forças e fraquezas, são personagens com conteúdo e sofrem porque, sendo peças do xadrez da espionagem, não dominam tudo o que se passa?
Querem agentes secretos que têm equipamento sofisticado, que realmente existe?
Querem acção condimentada com um enredo que exige concentração para acompanhar o desenrolar da história?
Então, vejam o filme "Agentes Secretos" de Frederic Shoendoerffer
Não sendo um filme deslumbrante é, certamente, uma proposta muito interessante pela abordagem "realista" do temo. Não só tem uma intriga a lembrar enredos dos filmes de espionagem na tradição britânica, como tem acção empolgante a condimentar o prato.
E tem Monica Bellucci, o que já é um incentivo para quem a aprecia... como actriz, obviamente.
Acompanhada por Vincent Cassel são uma dupla de agentes secretos franceses que vão intervir no campo do tráfico de armas do Leste da Europa para uma Angola onde recomeçou a guerra civil. Os interesses envolvidos nem sempre são claros e os agentes são manipulados ao sabor dos interesses da "Casa".
Não consegui deixar de pensar no Rainbow Warrior quando vi esta equipa de agentes a minar um navio. E mais uma vez fiquei convencido que, por mais efeitos especiais e dinheiro que os americanos usem nas suas perseguições automóveis de Hollywood, os filmes europeus de acção têm as melhores e mais realistas perseguições já feitas.
Por achar que está bem feito, bem interpretado e filmado, recomendo. Vale bem a pena o dinheiro do bilhete.
Já agora, os tipos não se cansam de aumentar as entradas para o cinema?
5.11.04
Anos '80 - 80 memórias
Fazia-se então a festa da 100ª lição, na escola, na sala de aulas, com direito a comida, refrigerantes e música. Era uma hora diferente.
Acumulavam-se bolos e doces, coca-cola e sumol e alguém levava um gira-discos, daqueles em forma de mala. Não se usavam rádios ou leitores de cassetes. Era um gira-discos no qual se punham LP's e singles, com Fisher-Z, UHF, Roling Stones, o "Chico Fininho", o "Patchouli" e o "Chamem a Polícia", e muitas, muitas vezes, aquela música cujo interprete não recordo, que se chamava "Enola Gay"
As raparigas ficavam de um lado, os rapazes de outro, e aqueles que fossem dançar juntos eram olhados com inveja, mas alvo de gozo repetido. A timidez imperava, e quer eles, quer elas, temiam que a pessoa errada os convidasse para dançar um "slow". Quando muito, nas músicas mais mexidas e conhecidas, saltava tudo para o meio da sala e pulava desenfreadamente dizendo que dançava.
Tinha piada.
Começava com antecedência o planeamento, vendo o que é que cada um levava. No dia, durante o intervalo, desviavam-se as mesas para os lados, instalava-se a comida e o gira-discos e durante uma hora fazia-se uma grande festa sob o olhar da "stôra" que apenas intervia em casos de manifesta necessidade deixando-nos descobrir os caminhos mágicos do convívio.
Ainda haverá festas destas? Duvido... não me parece que sejam aceites como o eram antigamente. Aliás, ainda chegarão os miúdos a ter 100 lições de matemática ou português num ano?
Nos anos oitenta, ou pelo menos ali mesmo no início da década, era assim.
4.11.04
Mais do mesmo
Agora não há dúvidas: os Americanos têm o presidente que merecem. Preferiram o acossado ao ponderado.
O problema é que a escolha do Presidente dos E.U.A. é igualmente uma escolha para o resto do mundo. Porque os tipos nunca se confinam às suas fronteiras.
Pelos vistos os americanos cederam ao medo. é a explicação que mais se ouve no mundo dos comentadores, e é aquela que se afigura mais lógica. Michael Moore falou desse "medo" no "Bowling for Columbine" e cada vez mais acredito que os "todo-poderosos" E.U.A. agem motivados pelo medo. E como qualquer animal selvagem, acossados, reagem da pior maneira, agredindo.
Vamos ter mais quatro anos do mesmo. Guerra. Especulação no mercado petrolífero, com altas desproporcionadas do preço do petróleo. Instabilidade acrescida no Médio Oriente. Terrorismo globalizado e sempre inesperado. Favorecimento de certos grupos económicos. Desrespeito pela Natureza, e continuação da agressão ecológica. Medo. Os americanos ficarão ainda com um déficit em crescendo, com o desemprego e pobreza alargados, com a falta de segurança, um Estado securitário... e o sentimento de serem os maiores... porque é isso que continuam a dizer os filmes e os media que consomem.
E nós não os podemos ignorar...
Palhaços.
2.11.04
Em dia de Eleições Norte-Americanas
Em dia de eleições nos EUA, um olhar sobre o último filme de Wim Wenders, "Land of Plenty" - Terra da Abundância, não poderia ser o mais adequado.
Há já muito tempo que o realizador nos habituou ao seu olhar pacífico e bem medido para as paisagens, as pessoas, os lugares, pelo que esteticamente este filme não foge à regra e é de uma beleza atroz.
E, com o manto da ficção sobre o reencontro entre sobrinha e tio, duas pessoas tão diferentes na forma como fazem a leitura do mundo que as rodeia, Wim Wenders entra na América actual, interior, pobre. A américa que Hollywood não mostra. Porque normalmente, nos filmes, até os pobres são "cool".
Em entrevista que li no "Y" de sexta-feira (n' O Publico), o realizador diz que vive nos EUA há oito anos e que detestaria que certas pessoas que agora estão próximas dos corredores do poder, com as suas ideias de extrema-direita, pudessem pôr em causa aquilo que o fez escolher aquele país. Creio que fez por isso, que deu o seu contributo, válido e eficaz, na luta por uma mudança. Na luta contra a ignorância.
Porque, nos EUA, cada vez menos pessoas sabem mais sobre a realidade. O resto, é intoxicação, propaganda, desconhecimento, ignorância, falta de interesse...
Os actores estão fabulosos na abordagem dos seus personagens. Uma jovem, filha de missionários, que regressa ao país ao fim de dez anos, vinda de Israel e Palestina, teno passado pela África profunda. Educada na tolerância, na caridade, na Fé.
Ele, ex-combatente da Guerra do Vietnam, com sequelas da guerra, e sempre alerta, despertado pelo 11 de Setembro, fazendo as vezes de vigilante para ajudar o país. Cada árabe é um inimigo. Cada pacote na rua uma bomba.
Juntos vão assumir os fantasmas que o 11 de Setembro despoletou em cada um. Medos diferentes. Assim como eles. Tão diferentes, e com tanto a aprender um com o outro.
Tudo pelo olhar de Wim Wenders. Ao seu melhor.
Imperdível, é como qualifico este filme.
29.10.04
Ministra da Educação?
"pruque"
"praí"
e
"a gente esperamos".
Bem sei que oralmente estamos mais susceptíveis de dizer burradas. Mas isso é em situações casuais, informais, de relaxe, com os amigos. Em exercício de funções temos que ter maiores cuidados. É que me parece muito mal que a Ministra da Educação fale assim...
Anos '80 - 80 memórias (15)
(Casal boss)
(Casal big boss)
Dentro das cinquentas a big boss era "muito mais mota" pois, ao contrário das aceleras, tinha duas mudanças. Primeira para baixo, segunda para cima.
Nunca tive nenhuma mota, mas amigos meus tiveram modelos destes. E aquilo era um espectáculo para andar por aí. Num tempo em que andávamos de bicicleta, alguém ter uma motoreta daquelas era um feito.
O Urso Polar, pelo seu tamanho, ficava um pouco ridículo em cima delas. Mas ainda apanhou umas boleias.
Depois apareceu a Honda Vision, talvez a primeira Scooter acelera que me lembro, os "aspiradores" como lhes chamávamos e de repente toda a gente queria uma daquelas. As Casal caíram em desuso e hoje pouco se vêem.
Mas tudo tem o seu tempo. Também as aceleras desapareceram. As novas regras que exigem carta de condução a sério para as conduzir levou a que rapidamente fossem substituídas pelas 125 cc.
MAis uma imagem que se perde no passado, mais concretamente pelos anos 80.
28.10.04
São Jorge
O contraditório
Por causa deste caso do Marcelo Rebelo de Sousa sair da TVI, há uma questão que me anda a azucrinar desde que a ouvi da boca de PSL e de outros membros do seu Governo. Para estes senhores, alguma coisa vai mal quando é permitido a MRS falar sem contraditório.
Sem contraditório.
Estando em causa as críticas ao Governo, depreendo que tais declarações visavam que se garantisse contraditório do Governo.
Ok, sentiram-se injustiçados e acharam que lhes deveria ser dada oportunidade para replicar a argumentação de MRS. Mas não creio que o "direito ao contraditório" seja exclusivo do Governo.
A questão é que este comentador não ocupava o seu tempo de antena exclusivamente a "deitar abaixo" o Governo. Falava de tudo, da política aos livros, do cinema à televisão, ao desporto, sei lá, tudo era tema de comentário.
Então, quando falasse do PS, teria que lá estar alguém deste partido para responder? E do PCP? Do BE? De George Bush? De Tony Blair? Do autor do livro, do programa de televisão ou o realizador de cinema? O dirigente desportivo ou o representante dos árbitros?
Se calhar bastava ter alguém "do contra". Um daqueles que se dizemos "preto" responde "branco", se dizemos "bem" ele diz "mal". Um pouco como o sketch dos Monty Python sobre o homem que paga por 5 minutos de contradição, e queixa-se por só ter negação...
Conclusão: o contraditório de opinião, em meios de comunicação social, apenas pode ser garantido pelo leque de comentadores escolhidos. Havendo uma variedade de tendências vamos ter opiniões diversas mas que, em certas matérias, até poderão ser totalmente condizentes.
O que entristece, é o Governo agarrar-se a esta conversa da falta de contraditório. É triste, porque só demonstra incompetência, irrealidade e imoralidade dos dirigentes
26.10.04
Anos '80 - 80 memórias (14)
(Bomba-H Yeso, 1962, 3.000 kt.)
Nasci, cresci e vivi a minha adolescência em tempos de Guerra Fria, aqueles tempos em que americanos e soviéticos se digladiavam por todo o planeta. Nada acontecia em que não se ponderasse que jogo de forças estava a decorrer entre águias e ursos.
Nessa altura era real a ameaça de aniquilação nuclear. Era uma ameaça sempre presente, que se sentia na literatura, no cinema, na televisão. Qualquer braço de ferro que se estabelecesse num remoto país do mundo poderia escalar até ao botão vermelho. Falava-se frequentemente em retaliação e aniquilação total, na utilização estratégica de armamento nuclear e em resposta em massa. Em alvos potenciais e em como as armas nucleares que USA e URSS tinham eram suficientes para destruir três vezes o planeta.
(Bomba Boltzman, 1957, 12 kt.)
Temíamos que um desatinado qualquer acendesse o rastilho do paiol. E se morrer era um pensamento desagradável, sonhar com a sobrevivência num inverno nuclear era uma miragem de sofrimento.
Só quando Gorbachev chegou ao poder e se iniciou a Perestroïka foi real o sentido de desanuviamento. Contudo, durante algum tempo viveu-se a expectativa sobre se ele conseguiria cumprir os seus objectivos. Creio que conseguiu.
Hoje o mundo é, sem dúvida, mais seguro. Porque, não obstante os conflitos regionais que se vivem, e a crescente ameaça terrorista, aliada à ainda existência de um arsenal nuclear capaz de destruir o planeta, as probabilidades desse arsenal ser despoletado de uma vez são mínimas.
A insegurança permanece, pois nunca saberemos quando vai explodir uma bomba e matar umas centenas ou milhares. Quando vai alastrar uma qualquer guerra e apanhar-nos pelo meio. Mas, para quem viveu sob a possibilidade de, de um momento para o outro, ver um clarão e enfrentar a morte de milhares de milhões de pessoas por todo o planeta, isso é um mal menor.
A guerra fria acabou. Contudo, penso muitas vezes se tal ameaça não servia de travão a muitos impulsos bélicos. Porque a coisa poderia sempre correr mal e... "game over". Lembram-se do filme Wargames "Jogos de guerra"?
(Bomba-H Oak, 1958, 8.900 kt.)
Todas as imagens retiradas daqui, onde podem ver muitas mais das explosões que abalaram o mundo.
22.10.04
É impressão minha ou a estultícia atacou em força?
Santana Lopes, ao seu melhor, alvitrou que se tem professores disponíveis no Ministério da Educação, e falta de Juízes no Ministério da Justiça, porque não nomear os primeiros assessores dos segundos.
Tamanho disparate em tão poucas palavras nem da boca dos Cebola Mol seria possível ouvir. Primeiro que tudo, e é grave que o PM diga esta barbaridade, os Juízes não estão no Ministério da Justiça. Não estão em ministério algum. Os Juízes são titulares de orgãos de soberania, os Tribunais, exercendo o poder judicial. Como tal, são independentes do poder executivo, do governo, no qual se incluem os diversos ministérios. Esta mistura de competências, e ignorância do relevo da soberania e do poder judicial não só é grave, como perigosa.
Mas, mais estúpido só mesmo pôr os professores a assessorar os Juízes. Não há dúvida que os Juízes precisam de uma mão que os ajude. Mas que seja uma mão hábil, que domine aquilo que é preciso fazer. Que faria um professor de matemática, fisíco-química, geografia, educação visual, inglês, português, filosofia, educação física, educação musical, sei lá, qualquer um deles, quando lhe pusessem um processo à frente? A maior parte dos finalistas de um qualquer curs de Direito nem saberia por onde começar, quanto mais um professor.
Isto só mostra que o PM desconhece em absoluto o trabalho dos Juízes, e as suas necessidades. Ou então que para ele um assessor será sempre e apenas alguém que vai buscar um café, levar a pasta até ao carro, que dá um pouco de conversa, trata dos assuntos pessoais... Se calhar é isso. Pois, isso um professor poderia fazer. Aliás, alguém com a escolaridade mínima poderia fazer. Mas garanto que disso não precisam os Juízes.
Pacheco Pereira é que esteve bem ao dizer para nem falarem muito deste disparate, não fosse alguém tomar a questão a sério, a peito, e pretender mesmo executá-la. Eu não resisti a falar nela pois sinto-me ofendido pelo PM que o país tem.
E mais razões há para a ofensa, a acreditar no Público de hoje. Então o Governo anda a ponderar novamente a barragem de Foz Côa ??? e a energia nuclear?????????
Depois do que aconteceu com o primeiro projecto, com os recuos e a classificação daquela arte rupestre vamos começar o carnaval de novo?
E energia nuclear? Então no resto da Europa programa-se desactivar centrais nucleares enquanto se investiga essa energia de forma a, um dia, poder usufruir dela de forma segura e limpa (actualmente ainda não é possível) e nós ponderamos montar uma central nuclear? Onde? Se no Governo PSD-PP ninguém teve coragem política para avançar com a co-inceneração, vão avançar com o nuclear?
Das duas, uma: ou temos em mão uma tecnologia revolucionária no campo (ehehehehe), ou então estamos ao nível da China, desesperados por energia e sem preocupações com os outros.
Se calhar é uma terceira: o Governo é estúpido e perde tempo a discutir o impossível só porque é mais giro, mais noticiável, que discutir, por exemplo, o incremento da energia eólica, solar, geotérmica ou das marés.
No CEJ (Centro de Estudos Judiciários), a escola de Juízes e Procuradores, foi nomeada uma Professora de Direito para a Direcção. Os formadores Juízes espalhados pelo país estão a demitir-se dessas funções, numa mostra de desagrado. Do MP nada se ouve. A situação é mais grave do que possa parecer.
Durante anos se disse que os Juízes são demasiado teóricos, que o CEJ é o prolongamento da Faculdade, que falta prática, experiência aos novos Juízes. Que falta mais humanidade e menos livros. Então, em que é que uma teórica, alguém cuja formação legal é no campo da discussão e estudo do Direito, vai contribuir para melhorar o CEJ?
Se a nova Directora, a Dra. Anabela Rodrigues é, sem dúvida, um contributo muito positivo para as comissões legislativas, das quais tem vindo a fazer parte, por ser uma estudiosa da lei e poder contribuir para a melhorar, já não consigo ver qual o benefício para a formação de magistrados.
O que queria ver era desempoeirar o CEJ. Retirar-lhe o peso escolar que ainda tem e dar-lhe uma abertura de horizontes para o exercício da profissão, do cargo. Aproximá-lo das faculdades é um erro. O modelo tem que ser substancialmente diferente, e só quem conhece o exercício da profissão o poderá fazer.
Mas compreendo a decisão política. Sabendo nós que ao nível das cúpulas existe uma constante e negativa fricção entre Judicatura e Ministério Público, e que ambas quereriam um representante seu naquele cargo de direcção, optou o Governo pelo caminho Solomónico: nem para um nem para outro, vai para a professora.
Numa altura em que poucos magistrados estão dispostos a dar formação nos tribunais, porque é um grande encargo, sem contrapartidas, para além do facto de que não basta ser bom no exercício das funções para ser bom formador (ah pois, é preciso ter qualidades pedagógicas), quero ver quem irá dar formação nos próximos tempos.
Já agora, qual é a necessidade de vir desmentir uma notícia sobre uma sesta? Primeiro, é grave que a sesta seja motivo de notícia. Mas gravíssimo é dar-lhe a importância suficiente para a vir desmentir. Que raios... Churchil dormia a sesta. E depois?, desde que se esteja acordado quando é preciso decidir, e que se decida bem... Ah, se calhar é isso... dormir e só fazer merda fica muito mal... é melhor defender que se está sempre acordado, sempre alerta, e que o resto não importa.
Ouvi outras loucuras. Mas já escrevi tanto sobre apenas quatro, as que mais me arrepiaram, que fico por aqui.
Bom fim-de-semana e não enlouqueçam, por favor.
21.10.04
Anos '80 - 80 memórias
Recordam-se das tardes de semana, na RTP 2? A dada altura começaram a retransmitir emissões do Europa TV. Já não sei o que era aquilo. Se um embrião do Euronews, se um canal de retalhos de diversas televisões de diversos países.
À semelhança dos diversos canais que hoje temos na TV Cabo, no Europa TV os programas repetiam-se sistematicamente. Recordo com prazer um que mostrava a construção de um Ferrari Testarossa.
Mas pouco mais me lembro do Europa TV. A não ser que tinha um programa de música, que passava telediscos, e que era apresentado por um tipo loiro, o Adam Curry (ou Adão Caril como costumávamos brincar). Mais tarde foi substituído por um moreno de nome Nico (!?).
O projecto durou pouco tempo, mas como embrião dos anos oitenta, acho que foi emblemático e terá estado nas raízes do que é hoje o panorama dos canais temáticos do Cabo.
18.10.04
Anos '80 - 80 memórias
Já aqui falei do Spectrum, e de como o mesmo foi a porta para os jogos de vídeo/computador, nas nossas casas. Porque já antes do Spectrum tínhamos os salões de jogos.
Durante os anos 80 ir ao salão de jogos era a única forma de ter um jogo aliciante, realista (dizíamos nós então), com uma velocidade, música e cor insuperável em casa. Mesmo quem tinha o Spectrum não abdicava das máquinas. Até porque, muitas das vezes, o computador da Timex estava ligado a uma velha e pequena televisão a preto e branco.
O primeiro jogo que alguma vez joguei numa máquina é apenas uma memória difusa. Teria no máximo dez anos e encontrei-o no Sargo Bar, um café na praia da Parede. Custava 5 escudos o jogo (com uma daquelas moedas da caravela). Basicamente o jogador era um cangurú com luvas de boxe que despachava murros em macacos e desviava-se das maçãs que os macacos lhe lançavam, saltando de plataforma em plataforma até uma jaula onde um cangurú pequeno esperava ajuda.
Deixei de comer alguns gelados para poder saltar e dar murros virtuais.
Mais tarde, com o snooker e os matraquilhos, vieram as outras máquinas. Aquelas que me levaram algum dinheiro contam-se pelos dedos: Out Run (o Ferrari descapotável que era guiado muito depressa); Tetris (que doença); Double Dragon (porrada neles, com facas bastões, garrafas e que no início jogava a dois mas, depois, porque acabávamos o jogo com facilidade, passámos a jogar a solo); e o Golden Axe (outra versão de porrada neles).
Jogos de futebol, muito concorridos, nunca foram o meu forte. Jogos de aviões ou naves que iam por ali fora sempre a disparar e que tinham de apanhar bónus e mais armas e combustível, também não eram muito aliciantes. Já não vivi os tempos do Space Invaders, mas o Pac Man ainda me deu umas dores de cabeça. Porrada. Nisso é que eu gostava de jogar.
Depois, com o passar dos tempos, os jogos tornaram-se muito mais caros e difíceis (ou eu mais lento e agarrado ao dinheiro) e perderam o interesse. As máquinas de jogos parecem cada vez mais simuladores, com efeitos especiais e preço a condizer.Quem tenha hoje uma consola em casa tem jogos incríveis que pode jogar vezes sem conta sem se preocupar com a moedinha para o jogo seguinte. Porém, a verdade é que já não pode dar o pontapé ou o murro na máquina que volta e meia saía e podia levar ao "convite" para abandonar o salão de jogos.
Hoje em dia, moedas só mesmo para os parquímetros... e esses nem dão bónus, vidas extra ou prazer algum...
Ficam na memória as velhinhas máquinas com jogos de arcada.
15.10.04
Worried Life Blues
Há dias que carregam uma carga negativa que temos que, esforçadamente, afastar. Hoje, estou em crer, é um deles. Começou com uma saída descuidada da garagem e de uns riscos no carro, perfeitamente escusados, estúpidos. É o preço de sexta-feira. A semana vai longa, ando cansado porque durmo cerca de 5 horas por noite, e custa-me encontrar o lado positivo daquilo que me rodeia. Possivelmente, porque apenas me chegam ecos de coisas tristes...
Por aqui, pelo trabalho, é a rotina que se instala. Por mais que produza, aparece sempre mais que fazer. Pilhas de papel reproduzem-se como hamsters e todas carecem de atenção.
As pessoas com quem me cruzo e consigo escutar a conversa ocupam-se dos dois temas mais importantes do momento: o Benfica-Porto e o José Castelo Branco. Tudo o resto é ruído. Tudo o resto adensa as escuras nuvens que o Outono tem trazido nos últimos dias. Olho pela janela e vejo-as, compactas, plúmbeas ameaçando desaguar a todo o momento.
Olho pela outra janela, aquela onde agora corre este texto, e vejo nuvens ainda mais negras.
Estou, certamente, a passar por momentos de falta de optimismo, mas não consigo encontrá-lo quando as notícias veículam a desgraça dos governantes que temos, quer por cá, quer pelo resto do mundo.
Quando veículam o esmagador peso da economia nas nossas vidas e dizem que, porque especuladores começaram a ganhar dinheiro sem fim ao apelarem à ameaça que há mais de trinta anos está identificada (a finitude das reservas de combustíveis fósseis), a nossa vida é prejudicada diariamente com um brutal aumento dos combustíveis e tudo o que deles depende. Ou seja, tudo.
Quando o Estado Português já não consegue cumprir com as suas obrigações sociais e elementares, como se viu este ano com o início do ano escolar, mas os seus governantes apregoam obra feita. Como pode Santana Lopes alegar que "fez certas coisas" e dar como exemplo o "pacto da Justiça"? O que é isto? Quais as vantagens deste Pacto? Desconheço, e, na prática, nada vejo. Continuam a julgar-se hoje questões que vêm desde 1992 (?!) que no final darão sentenças muito bonitas para emoldurar. Porém, para o PM, está qase tudo garantido com tal pacto. Já agora: quem é que foi mesmo que pactuou? Quando o PM, Palhaço Mor fala de tudo e não diz nada, papagueia informação que não informa e demagogicamente pretende ser o governante exmplar.
Quando os portugueses estão convictos que a pobreza vai aumentar, e se vêem em dificuldades pois, quando as coisas estavam boas, ou alegadamente boas, desataram a endividar-se a a gastar tudo quanto tinham e não tinham.
Quando os ricos estão cada vez mais ricos e ostensivos. E não lhes vemos qualquer mais-valia para a sociedade que justifique tais ganhos. Não trabalham, não produzem, ... orientam-se. À custas dos outros, pois que a riqueza não produtiva vem sempre de uma transferência, com o prejuízo do próximo.
Quando às 07h30m a A5 está atafulhada de carros de pessoas que vão trabalhar e pagam € 0,45 para circularem numa auto-estrada a 80 km/h, sempre temendo que o tipo do lado ou de trás lhe bata e o deixe inválido ou a cargo com um prejuízo incontável, porque as seguradoras "estão em crise" e, apesar de cobrarem rios de dinheiro, não pagam o que devem sempre na esperança de vencer pelo cansaço e poupar alguns euros.
Quando oiço anúncios na rádio apelando ao recurso ao crédito pelos pais para preparar o início do ano escolar. Endividem-se se querem dar aos vossos filhos uma educação, ou seja, um direito fundamental garantido pela Constituição.
Quando Israel constrói um muro, depois de na Europa, no Mundo, se ter lutado durante 4 décadas para destruir um outro muro, o da vergonha.
Quando a guerra mina e corrói o planeta, tira vidas e, no final, está sempre motivada pela ganância de alguém, seja por dinheiro seja pelo poder que certamente pretende usar de forma egoísta.
Quando se constrói destruindo o ambiente, a cidade, a qualqidade de vida que deveríamos almejar e depois, ainda por cima, a construção é do piorio e cedo começa a ceder, a rachar, a partir a infiltrar.
Lamento, mas hoje o dia é negro. E vou ter que lutar hora após hora, minuto após minuto, para encontrar qualquer coisa de positivo que o justifique. Porque tudo o que tem essa virtude encontra-se coberto por um manto de corrupção, de poluição, de opressão, e precisa de esforço para ser visto e sentido.
Deixem estar... é 6ª-feira e tudo melhorará com horas e horas de sono prometidas para amanhã. Hoje à noite, jantar com amigos também será um bom começo.
(nota: as fotografias foram sacadas aleatoriamente da net, não são do Urso Polar)
13.10.04
A praga dos "quatro piscas"
Só desde 15 de Setembro comecei a circular diariamente em Lisboa e já estou pelos cabelos com a praga dos "quatro piscas". Especialmente desde que começaram as aulas, pois então começaram a ser mais frequentes.
É algo que se encontra por todo o lado, mas junto às escolas parecem cogumelos. Quando chega a hora de recolher os putos, toca de parar o veículo na faixa de rodagem, ligar os "quatro piscas" e vale tudo. A avenida, que até ali tinha duas vias na faixa de rodagem passa a ter uma. Quem vem atrás tem que mudar de via, o trânsito concentra-se, espreguiça-se pelas artérias e, num fósforo, está entupido por todo o lado.
Lá na frente, junto à escola, outro pai carinhoso estaciona em segunda fila, com os "quatro piscas" à frente do primeiro prevaricador. Sai um, mas outro fica. E outro, e outro, e outro. Quem quer passar desespera. E os papás, quando regressam ao carro, querem logo entrar na fila para ir à vida, ficando impacientes se os outros condutores, irritados com a demora, não lhes cedem a entrada na única fila de trânsito que os "quatro piscas" permitiram.
É impressionante a falta de respeito. Avenidas com três, três!, faixas de rodagem são reduzidas a uma !!, porque há "quatro-piscas" à esquerda e à direita.
Há ruas, com um sentido apenas, e espaço para uma só faixa, que são entupidas por alguém que parou para "ir só ali". O "só ali" daquele palhaço pode custar um compromisso a quem vem atrás. Mas para eles é perfeitamente natural. Porque ligaram os "quatro piscas".
Quando tanto se multa e bloqueia por não ser pago o bilhete do parquímetro, ou por se deixar o carro em cima do passeio (o que é positivo, para educar o condutor e punir o prevaricador), é incrível como não vejo nenhum gajo em segunda fila, e com os "quatro piscas" ser multado. Aliás, já me apercebi de gente a estacionar assim, dizendo ao polícia que está por perto que não demora nada, pois vai "só ali", e o polícia acede com um "despache-se". Se na altura não há problema porque não vêm outros veículos, por vezes, em dois, três minutos, está gerada a confusão.
Moral da história: carro estacionado em segunda fila, era imediatamente "abatido". Um tiro através do capot em direcção ao motor, fazendo com que já não saísse dali senão no reboque que de imediato era chamado. Porque caso contrário, ao chegar o reboque, já o tipo conseguiu escapulir-se.
Assim, quando o pessoal ficasse sem o animal rodoviário, rapidamente aprendia a cumprir as regras e a respeitar o próximo.
(O.K., admito que um tiro é coisa muito forte... Eh pá, mas façam qualquer coisa!)
12.10.04
Anos '80 - 80 memórias (11)
Nos anos 80 o leite vigor vendia-se em garrafas de vidro. Aquelas garrafinhas de 1/4 de litro que se vendem nos cafés, e que hoje são de plástico, eram então de vidro. E a irmã mais velha, de um litro, era de vidro, naturalmente.
Os iogurtes, vinham todos em copos de vidro. Também não havia muitas marcas ou sabores. E, ao contrário dos nossos dias, não eram para deitar fora. Devolviam-se quando se ia buscar mais, assim como as garrafas de vinho e cerveja que ainda hoje pagam depósito.
Os garrafões de água do Luso e do Cruzeiro (não me recordo de outras marcas) eram de vidro, com um revestimento de plástico que tinha a pega.
E nos anos oitenta tudo isso mudou. Apareceram as embalagens tetra-pack e tetra-brick e ainda as embalagens da treta. Começaram pelos pacotes pequenos do leite, daquele leite uht, simples ou com chocolate e rapidamente se lançaram para o litro, e para o leite do dia. Os iogurtes passaram às nossas conhecidas embalagens de plástico. Os garrafões de água viraram plástico.
Recordo que foi a água do Luso a primeira a ter um garrafão de plástico, azulado, redondo, e de ver na loja o merceeiro a atirar o garrafão ao chão, o qual saltou e rebolou de um lado para o outro, para mostrar a uma senhora de idade que aquilo era seguro, que não se partia, que até era melhor que os de vidro. E lembro-me dela dizer que preferia levar um dos antigos.
Não foi nada calma a revolução. De um momento para o outro desapareceram as embalagens de vidro. Desapareceram mesmo.
Uns anos depois reapareceram os iogurtes em copos de vidro. Para deitar fora. O leite Vigor foi mudando de embalagem, mas nunca regressou ao vidro. Recriou o "quarto de Vigor" mas em plástico, livrando-se de uns feios e reduzidos pacotes que durante anos ainda estiveram pelos cafés. As águas, de mil e uma marcas, apenas mantiveram o vidro em garrafas de mesa para restauração.
Aumentou o lixo. Apesar de tudo, creio que aumentou a higiene.
Viva o descartável.
Viva o "compra-usa-e-deita-fora".
Monstros?
Foi o primeiro filme de M. Night Shyamalan que vi no cinema. O "Sexto Sentido" fez fruor quando foi lançado, mas não me atraíu. Acabei por vê-lo em casa, alugando-o, já "Inquebrável", o segundo filme tinha saído das salas. Fui dos que foi surprendido pelo final do filme, e fiquei curioso pela técnica do realizador, que me levou a, rapidamente, ver a sua obra seguinte. Sem surpresa, gostei da história pela fantasia que tem e por o realizador/autor não cair no facilitismo do gore, da violência ou do susto fácil. Porém, nem por isso vi o "Sinais".
Fui ver "A Vila" sem grande entusiasmo, admito-o. E, desta vez, não obstante o desejo de ser surpreendente, consegui "adivinhar" o filme à medida que este ia avançando. Exactamente por já ter uma noção daquilo que o realizador pretende ter, e pretende evitar. Mas, nem por isso o filme perde qualidade.
M. Night Shyamalan tem uma sensibilidade incrível para filmar o terror nas pessoas. A dúvida, a inquietude, a paixão, a força, a fé... Os actores cumprem com rigor e ele cria uma atmosfera brilhante, esteticamente irrepreensível e com uma fotografia encantadora.
"A Vila" é um filme a ver, seguramente. Não será uma obra de profunda revelação, mas é seguramente uma forma de paz, no terror.
Até sei... mas não me apetece ser mal-educado assim, na escrita.
Palhaço!
11.10.04
Aniversário
Completou-se ontem um ano do início de tal aventura. Hoje, à hora que escrevo este post, o 143º, tenho registadas 1724 visitas. É um número falacioso. Primeiro, porque não tinha o Sitemeter no início. Depois, porque programei-o para ignorar o meu IP e assim não registar as minhas visitas, o que implicou que todos os meus colegas de trabalho que visitaram, e visitam, o blog não foram contados, pois acedem à net a partir da mesma rede, logo do mesmo IP. Mas não é para contar visitas que o Urso Polar escreve.
É com grande satisfação que verifico que há um núcleo duro de leitores que se habituou a ler o que vou escrevendo. É um incentivo para continuar, saber que não é para o vazio que escrevo. É igualmente curioso ver os fusos horários de quem acede, e reparar que há leitores por todo o mundo que aparecem nestas páginas. Este é um fenómeno que não cessa de me espantar.
Por isso, vou continuar a escrever uns disparates gelados.
Como estes:
Foi um exemplo de luta e persistência para quem se vê nas andanças terríveis da imobilidade, da tetraplegia e afins.
Nove anos depois de cair do cavalo, desce da cadeira de rodas, e volta a voar.
Palhaços.
Devem ter feito rir a Europa do futebol. Especialmente com o lindo frango, desculpem, perú que o Ricardo deu.
Já agora, dos quatro golos marcados, Portugal só enfiou o primeiro. Por sorte eles marcaram um auto-golo.